Colunistas

Giba Um

"Todas as democracias do mundo reservam uma parcela de poder para agentes públicos que não são...

eleitos pelo voto popular, para que permaneçam imune às paixões políticas",  de Luís Roberto Barroso (STF), na abertura do ano Judiciário.

Continue lendo...

Pesquisa da Internacional Finance Corporation e do Banco Mundial indicam que o Brasil ocupa a 3ª posição entre os países com maior necessidade de financiamento para micros, pequenas e médias empresas. Além da falta de crédito, as empresas também passam por situação difícil por conta da taxa básica de juros (Selic). 

Mais: especialistas dizem que quando olham para exemplos da Coreia do Sul e China,  que na década de 80 tinham produção industrial bem menor que a brasileira, hoje  são bem maiores. Para se ter ideia a atividade industrial chinesa sozinha é 25 vezes maior que a brasileira, que “parou no tempo”.

Cheia de camadas

Sua última novela na TV Aberta foi ‘Amor Perfeito’, quando viveu ‘Mare’. Agora quem tem assinatura da plataforma de streaming Max, poderá acompanhar a atriz e modelo Camila Queiroz, vivendo mais uma protagonista em sua carreira na telenovela ‘Beleza Fatal’. Camila confessou em entrevista à revista ‘Harper’s Bazaar Brasil’, que quase  rejeitou o convite mas que depois de ler os primeiros capítulos se apaixonou pela personagem que segundo ela é “cheia de camadas e nuances”. “Estava em uma rotina agitada e, quando o Rafael me convidou para ser a Sofia, achava que não teria saúde suficiente para encarar uma novela tão potente. Gosto daquilo que me provoca, instiga e que me faz duvidar até de mim mesma”.  Com dez anos de carreira a atriz agradece a diversidade de personagens  que viveu. “Não me coloco em uma caixinha e não gostaria que fizessem isso comigo. Já fiz papéis cômicos, de época… preciso de novidades constantemente. É instintivo, quase compulsivo, mas eu me encontro no trabalho. Sou workaholic por natureza e não sofro nem um pouco por isso. Quando tenho tempo livre, nem sei o que fazer”. Camila ainda elogia sua xará Camila Pitanga, que vive sua rival na novela: “Ela vai arrasar com o público, tenho certeza. É um retorno triunfal, feito com maestria, e arrisco dizer que é um dos maiores, talvez o maior papel da carreira dela”.

Carros chineses em ‘distribuição’

A montadora chinesa BYD, que está abrindo espaço no Brasil com seus veículos elétricos, já anunciou até na abertura do ‘Fantástico’ (uma das tabelas mais caras da Globo). Agora, resolveu ‘emprestar’ as autoridades brasileiras seus caros automóveis à título de promoção por dois anos. Os ministros do Superior Tribunal de Justiça aceitaram 20 veículos modelo Seal até 2026 (no valor de R$ 300 mil cada, num total de R$ 6 milhões) e as redes sociais denunciaram que, de acordo com o artigo 17 do código de Ética da Magistratura, que reza que “é dever do magistrado recusar benefícios ou vantagens” de qualquer espécie. Ministros do STF teriam preferido não aceitar a generosidade. Nove ministros do Tribunal de Contas da União também aceitaram. Deputados federais e senadores também deverão ser agraciados. Essa farra começou com o casal presidencial que recebeu, também dois anos de empréstimo, o luxuoso suv Tan (modelo esportivo, vermelho) que custa meio milhão de reais (Janja está experimentando). Lula, à propósito, usou sanção da reforma tributária para prorrogar até 2032 a isenção fiscal da BYD. 

Troca-troca

O presidente Lula ainda se recusa a demitir Nísia Trindade do comando do Ministério da Saúde. Aos mais chegados, contudo, não esconde que já teve três reuniões com Nísia para falar sobre a falta de sucessos de seu ministério, quando ela promete fazer o que ele pede – e nada acontece. Agora, Lula já sinalizou que pretende reacomodar o ministro das Relações Institucionais, na Saúde. Ele já ocupou o mesmo cargo no governo de Dilma Rousseff.

