Colunistas

CLÁUDIO HUMBERTO

"O paciente está na UTI"

Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, sobre a situação fiscal do Brasil

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Estatais patrocinam evento-palanque para Lula

Tecnicamente quebrado, com rombo de R$500 milhões só em janeiro, como revelou esta coluna, os Correios desperdiçaram R$1,3 milhão para patrocinar um evento que nada tem com sua atividade, o “Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas”, que ocorre esta semana em Brasília. Mas não foi a única estatal a bancar um comício fora de época para o petista. Também Banco do Brasil, Caixa, Serpro e Petrobras foram obrigadas a bancar o evento promovido por entidade presidida por prefeito petista.

É dinheiro público

Os Correios estão sangrando. Sob a presidência do advogado Fabiano Silva dos Santos, o prejuízo chegou a R$3,2 bilhões em 2024.

Pau no trabalhador

O desperdício irritou funcionários dos Correios, muitos com salários atrasados ou com 13º confiscado para bancar dívidas do fundo Postalis.

Grana na gringa

Requerimento na Câmara cobra critérios para patrocínios como os R$600 mil jogados fora na Feira do Livro de Bogotá, Colômbia.

Rasga dinheiro

As demais estatais que bancam o evento-palanque, como a Petrobras, ainda não revelaram quanto torraram para patrocinar o evento.

Hugo Motta anima os defensores da anistia

Ao negar que tenha havido “golpe” ou “tentativa de golpe” na arruaça de 8 de Janeiro de 2023, o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Rep-PB), levou alivio e muito otimismo à oposição, que recebeu como “grande sinalização” positiva sobre o projeto da anistia aos presos políticos condenados a penas consideradas desproporcionais e até cruéis. No PL, a percepção é de que Motta não criará dificuldades para a tramitação do projeto de anistia, melhorando a expectativa de aprovação.

Marca do pênalti

Quatro projetos de lei de anistia aos presos do 8 de janeiro protocolados na Câmara já estão prontos para serem votados.

Motivo claro

Também a declaração do ministro José Múcio (Defesa), reconhecendo que há inocentes entre os condenados, retemperou o ânimo das famílias.

Crime impossível

“É um crime impossível”, argumenta o deputado Rodrigo Valadares (União-SE), relator do projeto da anistia.

Estava escrito

A primeira-dama Janja é certamente a primeira-dama dos últimos tempos que, ao contrário de ajudar a construir uma imagem positiva acaba por prejudicar o maridão presidente. A pesquisa nacional AtlasIntel foi um tiro de bazuca no ânimo dos petistas: 58% dos brasileiros a rejeitam.

Sem factoide

Tarcísio de Freitas (Rep-SP) foi a Lula destravar a licitação do túnel Santos-Guarujá. A imprensa amiga criou versões como “aproximação”. Nada mais falso. O encontro foi cordial, mas sem salamaleques.

Laíza emocionou

Provocou grande comoção mundo afora o vídeo de uma garota, Laíza, fazendo apelo emocionado ao juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que investiga denúncias de abusos de poder do STF. É filha de Clezão, comerciante gente boa de Ceilândia (DF) morto na Papuda. 

Incompreensível

Laíza Cunha contou que o pai, inocente, foi mantido preso pelo ministro Alexandre de Moraes apesar de ser doente, como atestavam relatórios médicos, e com parecer favorável da PGR à sua soltura.

Roubo inexplicado

Passados quatro meses do afano, ninguém sabe que fim levou o assalto ao carro do GSI de Lula no ABC. Sumiu colete à prova de balas, celulares, tablet, crachás funcionais... e ninguém explica nada.

Falando às paredes

Foi um fiasco o evento de 1º aniversário de uma lorota chamada “Nova Indústria Brasil, com Lula no Planalto. Cansados de embromation, ao menos um terço dos convidados deu uma banana ao presidente.

Declínio vertiginoso

Viralizou a trend “Efeito Lula”. Tinha de tudo; gastança do petista com a Janja, disparada da inflação, piora no ranking de percepção da corrupção etc. Com isso, atesta pesquisa AtlasIntel, Lula nunca foi tão mal avaliado. 

Foram os fascistas

E o cotovelo enfaixado de Lula, hein? Oficialmente é um “arranhão” de unha. Mas, à falta de versão aceitável, logo teremos alguém divulgando que a culpa, de novo, é do banquinho e do cortador de unhas fascistas. 

Pensando bem…

…acabar com guerras rendia Nobel da Paz.

