A humanidade foi criada em meio a forças provisórias, buscando possíveis maneiras de construir ambiente favorável a seus anseios de eterno. Sempre haverá pela frente um início, um meio e um fim. E tudo leva a um novo construir e a um reiniciar rumo ao eterno.
Enquanto caminha, descobre sempre novas possibilidades tanto para si quanto para a história que vai acrescentando valores às suas conquistas. Essa história vai se concretizando na medida em que cada qual aceitar doar um pouco do que seja seu e contribua na perfeição de todos os sonhos dessa mesma humanidade.
Mesmo com o avanço progressivo da ciência, sempre permanecerão interrogações buscando respostas e explicações que satisfaçam tantas inquietudes e tantas dúvidas. Querendo desvendar certos mistérios. Entre eles buscam saber para onde caminharia essa humanidade. Caminhará para um possível fim ou a um eterno recomeço?
Analisando os últimos capítulos do Evangelho de São João (Jo. 18:33-37), certas sentenças proferidas pelo Mestre dos mestres exigem atitudes de grande confiança e profunda fé. Dando atenção ao Rei Herodes como representante das dúvidas do povo que se sentia incomodado pela presença do Mestre, ele profere uma pergunta ousada: “Então, tu és rei?”. Prontamente respondeu “sim” decidido a qualquer consequência.
Contudo, advertiu que era Rei, não como os reis do mundo. Era e é um Rei diferente. Assumiu o título de tantos que, ou por herança ou por proclamação do povo, constituiria um tipo de governar. E tal personagem levava consigo muitos troféus, muito ouro e muitos escravos.
Esses reis eram respeitados por seus súditos e temidos por seus inimigos. Criavam invejas pelas perdas e pelos sonhos de novas conquistas. Nada satisfazia. A busca de novas conquistas estava no sangue desses reinados. Buscavam sempre mais e mais terras e riquezas. A inveja gerava novas guerras. E as guerras geravam novos inimigos.
O Mestre, mais do que ninguém, conhecia em profundidade essa realidade. Sabia e conhecia o seu sofrimento. Por isso, não permitiu que observassem a composição do seu reinado como os demais. Sua declaração revelaria que o seu Reino não se igualaria com os demais. Os reinos comuns tinham seus exércitos defendendo seus patrimônios, suas armas para combater os seus inimigos.
Os reinos desse mundo são governados pela ganância do poder e do permanente enriquecimento, não importando com a guerra, com as injustiças, com as violências que forem necessárias, com a finalidade de domínio. Felicidade dependerá do tanto de bens e posses a conquistar.
O Reino que o Mestre vem anunciar não tem nada disso. O reino do mundo luta pelo ter, enquanto o reino de Deus luta para ser. O mundo quer ter sempre mais, e Deus quer ser sempre mais. Com o querer mais, o ser humano se escraviza mais aos bens materiais. Já os irmãos do Reino dos céus se fazem mais solidários partilhando tudo entre si.