Casal discreto

Pouca gente sabe, mas a jornalista e ‘garota do tempo’ Jacqueline Brazil está a quase cinco anos num relacionamento com o jornalista e narrador esportivo Luiz Carlos Júnior. Jacqueline contou que o jornalista esportivo Tiago Oliveira (hoje apresentador do ‘É de casa’), foi o cupido da relação dos dois. Ela lembra que seu colega do programa ‘Hora Um’ falou: ‘Jaque, eu tenho um amigo que ele é o number one do SporTV’. Eu fiquei: quem é? Porque eu não via esporte”. O conheceu na época da pandemia e se rendeu ao charme de Luiz Carlos quando ele tentou acompanhar sua rotina, totalmente diferente da sua. Os dois garantem que a diferença de idade entre eles (Jacqueline tem 39 e Luiz Carlos, 58) não atrapalha em nada. Mais: a jornalista é um dos nomes mais fortes para assumir o ‘Bom Dia São Paulo’, no lugar de Rodrigo Bocardi, que por enquanto está sob o comando temporário de Sabina Simonato. Muitos garantem que a ‘garota do tempo’ só não está no comando ainda, porque está de férias.

Boca fechada

O presidente Lula ainda não teve nenhuma conversa com representantes dos partidos para falar da reforma ministerial. Enquanto isso, líderes das legendas vão se movimentando. Arthur Lira quer derrubar Carlos Fávaro (PSD), do Ministério da Agricultura e comandar a Pasta. Gilberto Kassab, dono do PSD, guerreia contra. Quer ocupar o ministério comandado por Celso Sabino (União Brasil) e deslocá-lo para Ciência e Tecnologia, hoje com o PCdoB. E André de Paula (também do PSD) sai da Pesca e assume o Turismo. E – surpresa – Geraldo Alckmin pode deixar o comando da Pasta do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços para dar lugar a Rodrigo Pacheco. 

Outros voos 

Lula foi liberado por seus médicos para viajar, não quer mais saber de eventos no Planalto. Janja faz coro com o maridão, embora deva representar o presidente num evento em Roma. O ministro-marqueteiro Sidônio Palmeira (Secom) não quer viagens ‘à antiga’ onde o político inaugurava uma obra ou uma pedra fundamental, fazia um discurso, dava uma entrevista na rádio e partia para outra. Sidônio quer que o pessoal do Palácio ou forças-tarefas do PT preparem os locais, levem multidões para ver Lula produzindo bons momentos para a propaganda. “Levar multidões” é que é o problema. 

PÉROLA

“Todas as democracias do mundo reservam uma parcela de poder para agentes públicos que não são eleitos pelo voto popular, para que permaneçam imune às paixões políticas”,  

de Luís Roberto Barroso (STF), na abertura do ano Judiciário.

Em campanha 1

O presidente Lula tem discutido com o ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, medidas para turbinar o ‘Minha casa, Minha vida’. Vai ter mais dinheiro em 2025 e sobretudo, em 2026, ano eleitoral. O combustível virá principalmente do aumento do volume de crédito habitacional por parte da Caixa Econômica e do Banco do Brasil. No caso da Caixa, o banco deverá ajustar para cima o orçamento prevista para o financiamento imobiliário deste ano, inicialmente de R$ 70 (o presidente Carlos Antônio Vieira Fernandes era contra, mas mudou de opinião). No ano passado, a instituição errou a mão em seu planejamento e a partir de maio, dinheiro para empréstimos habitacionais começou a escassear.

Campanha 2

Com dinheiro evaporando, a Caixa foi obrigada a mudar as regras dos financiamentos pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo. Também o montante de recursos do FGTS, originalmente, de R$ 120 bilhões, é cogitado e o Conselho Curador do Fundo está analisando. Na equipe de Jader Barbalho Filho, já se fala na entrega de 2,5 milhões de moradias até 2026, um aumento de 25% à meta original de dois milhões de imóveis. Desse total, mais de 60% já estão contratados.

Vai fazer água

O governo de Minas Gerais tem sondado grandes players privados da área de saneamento (entre outros, Aegea e Iguá) sobre interesse em firmar PPPs com a Copasa, provocando mais um desapontamento do que ânimo no mercado. A ideia não parece coisa de governo que leva fé em seu próprio plano de desestatização da empresa. O governador Romeu Zema encaminhou à Assembleia do estado o projeto de privatização tanto da Copasa quanto da Cemig. Os deputados mineiros vão vencer por desistência. 

