Pedido de prisão domiciliar realizado pela defesa de Fahd Jamil está sendo analisado pelo juiz da 1 ª Vara Criminal de Campo Grande, Roberto Ferreira Filho e deve ser respondido ainda nesta quarta-feira (2).
Para ser liberado para prisão domiciliar, o "Rei da Fronteira" deverá pagar uma fiança de R$ 10 milhões ao Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), fazer o uso de tornozeleira eletrônica e residir em Campo Grande, informou o advogado de defesa André Borges.
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Ainda de acordo com Borges, o pedido foi feito devido ao estado debilitado de seu cliente de 79 anos, que apresenta várias complicações pulmonares graves, cardíacas, além de ter realizado uma cirurgia na carótida nos últimos dias.
“Fahd Jamil é idoso e tem a saúde bastante debilitada, razões que levaram o judiciário a autorizar cirurgia de urgência que ele precisou fazer na carótida”, disse a defesa.
Fahd Jamil está preso na Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras) desde que se entregou no dia 19 de abril.
Organização criminosa
Fahd Jamil foi alvo da terceira fase da Operação Omertà, denominada Armagedom, que cumpriu dezenas de mandados de prisão em junho do ano passado.
Ela agiu contra os laços de influência e poder que o grupo chefiado por Jamil Name e Jamil Name Filho tinha com vários órgãos da administração pública, e também com Fahd Jamil, de Ponta Porã, chamado de “Rei da Fronteira”, e considerado seu parceiro para trama de execuções e movimentações de arma.
Ao pedir os mandados de prisão preventiva, de prisão temporária e de busca e apreensão, o Gaeco dividiu a então nova fase da organização criminosa em dois núcleos: o comandado por Jamil Name, em Campo Grande, e o comandado por Fahd Jamil, em Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai.
O assassinato do ex-chefe de seguraça da Assembleia Legislativa, Ilson Martins Figueiredo, ocorrido em 11 de junho de 2018, é o elo que expõe a aliança existente entre o que os investigadores chamam de organizações criminosas de Jamil Name e de Fahd Jamil.
De acordo com Ministério Público Estadual (MPE), o crime foi encomendado por Fahd Jamil e executado pelo suposto grupo criminoso chefiado pelos Name.
Conforme a investigação, o motivo seria uma vingança pela morte de Daniel Jamil Georges, filho de Fahd. Ele desapareceu em 2011 e foi declarado morto em 2019. Ilson teria sido um dos responsáveis por esse desaparecimento.
Além do assassinato de Figueiredo, o grupo de Fahd Jamil também teria executado o pistoleiro Alberto Aparecido Roberto Nogueira (o Betão), em abril de 2016, e também de Orlando da Silva Fernandes (o Bomba) em outubro de 2018.
O grupo de Fahd Jamil mantinha na Fazenda Três Cochilhas, em Ponta Porã, uma fazenda que seria um verdadeiro “bunker”. Uma espécie de quartel-general da pistolagem.
O monitoramento avançado do Gaeco permitiu verificar movimentações financeiras envolvendo os grupos de Jamil Name e Fahd Jamil. Elas sempre ocorriam em maior volume perto das datas das execuções. Foram pelo menos oito transferências entre os grupos, no valor de R$ 130 mil, indica a investigação.
Em outubro do ano passado, a Justiça aceitou a denúncia contra Fahd e os Name pela execução de Figueiredo.
O indiciado tinha um mandado de prisão em aberto e chegou na manhã de hoje, em um avião, desembarcando no Aeroporto Santa Maria, onde equipe do Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestro (Garras) o aguardava.
A apresentação foi negociada entre o advogado do acusado e a polícia.