Colunistas

CLÁUDIO HUMBERTO

"Não recebi qualquer determinação nesse sentido"

Marcos Sampaio Olsen, comandante da Marinha, nega ter recebido ordem "pró-golpe"

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Marina reclama de dobradinha Lula e Alcolumbre

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, é só reclamação com a falta de empenho do governo Lula na pauta ambiental. Mais do que isso, vê atuação combinada com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, no que chama pelos corredores da repartição de “retrocessos na agenda ecológica”. Dentro da pasta, as críticas mais duras são contra Rui Costa (Casa Civil), que vê o atual modelo de licenciamento ambiental como ferramenta burocrática atrasada, que trava as obras do Novo PAC.

 

Lenga-lenga

Marina se queixa de que não tem suporte de Lula em questões caras ao ministério, como a exploração do petróleo na Margem Equatorial.

 

Com a barriga

Outra reclamação recorrente é sobre a tal autoridade climática, que Marina quer ter ingerência, mas Lula não tira do papel.

 

Vai ficando

Assessores de Marina garantem que deixar o posto ainda não está no horizonte da ministra, ao menos até a COP30, sediada em Belém (PA).

 

Mala e cuia

Após a COP30 e com o período de desincompatibilização para eleição, Marina não deve continuar no cargo por muito mais tempo.

 

CPMI do INSS empurrada para depois do recesso

A criação da CPI mista para investigar o roubo bilionário a milhões de aposentados do INSS foi empurrada para o segundo semestre no Congresso. Sem pressa, como o governo Lula (PT) quer, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, diz que a proposta será “lida” em 17 de junho, em sessão conjunta de Câmara e Senado antes do recesso. A partir de então, estarão abertas as indicações de representantes de partidos e blocos das duas Casas, que não tem prazo para acabar.

 

2026 e olhe lá

Com a CPI iniciando apenas em agosto, na melhor das hipóteses a conclusão da investigação ficará para dezembro.

 

Depende de vontade

A distribuição de cargos na CPMI é feita por acordo entre deputados e senadores, além dos blocos e partidos de cada Casa. Não há regra.

 

Aparelhamento

Principal suspeito, o governo Lula quer elaborar o relatório final da CPMI. Pela tradição, a relatoria caberia ao PL, autor do pedido.

 

Confiança arruinada

Sem nada entender de economia, como já confessou, Fernando Haddad ignora a advertência do megainvestidor Warren Buffet: “levamos anos para construir confiança e segundos para arruiná-la”. É o caso.

 

Esforço seletivo

Líder do governo Lula na Câmara, José Guimarães (PT-CE) diz que haverá votações no plenário da Casa “de segunda a quinta” esta semana. Mas sessão presencial, como sempre, apenas terça e quarta.

 

Mapa da impunidade

No PSD do Senado, lulistas como o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (MG) são considerados para a presidência da CPMI do INSS. Veneziano Vital do Rêgo (PB) e Marcelo Castro (PI) também querem.

 

Mandou bem

O banco BTG contratou um dos quadros mais qualificados de Brasília, Bruno Bianco, como sênior manager relationship. Bianco foi ministro-chefe da Advocacia Geral da União (AGU) no governo Jair Bolsonaro.

 

Pré-pária

A lei Magnitsky, na qual ministros do STF poderiam ser enquadrados pelo governo americano, prevê congelamento de bens no país, proibição de participar no sistema financeiro, incluindo cartões de crédito (até no Brasil) e proibição de entrada nos EUA, claro.

 

Mãos e pés

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), disse esta semana, no Planalto, que está “de mãos dadas com a Câmara dos Deputados”, onde a anistia ainda não tem perspectiva de ser votada.

 

Nem no PT

Apenas 12 senadores nunca votaram contra o governo Lula (PT), desde a posse, em 2023, nas votações com orientação, segundo o Placar do Congresso. E apenas sete deles são do PT (que tem nove senadores).

 

Peso de ouro

A Casa Civil vai ter que explicar à Câmara estranhíssima compra de galões de água para a COP30. O problema da compra é o preço, registrado com valor 600% acima do praticado pelo mercado.

 

Pensando bem...

...e o julgamento em si ainda nem começou.

 

PODER SEM PUDOR

Despesa cabeluda

No final de 1996, o deputado Álvaro Valle (RJ), presidente do PL, foi procurado pelo presidente da Câmara, Luiz Eduardo Magalhães, com o processo em que o deputado Wellington Fagundes (PL-MT) pedia ressarcimento de despesas com operação de hemorroidas nos EUA, no valor de US$ 40 mil. “Ele se operou? Eu não sabia...”, espantou-se Valle. Sujeito sério, Álvaro Valle foi investigar. Descobriu que Fagundes fizera implante de cabelos, mas como a Câmara não restitui dinheiro gasto com esse tipo de tratamento, teria surgido a história das hemorroidas.

Editorial

Cabo de guerra pela saúde pública

É lamentável constatar que, do alto da burocracia, muitos gestores parecem enxergar o cidadão que aguarda por atendimento apenas como um número

19/06/2025 07h45

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A disputa pelo controle da regulação de vagas hospitalares entre a Prefeitura de Campo Grande e o governo do Estado de Mato Grosso do Sul ganhou mais um capítulo. O leitor terá mais detalhes deste embate institucional nas páginas seguintes, mas o que já é possível afirmar com clareza é que o que está em jogo vai muito além de questões técnicas ou logísticas. Trata-se, na essência, de uma disputa por poder e dinheiro.