Vai e volta

O presidente Donald Trump vem ganhado, diariamente, a primeira página dos jornais e maior destaque nos noticiosos das televisões (só o Brasil ganha com suas inundações e desmoronamentos diários), dada à sua estratégia de criar uma polemica diariamente – sempre seguida de recuos. Agora, foi a anunciada retirada de todos os palestinos da Faixa de Gaza (quer empurrá-los para países vizinhos, que não querem saber da história). E declara os Estados Unidos responsáveis pelo “controle territorial por longo prazo”. Não fala como faria isso e sua habitual claque não pergunta. Pior: na conversa com o premier de Israel, Benjamin Netanyahu, não falou sobre o cessar fogo.

Pensão vitalícia

A Justiça Federal concedeu pensão vitalícia de R$ 34,5 mil a Clarice Herzog, viúva do jornalista Vladimir Herzog assassinado pela ditadura em outubro de 1975. Ele teve morte diagnosticada como suicida e foi enterrado nessa ala de óbitos. Estava preso nas dependências do II Exército. a decisão de pensão vitalícia ainda não é definitiva. Foi concedida em caráter de urgência em razão do estado de saúde dela. Clarice, aos 83 anos, sofre de Alzheimer. A concessão de medida liminar garante o imediato pagamento da prestação mensal à viúva. Ainda na ditadura, ela conseguiu em 1978 uma sentença condenando a União a indenizar a família de Herzog e investigar autores do crime. O governo descumpriu a ordem judicial.  

30 anos de moda

Apresentado pelo Ministério da Cultura (Lei de Incentivo à Cultura) e o Mercado Livre, a São Paulo Fashion Week (SPFW) comemora 30 anos e promoverá semanas em abril (de 7 a 10) e outubro (14 a 19). Está fazendo propaganda antecipada com o slogan “Moda que transforma/ Futuro que inspiram”, que não quer dizer muita coisa. O texto fala da celebração de três décadas de “desfiles, histórias e revoluções” (não festeja períodos de queda). O surpreendente é o bloco de patrocinadores: o C6 Bank, Eudora (perfumaria), Electrolux e Iguatemi, da fabricante de remédios EMS e apoio da Tônica e Magnum (sorvete holandês vendido pela Kibon).

MISTURA FINA

A General Atlantic, uma das grandes gestoras norte americanas com ativos superiores a US$ 75 bilhões, está garimpando ativos de educação no Brasil. Na mira, não apenas grupos de ensino, mas edtechs especializadas em soluções de inteligência artificial. Entre os ativos em potencial figuram startups como Alicerce e Educacross. A General Atlantic já tem negócios no setor no Brasil por meio da Arco Educação, da qual é um dos maiores acionistas ao lado do fundo norte-americano Dragoneer e da família Sá.
 
A Band faz novas demissões e pensa em Galvão Bueno para um novo programa, em busca de audiência. Galvão já está contratado pela Amazon Prime Video para narrar o Brasileirão e a Copa do Brasil. ele deve ganhar uma atração sobre futebol ainda no primeiro semestre. A ideia é repetir a fórmula proposta pela Globo, sucesso de audiência também no esporte. Mais: o programa ‘Perrengue na Band’ também deverá acabar, com mais quatro demissões.
 
Papéis da Brava Energia foram alvo de estranhas movimentações na sexta-feira (31). Fontes minoritárias da empresa já levaram o caso à CVM, levantando suspeitas de manipulação de mercado. Na abertura do pregão, rumores diziam que, ao longo do dia, a empresa anunciaria a venda de um pacote de ativos onshore para a Fluxus, da J&F (sempre os irmãos Joesley e Wesley Batista). Houve uma enxurrada de ordem de compra e o papel disparou. Hora depois, a Fluxus anunciou sua desistência do negócio. À essa altura, investidores já haviam ganhado uma bolada.

Tem dinheiro novo a caminho do mercado de venture capital no Brasil. a Endeavor Catalyst deverá destinar para a América Latina a metade dos recursos levantados pelo quinto fundo, em fase de captação, no valor de US$ 300 milhões. Para países latino-americanos, o Brasil deverá ficar com a maior parte. Por aqui, a Endeavor já investiu em companhias como Alice, Loft, Madeira Madeira, Neon e Olist, entre outras. 

In – Livro: Código-fonte: Como tudo começou
Out – Livro: Santo de casa

Colunistas

Clientes sem viagem, empresas sem pagamento

Operadora renomada deixa consumidores sem respostas e aciona alerta no setor

20/03/2025 00h04

Leandro Provenzano

Leandro Provenzano

Continue Lendo...

