Vanderlei Pinheiro de Lima, Delei Pinheiro (PSD), foi diplomado nesta sexta-feira (18), após uma eleição conturbada, em que teve sua candidatura impugnada, mas cuja decisão de 1ª instância foi revertida nesta semana pelo Tribunal Regional de Mato Grosso do Sul (TRE-MS).
Superada a impugnação, que ocorreu porque o candidato não teria feito a atualização biométrica de seu título de eleitor, agora ele comenta o drama dos últimos dias: o maior problema desse imbróglio jurídico não aconteceu durante a corrida eleitoral, mas, sim, após o fechamento das urnas.
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“Fui muito cobrado pelo meu eleitorado, pois eles depositaram seu voto de confiança em mim e achavam que poderia ter sido em vão. Porém, uma questão administrativa e burocrática não pode sobrepor a decisão popular. Algo que foi reconhecido por unanimidade pelos desembargadores do TRE-MS. Ou seja, os magistrados fizeram justiça”, enalteceu.
Em virtude da decisão do tribunal, o PSD, partido do prefeito Marcos Trad, passou a ter direito a seis cadeiras na Casa de Leis.
Além de Pinheiro, a bancada também é composta pelos vereadores Otávio Trad, Junior Coringa, Beto Ovelar, Valdir Gomes e Tiago Vargas.
Com a medida, a vereadora e até então reeleita Dharleng Campos (MDB) acabou perdendo a vaga. Agora, a bancada emedebista contará somente com duas cadeiras, dos vereadores Dr. Loester e Dr. Jamal Salem.
Carreira política
Delei revelou ao Correio do Estado que seu despertar político começou aos 13 anos, quando começou a trabalhar na prefeitura da Capital.
Oriundo da periferia da cidade, ele afirmou que viu de perto os problemas de moradia e da questão fundiária que havia no município.
Posteriormente, já adulto, prestou concurso para topógrafo e entrou na Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários (Amhasf).
“Dentro da autarquia, nós conseguimos regularizar aproximadamente 250 bairros, que beneficiaram mais de 30 mil famílias. Desde então, esta foi a minha luta. Na época, conheci o atual prefeito, Marcos Trad, pelo pai dele, Nelson Trad, e desde então desenvolvemos diversos projetos como este, para que as famílias de baixa renda pudessem conquistar suas moradias”.
Experiência parlamentar
Pinheiro concorreu pela primeira vez a vereador da Capital em 2008, quando obteve 5.738 votos, porém, não conseguiu se eleger.
Em 2012, quatro anos depois, concorreu novamente e obteve 6.938 votos e acabou sendo eleito parlamentar. Porém, em 2015, pouco mais de três anos depois, foi afastado do cargo após ser acusado de compra de votos.
Até o afastamento, o político pertenceu à mesa diretora e ocupou a função de 1º secretário.
Sobre a acusação da época, Delei se defende afirmando que só perdeu seus direitos políticos por conta de uma falha na peça jurídica apresentada pela defesa.
“Na campanha de 2012, eu tinha 10 carros cadastrados na Justiça Eleitoral. Porém, um dos tíquetes de abastecimento foi realizado em um veículo que não tinha esse registro, o que minha defesa não observou na época e não conseguiu justificar. Após esse processo, eu descobri que um dos meus assessores sofreu um acidente com um dos carros, mas precisava levar algumas cadeiras para serem utilizadas em uma reunião. Para tentar me ajudar, ele acabou passando o direito de abastecimento a um amigo, que tinha uma caminhonete e que acabou fazendo esse favor para ele. Resultado, acabei perdendo o mandato por causa de um abastecimento de 65 litros de combustível, algo totalmente contornável”, lamentou.
E complementou a informação dizendo que “o processo era tão frágil que o próprio Ministério Público Estadual [MPMS] não reconheceu a minha condenação na área criminal, apenas na eleitoral”.
Bandeiras
Neste atual mandato, Delei afirmou que continuará sua defesa pela moradia. Segundo ele, hoje, Campo Grande tem 47 mil residências irregulares, mas ele pretende apresentar um projeto que viabilizará a documentação para esses proprietários
“Nessa lei, cada família poderá pagar uma parcela que corresponde a 10% do salário mínimo. Além disso, nós avaliamos o valor do terreno onde essa família mora e ela pagará apenas 50% do valor venal. Ou seja, um terreno que custa R$ 50 mil, essa família pagará R$ 25 mil por ele. Com o pagamento dessas parcelas, criaremos um fundo para lançar o Cartão Habita. Com ele, as pessoas cadastradas na Amhasf poderão ir até uma loja de material para construção e adquirir cimento, tijolos, entre outros produtos, para serem utilizados em seus imóveis”, projetou.
Eleições
Pinheiro tem experiência na esfera pública. Com três eleições disputadas, contando com a deste ano, o político avaliou que a mudança da contagem para se obter o coeficiente eleitoral tornou o pleito mais democrático, pois deu a oportunidade de uma participação maior ao eleitor.
“Apesar de ter dificultado a conquista de um vaga nas casas legislativas do País, o novo mecanismo possibilitou um aumento no número de candidatos dando ao cidadão um leque maior para sua escolha. Além disso, com o novo formato, o seu candidato tem de estar mais próximo para poder conquistar a sua preferência, ou seja, ele pode ser mais ouvido”, explicou.
Pandemia
Segundo Delei, todos os gestores públicos, nas esferas federal, estadual e municipal, acertaram ou falharam durante a pandemia do novo coronavírus.
No entanto, na avaliação dele, a prefeitura da Capital teve uma postura correta, pois conseguiu achatar a curva de contágio no início, o que possibilitou um tempo maior para que ela se preparasse na ampliação dos leitos hospitalares.
“Caso não tivéssemos tomado medidas mais restritivas no início, iria acontecer o que todos temiam, um colapso no sistema de saúde e, consequentemente, a população adoentada ficaria sem atendimento. Porém, apesar desse aumento novamente no número de contágios, não sou a favor de medidas extremas novamente, pois hoje a população já sabe quais os protocolos de biossegurança que devem ser adotados para evitar o contágio, ao contrário do que acontecia no início da pandemia”, concluiu.