No universo da gestão pública, controlar a regulação de leitos significa, na prática, decidir quem será internado, quando e onde. Para os gestores, é uma posição de força, pois representa ter influência sobre os fluxos de atendimento e sobre os recursos que envolvem cada internação. A cada paciente encaminhado, há cifras em jogo, contratos em execução e, claro, visibilidade política.

Enquanto os órgãos públicos trocam acusações e disputam atribuições, o que sobra para a população é o ônus dessa ineficiência. Para quem está na ponta aguardando uma cirurgia ou uma vaga em UTI, a discussão entre prefeitura e Estado não passa de mais um motivo para o sofrimento se alongar. São famílias inteiras presas a uma fila que, muitas vezes, não anda – e, quando anda, é por força de indicações políticas pontuais.

É lamentável constatar que, do alto da burocracia, muitos gestores parecem enxergar o cidadão que aguarda por atendimento apenas como um número. As pessoas que estão sofrendo nas filas públicas de saúde não são vistas como pacientes em situação de vulnerabilidade, mas como estatísticas. Ou pior: como potenciais votos nas próximas eleições.

Aliás, esse é outro problema crônico dessa disputa: o uso político da regulação de vagas. Não é raro ver vereadores, deputados e até assessores de parlamentares comemorando a conquista de um leito como se fosse um favor pessoal. Para as famílias beneficiadas, é claro, fica a sensação de gratidão. Mas é importante lembrar: garantir vaga para quem precisa é uma obrigação do poder público, e não um presente concedido por benevolência política.

A saúde pública é uma das áreas que mais consome recursos do orçamento estadual e municipal. Talvez por isso haja tanto interesse em controlar suas engrenagens. Infelizmente, nem sempre esse interesse vem acompanhado de compromisso com a eficiência, a equidade ou a sensibilidade social que a situação exige.
É preciso que os gestores públicos, de todas as esferas, tenham a coragem de colocar a população acima das disputas políticas. A saúde não pode continuar sendo palco para estratégias eleitorais nem moeda de troca em negociações de bastidores. Enquanto essa realidade não mudar, o preço continuará sendo pago, todos os dias, por quem mais precisa do serviço público: o povo.

artigos

A arte faz política

19/06/2025 07h30

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O escritor austríaco Hugo von Hofmannsthal dizia que nada aparece na política de um país sem ter antes aparecido na sua literatura. Não é que a literatura crie a realidade política, é que a linguagem poética, na medida em que seja uma síntese artística do real, torna comunicável experiências humanas que, antes, passavam despercebidas para o conjunto da sociedade. E a política só pode operar em cima dessas experiências que fazem parte do imaginário comum. Ou, de outro modo: é preciso primeiro que as pessoas sejam capazes de imaginar e verbalizar os problemas para só então se engajarem em solucioná-los.

Euclides da Cunha escreveu “Os Sertões” para nos dar a conhecer nossos irmãos sertanejos, aqueles fortes embrutecidos pela aridez do ambiente e a ambição dos senhores. Depois dele, pintaram também a vida nesses rincões a Rachel de Queiroz, o Graciliano Ramos, o José Lins do Rêgo e outros.

De posse dessa galeria de imagens, fica-nos impossível ignorar os dramas e agruras daquele povo – dos que retiram e dos que ficam.
O abolicionismo, por exemplo. A causa ganhou vulto, sim, por causa da prosa inflamada de um José do Patrocínio, ou da temperada de um Joaquim Nabuco, mas principalmente pela poesia inescapável de um Castro Alves.

Daí que também por vias literárias é que se deva registrar e divulgar o fracasso sistemático da organização social brasileira no pós-abolição. Foi isso o que fez, por exemplo, Carolina Maria de Jesus. Preta, favelada e semianalfabeta, ela revelou, com sua arte, as condições de miséria – física e moral – em que viviam os descendentes dos alforriados nas periferias da maior cidade do País. Aliás, Audálio Dantas, jornalista que descobriu a escritora e fez a edição dos seus diários, dando-lhes forma de livro (“Quarto de Despejo”), conta que a publicação da obra, um absoluto sucesso de vendas, suscitou debates entre políticos e técnicos e levou à formação de iniciativas como o Movimento Universitário de Desfavelamento (MUD). Como dizia Hofmannsthal: dos livros para a política.

No caso das favelas brasileiras, ainda há muito que se falar. Tivemos nas últimas décadas registros artísticos importantes, como os filmes “Cidade de Deus” e “Tropa de Elite” e os álbuns dos Racionais MC’s. Mas ainda carece, esse tema, de boa literatura. E literatura que não seja exatamente de protesto. Porque a linguagem poética é menos eficaz quando transmutada em deslavada retórica política. Não que a retórica política não tenha o seu lugar – citamos Patrocínio e Nabuco–, é só uma questão de hierarquia.

Daí que a literatura social, que se objetive a falar da vida difícil daqueles que vivem nas periferias, deva ser não uma central de denúncias – como não raro se faz –, mas um mosaico sincero e realista, com cenas, sim, de violência, de abandono e de miséria, mas também de ternura, de heroísmo, de sabedoria e de esperança.

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