O mercado do turismo tem enfrentado batalhas inglórias, que passaram pela pandemia, recuperação judicial da empresa 123 milhas, e agora, um novo player do mercado já informou que não conseguirá honrar com compromissos já assumidos.

A Viagens Promo é uma operadora de turismo brasileira, com foco em vendas B2B – ou seja, monta pacotes de viagens que são comercializados por meio de agências de turismo. Recentemente ela enfrenta uma grave crise financeira, que tem levado a atrasos de pagamentos a fornecedores e parceiros, comprometendo toda a operação.

No início de 2025, a Viagens Promo reconheceu oficialmente sua instabilidade operacional e financeira, informando não dispor de recursos para honrar reservas futuras e iniciando uma força-tarefa de reestruturação. As consequências foram imediatas: companhias aéreas suspenderam serviços por falta de pagamento e voos fretados foram cancelados, deixando centenas de passageiros sem embarcar.

Hotéis parceiros também deixaram de receber pelos hóspedes encaminhados pela operadora, levando alguns a recusarem check-ins de clientes que chegavam com reservas não pagas. Houve casos de viajantes barrados na recepção do hotel e de agentes de viagens tendo que arcar do próprio bolso com diárias para acomodar seus clientes, na esperança de reembolso futuro. 

Diante desse cenário, surge a questão: qual a responsabilidade jurídica de cada parte envolvida – agências, companhias aéreas, hotéis e os próprios consumidores – e que soluções existem para mitigar os danos de uma falência ou inadimplência no setor de turismo?

As empresas do ramo já estão se preparando para o não cumprimento de compromissos assumidos pela Viagens Promo. Hotéis já estão avisando as agências e hóspedes que não receberam pelas reservas e que, caso elas não sejam pagas até a chegada do consumidor, este não conseguirá realizar o check in.

Com isso as agências de turismos e hóspedes estão tentando uma saída para que não haja a perda das viagens, onde, além do gasto com hotel, o consumidor também arca com o transporte, bem como se planeja financeira, pessoal e profissionalmente para que a viagem ocorra dentro de um alinhamento do calendário familiar.

Fato é que nenhum desses entes da cadeia do turismo estão totalmente seguros, muito menos possuem direitos e deveres claros quando o assunto é jurisprudência, uma vez que, infelizmente, ela varia de tribunal para tribunal, onde alguns determinam que a responsabilidade, por exemplo, entre hotel e agência de turismo é solidária, ou seja, ambos podem responder integralmente pelo prejuízo do consumidor, ainda que este tenha sido causado pela Viagens Promo.

Já outros tribunais entendem que cada elo desta cadeia se responsabiliza pelo que recebeu (ou receberia) pelos serviços prestados, por exemplo, a agência de turismo teria sua responsabilidade nos limites de sua comissão, já o hotel responderia no limite do valor que receberia pela reserva.

Fato é que mais uma crise acertou o turismo nacional e prejudicará toda a cadeia. Não se sabe se a Viagens Promo entrará ou não em recuperação judicial (certamente sim), mas com certeza sua crise irá prejudicar centenas (talvez milhares) de empresas menores que ela, que terão que suportar prejuízos tão acima de suas capacidades de pagamento, que inclusive pode levá-las a encerrar suas atividades.

Os consumidores dispõem de um arcabouço legal sólido (CDC) que os ampara – seus direitos a transparência, restituição e indenização, e eles devem exercê-los ativamente, buscando apoio de órgãos competentes quando necessário.

Medidas preventivas, como a contratação de seguros de responsabilidade por agências e operadoras, podem fazer toda diferença em casos extremos, ao passo que medidas corretivas, como a ação regressiva, permitem que o prejuízo seja repassado à parte devida, evitando a injustiça de punir quem agiu de boa-fé para socorrer o cliente.

O caso da Viagens Promo serve de alerta e aprendizado para o mercado de turismo. Mais do que nunca, fica clara a necessidade de planejamento financeiro responsável pelas empresas, transparência na relação com parceiros e clientes, e mecanismos de proteção (contratuais e securitários) para emergências. 

Do ponto de vista jurídico, a mensagem é inequívoca: a cadeia de fornecedores deve funcionar como uma rede de segurança ao consumidor – se um elo falha, os outros precisam suportar aquele viajante, pois assim exige a lei e a confiança do público, claro, que tudo isso dentro do limite da responsabilidade de cada agente. Ao final, reforça-se que responsabilidade e cooperação são pilares essenciais para superar crises no turismo com o mínimo de danos e preservar a credibilidade do setor frente aos viajantes.