PODER SEM PUDOR

Político sob pressão

Indicado governador de Minas em 1977, Francelino Pereira foi muito assediado para nomear correligionários. D. Bilica era das mais insistentes. Ele prometeu atender, mas nada. O tempo foi passando e meses depois encontrou-a instalada logo na primeira fila, numa solenidade. Saudou-a: “Olá, dona Bilica! Tenho uma boa notícia para a senhora: acabei de nomeá-la. Sai amanhã no Minas Gerais, o diário oficial do Estado.” Ela respondeu, em voz alta: “Como o senhor assinou a nomeação se só me conhece pelo apelido?” Constrangido, ele pediu desculpas e a nomeou dois dias depois.

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Clientes sem viagem, empresas sem pagamento

Operadora renomada deixa consumidores sem respostas e aciona alerta no setor

20/03/2025 00h04

Leandro Provenzano

Leandro Provenzano

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O mercado do turismo tem enfrentado batalhas inglórias, que passaram pela pandemia, recuperação judicial da empresa 123 milhas, e agora, um novo player do mercado já informou que não conseguirá honrar com compromissos já assumidos.

A Viagens Promo é uma operadora de turismo brasileira, com foco em vendas B2B – ou seja, monta pacotes de viagens que são comercializados por meio de agências de turismo. Recentemente ela enfrenta uma grave crise financeira, que tem levado a atrasos de pagamentos a fornecedores e parceiros, comprometendo toda a operação.

No início de 2025, a Viagens Promo reconheceu oficialmente sua instabilidade operacional e financeira, informando não dispor de recursos para honrar reservas futuras e iniciando uma força-tarefa de reestruturação. As consequências foram imediatas: companhias aéreas suspenderam serviços por falta de pagamento e voos fretados foram cancelados, deixando centenas de passageiros sem embarcar.

Hotéis parceiros também deixaram de receber pelos hóspedes encaminhados pela operadora, levando alguns a recusarem check-ins de clientes que chegavam com reservas não pagas. Houve casos de viajantes barrados na recepção do hotel e de agentes de viagens tendo que arcar do próprio bolso com diárias para acomodar seus clientes, na esperança de reembolso futuro. 

Diante desse cenário, surge a questão: qual a responsabilidade jurídica de cada parte envolvida – agências, companhias aéreas, hotéis e os próprios consumidores – e que soluções existem para mitigar os danos de uma falência ou inadimplência no setor de turismo?

As empresas do ramo já estão se preparando para o não cumprimento de compromissos assumidos pela Viagens Promo. Hotéis já estão avisando as agências e hóspedes que não receberam pelas reservas e que, caso elas não sejam pagas até a chegada do consumidor, este não conseguirá realizar o check in.

Com isso as agências de turismos e hóspedes estão tentando uma saída para que não haja a perda das viagens, onde, além do gasto com hotel, o consumidor também arca com o transporte, bem como se planeja financeira, pessoal e profissionalmente para que a viagem ocorra dentro de um alinhamento do calendário familiar.

Fato é que nenhum desses entes da cadeia do turismo estão totalmente seguros, muito menos possuem direitos e deveres claros quando o assunto é jurisprudência, uma vez que, infelizmente, ela varia de tribunal para tribunal, onde alguns determinam que a responsabilidade, por exemplo, entre hotel e agência de turismo é solidária, ou seja, ambos podem responder integralmente pelo prejuízo do consumidor, ainda que este tenha sido causado pela Viagens Promo.

Já outros tribunais entendem que cada elo desta cadeia se responsabiliza pelo que recebeu (ou receberia) pelos serviços prestados, por exemplo, a agência de turismo teria sua responsabilidade nos limites de sua comissão, já o hotel responderia no limite do valor que receberia pela reserva.

Fato é que mais uma crise acertou o turismo nacional e prejudicará toda a cadeia. Não se sabe se a Viagens Promo entrará ou não em recuperação judicial (certamente sim), mas com certeza sua crise irá prejudicar centenas (talvez milhares) de empresas menores que ela, que terão que suportar prejuízos tão acima de suas capacidades de pagamento, que inclusive pode levá-las a encerrar suas atividades.

Os consumidores dispõem de um arcabouço legal sólido (CDC) que os ampara – seus direitos a transparência, restituição e indenização, e eles devem exercê-los ativamente, buscando apoio de órgãos competentes quando necessário.

Medidas preventivas, como a contratação de seguros de responsabilidade por agências e operadoras, podem fazer toda diferença em casos extremos, ao passo que medidas corretivas, como a ação regressiva, permitem que o prejuízo seja repassado à parte devida, evitando a injustiça de punir quem agiu de boa-fé para socorrer o cliente.

O caso da Viagens Promo serve de alerta e aprendizado para o mercado de turismo. Mais do que nunca, fica clara a necessidade de planejamento financeiro responsável pelas empresas, transparência na relação com parceiros e clientes, e mecanismos de proteção (contratuais e securitários) para emergências. 

