O genitor teve prisão preventiva decretada nesta quinta-feira (14); a mãe da criança teria sofrido agressões por parte do companheiro de quem está em processo de divórcio
A criança de 4 anos, que teve a perna quebrada após sofrer uma agressão por parte do pai, teve alta da Santa Casa nesta quinta-feira (14) onde ficou internado por dois dias.
Tanto a creche auxiliava a mãe a denunciar o companheiro por violência doméstica quanto o Conselho Tutelar informou o Ministério Público sobre a situação da família.
Os pais estão em processo de divórcio e as crianças estavam morando com o genitor há dez dias.
Ainda hoje, o pai da criança de 29 anos, que trabalha como vigilante noturno, passou por audiência de custódia e teve a prisão preventiva decretada.
Ele foi preso em flagrante quando a equipe médica da Upa Vila Almeida suspeitou da versão apresentada e acionou o Conselho Tutelar e agentes da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA).
No local, a mãe se desentendeu com o companheiro e ele teria dito que "perdeu a cabeça" no momento em que o menino brigava com o irmão por conta de um celular.
Segundo a polícia, ainda na Upa o pai alegou que menino de 4 anos, estava em uma rede entre uma cama de casal e uma cama de criança com uma grade de proteção.
A versão que o pai contou inicialmente a polícia foi que "deu um tapa" na cabeça do filho que acabou se desequilibrando e caindo onde teria batido a perna na grade e proteção da cama de criança.
No entanto, um conhecido a família esteve na Upa assim como a diretora da creche e deram novos elementos a narrativa. A testemunha relatou que viu o momento em que o pai deu um soco na cabeça do menino e um chute na perna.
Em contato com a Secretaria Municipal de Educação (SEMED), informou ao Correio do Estado que as crianças nunca chegaram na creche com hematomas.
Entretanto, em março de 2023, a unidade escolar orientou a mãe a procurar a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), para formalizar a ocorrência por ter sido vítima de violência doméstica.
Ao todo são sete atas registradas, todas referentes ao relacionamento dos casal e "questões comportamentais".
A reportagem entrou em contato com o Conselho Tutelar responsável pela região da Vila Almeida e levantou que há um ano, devido aos conflitos familiares, a situação foi comunicada ao Ministério Público, conforme relatou a conselheira Letícia Louveira.
O caso
A criança deu entrada na Upa Vila Almeida na manhã de terça-feira (12), com a perna quebrada e o pai alegou que ele teria sofrido uma queda da rede. Quando a mãe chegou na unidade de saúde, os dois começaram a discutir no momento em que ele teria afirmado que "perdeu a cabeça".
Houve desconfiança por parte da equipe plantonista que acionou o Conselho Tutelar e policiais da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA). O homem foi preso em flagrante para prestar esclarecimentos.
Na delegacia o pai disse que as crianças estão com ele há dez dias, sendo que durante a manhã começaram a brigar pelo celular. Segundo a ocorrência, o cômodo é composto por uma cama de casal, uma infantil e uma rede entre as duas.
Durante as explicações, o pai justificou como "correção" o empurrão que deu na cabeça do filho para que não tomasse o celular do irmão. O que na versão apresentada por ele culminou com a queda da criança da rede em cima da grade de proteção da cama infantil.
Um conhecido da família que presenciou as agressões desmentiu e contou que o homem agrediu o filho com um chute na perna e soco na cabeça.
Mesmo com a criança reclamando de dor, o genitor acreditou que o filho estava "com birra". Durante o percurso para a creche, parte do caminho, ele diz ter levado o filho no colo e posteriormente ao colocá-lo no chão, os irmãos teriam brigado novamente.
Em uma versão dúbia chegou até a admitir que tinha intenção de levar a criança imediatamente para receber atendimento médico, no entanto, a criança supostamente teve sono, por isso a investigação deve precisar por quanto tempo a vítima sofreu sem receber socorro.
O menino foi transferido para a Santa Casa de Campo Grande. A reportagem entrou em contato com o hospital, mas a família não autorizou informações sobre o estado clínico do paciente.
O homem, que não teve o nome divulgado, vai responder pela prática dos crimes de maus-tratos e lesão corporal de natureza grave.
** Colaborou Suelen Morales
Assine o Correio do Estado