Leandro Amaral Provenzano ([email protected])

ARTIGOS

You are now a central banker

19/03/2025 07h45

Continue Lendo...

Ser um banqueiro central frequentemente implica tomar decisões impopulares para manter a estabilidade econômica. A frase “You are now a central banker”, enviada por Paul Volcker a Alan Greenspan, simboliza essa responsabilidade: conter a inflação e salvaguardar a credibilidade da política monetária, mesmo diante de pressões políticas e reações adversas. Volcker repassou essa frase em um bilhete enviado a Greenspan após a primeira reunião em que este, como presidente do Federal Reserve no fim da década de 1980, decidiu elevar as taxas de juros, marcando um momento crucial de sua gestão.

No Brasil, a condução da política monetária ocorre em um ambiente de forte pressão fiscal. A política de ajustes de gastos adotada até aqui não tem favorecido a estabilização das expectativas de inflação e impõe desafios adicionais ao Banco Central (BC). Desde o anúncio, em novembro de 2024, de medidas de corte de gastos consideradas insuficientes pelo mercado, as projeções fiscais permanecem frágeis. A mediana das previsões de mercado do Relatório Focus indica deficits primários de 0,6% do PIB tanto em 2025 quanto em 2026, enquanto a dívida pública bruta deve atingir algo próximo a 81% e 85% do PIB nesses anos. Pior, mesmo olhando para horizontes mais longos, como 2027 e 2028, o mercado não enxerga equilíbrio do resultado primário.

A deterioração das expectativas de inflação foi significativa: desde o fim de novembro, a mediana das previsões para 2025 saltou de 4,4% para 5,7%, enquanto para 2026 subiu de 3,8% para 4,4%, desviando-se consideravelmente da meta de 3% ao ano, com um limite de tolerância de até 4,5%. E o cenário pode se agravar, já que, em fevereiro, a inflação de 1,31% foi a maior desde 2003. No acumulado em 12 meses, a inflação já está em 5,06%.

A ata da última reunião do Copom preservou o tom firme da administração anterior de Roberto Campos Neto e reconheceu que o hiato do produto está positivo, a inflação resiliente no setor de serviços e o mercado de trabalho ainda apertado. Esse contexto reforça que o último ajuste de juros e a sinalização de um novo aumento, decididos antes da mudança de comando no BC, estavam na direção certa. O mercado já precifica esse aumento de um ponto porcentual na reunião de março, que ocorrerá na semana que vem e deve levar a taxa Selic a 14,25% ao ano.

As decisões do Copom serão analisadas de perto, não apenas porque esse aumento foi definido na gestão anterior, mas principalmente porque o mercado buscará sinais claros sobre a disposição do novo comando em controlar a inflação. Em contextos de teoria dos jogos, um BC com inclinação mais branda em relação à inflação pode adotar estratégias de comunicação e medidas que transmitam uma imagem de maior rigor para preservar sua credibilidade, especialmente se os custos reputacionais de revelar uma postura mais flexível forem elevados.

Assim, as reuniões a partir de maio serão decisivas para sinalizar a posição do BC ao mercado. Se os riscos indicarem um afastamento das expectativas da meta e os indicadores continuarem apontando para uma inflação resiliente, o BC poderá ser forçado a agir não apenas para evitar a erosão do juro real, mas também para intensificar o aperto monetário. Mesmo que os dados sejam conflitantes e haja incerteza no mercado quanto à dinâmica futura, o BC terá que escolher entre reforçar sua credibilidade ou arriscar um cenário no qual a política monetária perde efetividade. Esse último caso implicaria em juros elevados por mais tempo, com custos significativos para a sociedade, até que a confiança fosse restabelecida.

Um auxílio do governo no campo fiscal seria fundamental para reduzir o custo de desinflação da economia brasileira e o impacto de juros mais altos sobre o setor privado. Enquanto isso, Galípolo e sua equipe estarão sob constante escrutínio do mercado para manter a credibilidade da política monetária em um cenário fiscal adverso. Com o cumprimento da meta de inflação sob pressão, a condução da política exigirá decisões difíceis, como Volcker sinalizou a Greenspan.

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).