Do ponto de vista jurídico, a mensagem é inequívoca: a cadeia de fornecedores deve funcionar como uma rede de segurança ao consumidor – se um elo falha, os outros precisam suportar aquele viajante, pois assim exige a lei e a confiança do público, claro, que tudo isso dentro do limite da responsabilidade de cada agente. Ao final, reforça-se que responsabilidade e cooperação são pilares essenciais para superar crises no turismo com o mínimo de danos e preservar a credibilidade do setor frente aos viajantes.

Leandro Amaral Provenzano ([email protected])

ARTIGOS

You are now a central banker

19/03/2025 07h45

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Ser um banqueiro central frequentemente implica tomar decisões impopulares para manter a estabilidade econômica. A frase “You are now a central banker”, enviada por Paul Volcker a Alan Greenspan, simboliza essa responsabilidade: conter a inflação e salvaguardar a credibilidade da política monetária, mesmo diante de pressões políticas e reações adversas. Volcker repassou essa frase em um bilhete enviado a Greenspan após a primeira reunião em que este, como presidente do Federal Reserve no fim da década de 1980, decidiu elevar as taxas de juros, marcando um momento crucial de sua gestão.

No Brasil, a condução da política monetária ocorre em um ambiente de forte pressão fiscal. A política de ajustes de gastos adotada até aqui não tem favorecido a estabilização das expectativas de inflação e impõe desafios adicionais ao Banco Central (BC). Desde o anúncio, em novembro de 2024, de medidas de corte de gastos consideradas insuficientes pelo mercado, as projeções fiscais permanecem frágeis. A mediana das previsões de mercado do Relatório Focus indica deficits primários de 0,6% do PIB tanto em 2025 quanto em 2026, enquanto a dívida pública bruta deve atingir algo próximo a 81% e 85% do PIB nesses anos. Pior, mesmo olhando para horizontes mais longos, como 2027 e 2028, o mercado não enxerga equilíbrio do resultado primário.

A deterioração das expectativas de inflação foi significativa: desde o fim de novembro, a mediana das previsões para 2025 saltou de 4,4% para 5,7%, enquanto para 2026 subiu de 3,8% para 4,4%, desviando-se consideravelmente da meta de 3% ao ano, com um limite de tolerância de até 4,5%. E o cenário pode se agravar, já que, em fevereiro, a inflação de 1,31% foi a maior desde 2003. No acumulado em 12 meses, a inflação já está em 5,06%.

A ata da última reunião do Copom preservou o tom firme da administração anterior de Roberto Campos Neto e reconheceu que o hiato do produto está positivo, a inflação resiliente no setor de serviços e o mercado de trabalho ainda apertado. Esse contexto reforça que o último ajuste de juros e a sinalização de um novo aumento, decididos antes da mudança de comando no BC, estavam na direção certa. O mercado já precifica esse aumento de um ponto porcentual na reunião de março, que ocorrerá na semana que vem e deve levar a taxa Selic a 14,25% ao ano.

As decisões do Copom serão analisadas de perto, não apenas porque esse aumento foi definido na gestão anterior, mas principalmente porque o mercado buscará sinais claros sobre a disposição do novo comando em controlar a inflação. Em contextos de teoria dos jogos, um BC com inclinação mais branda em relação à inflação pode adotar estratégias de comunicação e medidas que transmitam uma imagem de maior rigor para preservar sua credibilidade, especialmente se os custos reputacionais de revelar uma postura mais flexível forem elevados.

Assim, as reuniões a partir de maio serão decisivas para sinalizar a posição do BC ao mercado. Se os riscos indicarem um afastamento das expectativas da meta e os indicadores continuarem apontando para uma inflação resiliente, o BC poderá ser forçado a agir não apenas para evitar a erosão do juro real, mas também para intensificar o aperto monetário. Mesmo que os dados sejam conflitantes e haja incerteza no mercado quanto à dinâmica futura, o BC terá que escolher entre reforçar sua credibilidade ou arriscar um cenário no qual a política monetária perde efetividade. Esse último caso implicaria em juros elevados por mais tempo, com custos significativos para a sociedade, até que a confiança fosse restabelecida.

Um auxílio do governo no campo fiscal seria fundamental para reduzir o custo de desinflação da economia brasileira e o impacto de juros mais altos sobre o setor privado. Enquanto isso, Galípolo e sua equipe estarão sob constante escrutínio do mercado para manter a credibilidade da política monetária em um cenário fiscal adverso. Com o cumprimento da meta de inflação sob pressão, a condução da política exigirá decisões difíceis, como Volcker sinalizou a Greenspan.

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