Política

INVESTIGAÇÃO

Após homenagem a Delcidio,
David diz que teve celular hackeado

Deputado desconfia de que correligionários estão envolvidos

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O deputado estadual Coronel David (PSL) declarou, durante sessão que ocorreu nesta terça-feira (25), que teve seu celular invadido por um hacker que ainda não foi identificado. De acordo com o parlamentar, após filiado do PSL de Brasília, Bruno Gomides, ter compartilhado vídeo criticando o apoio de David em relação a homenagem que o ex-senador Delcidio do Amaral (PTB) recebeu na Assembleia Legislativa, a postagem teria sido compartilhada no status do aplicativo de celular de David. “Estava com minha esposa ontem (24), às 23h, e recebi mensagem de amigo dizendo que eu tinha compartilhado um vídeo no meu status sobre isso”, afirmou o deputado.

De acordo com David, alguém teria entrado na plataforma do celular dele e compartilhado vídeo em que Gomides criticava o parlamentar por ter homenageado “um homem corrupto, que já foi preso , um homem do centrão chamado Delcidio do Amaral, homem que não tem credibilidade nenhuma com a sociedade brasileira e que vai totalmente contra o que o PSL e o presidente Bolsonaro defende”, dizia parte do vídeo.

Ainda sobre o vídeo, Gomides diz que vai acionar a presidente do PSL em Mato Grosso do Sul, senadora Soraya Tronicke. “Uma grande amiga, extremamente simpática, vamos no gabinete dela, vou levar essa denúncia pra ela e se for verídica, vamos pedir medidas cabíveis para que não fiquem elogiando nenhum petista corrupto”, afirmou Gomides em seu vídeo.

O filiado do PSL de Brasília confirma na gravação que recebeu a informação, de que o deputado Coronel David havia homenageado Delcidio, de “alguns amigos de MS e de Campo grande” e continua dizendo que alguns teriam se elegido apenas por fazerem parte da onda Bolsonaro.

Diante dos fatos, Coronel David foi ontem mesmo até a Delegacia de Polícia e registrou boletim de ocorrência sobre o caso. Na manhã de hoje, o deputado foi até a Polícia Federal e falou com delegados que garantiram investigar a situação. Inquérito será aberto e se for comprovado que o celular de David foi invadido por hacker, o criminoso terá que responder por crime de invasão de dispositivo de informática.

Durante seu discurso na tribuna, David disse que quer saber quem foi o mandante do suposto crime. “Quero saber quem do PSL de Campo Grande fez isso?”, indagou.

Em contrapartida, o correligionário de David, deputado Renan Contar, presidente da sigla municipal, se manifestou em plenário. “Isso é fake news, se raquearam mesmo, temos que investigar, isso é muito preocupante, eu também sou vítima disso, vamos averiguar”, disse. Contar antecipou que se a denúncia for comprovada, ele não analisou ainda quais medidas vai tomar, como presidente do partido em Campo Grande.

COMPARTILHAMENTO

Outra informação que o deputado teve sobre o caso é de que homem, de nome Mateus Correa, estaria compartilhando o vídeo que foi gravado por Gomides. “Ele estava distribuindo esse vídeo feito por Bruno Gomides e esse Bruno confirma no vídeo que recebeu a informação (sobre a homenagem) de alguém do PSL daqui de Campo Grande, ele mesmo disse que tem relação com o partido aqui”, reforçou David.

OUTRO CASO

Coronel David disse também que já foi vítima de ataques que ele considera ser da oposição sofrida dentro do partido. “Não estou dizendo isso (que a mandante seria a senadora Soraya), mas já aconteceu de funcionário dela (Eder Redó) ter gravado vídeo declarando que eu teria traído a senadora e o partido e isso é mentira”, declarou David ao reforçar também que o caso já virou inquérito policial.

HOMENAGEM

A homenagem que o ex-senador Delcidio do Amaral recebeu durante sessão de ontem é de autoria do deputado Neno Razuk (PTB). Coronel David declarou que foi a favor da proposta porque precisava também de apoio para que homenagem, de autoria dele, em que o presidente da República, Jair Bolsonaro recebesse o título de cidadão sul-mato-grossense também fosse aprovada. “Por isso que aceitei votar a favor (da proposta de Razuck)”, justificou David.

O projeto de resolução de David teve 17 votos favoráveis, número mínimo para que a proposta valesse e apenas três votos contrários (dos petistas Pedro Kemp e Cabo Almi e do deputado Jamilson Name). “Eu sabia que corria risco de não ter a proposta aprovada e por isso apoiei o Neno”, explicou David.

O deputado Neno Razuk confirmou as declarações de David e disse que “fez um pedido a um amigo”, quando solicitou voto dele para que acontecesse a homenagem de título de cidadão sul-mato-grossense a Delcidio do Amaral.

A homenagem feita a Delcidio teve apenas um voto contrário, do Capitão Contar, e outros 19 favoráveis.

A senadora Soraya Tronicke foi procurada pela reportagem, mas ela não atendeu e também não retornou as ligações até a publicação desta matéria.

BRIGA DE EGOS

Com parecer favorável, Coringa e Lívio disputam controle sobre CPI do consórcio Guaicurus

Autores dos requerimentos, os dois vereadores querem estar entre os cinco componentes e brigar pela presidência e a relatoria

18/03/2025 08h30

Os vereadores Junior Coringa (MDB) e Dr. Lívio (União Brasil) foram os responsáveis pelos pedidos

Os vereadores Junior Coringa (MDB) e Dr. Lívio (União Brasil) foram os responsáveis pelos pedidos Foto: Montagem

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Com o parecer favorável dado pela Procuradoria-Geral da Câmara Municipal de Campo Grande para a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar possíveis irregularidades no serviço de transporte coletivo urbano prestado pelo Consórcio Guaicurus, o foco agora está na escolha dos cinco vereadores que vão integrar a comissão.

O Correio do Estado apurou que a disputa para participar da CPI do Ônibus e ocupar os dois cargos mais importantes da comissão, que são a presidência e a relatoria, já começou entre os dois vereadores que apresentaram os requerimentos de abertura – Junior Coringa (MDB) e Dr. Lívio (União Brasil) – e deve se estender pelo menos até a próxima semana na Casa de Leis. 

Pelo regimento interno da Câmara Municipal, o presidente, vereador Epaminondas Vicente Silva Neto (PSDB), o Papy, terá de publicar um ato de instauração da CPI, com prazo de 120 dias para a conclusão dos trabalhos, e, em seguida, os vereadores definirão os cinco membros, que elegerão o presidente e o relator.

Além disso, a composição tem de obedecer à proporcionalidade de bancada. Nesse caso, o PSDB, com o maior número de vereadores (cinco), teria uma vaga, depois o PP, com quatro vereadores, ficaria com outra vaga, enquanto PL, PT e União Brasil (com três vereadores cada) ocupariam as outras três vagas subsequentes. 

No entanto, na eventualidade de um ou mais vereadores dos cinco partidos com maiores bancadas abrirem mão de vagas, o quinto integrante poderá ser indicado fora da regra de proporcionalidade, ou seja, dos demais partidos que integram a Casa de Leis, no caso, o MDB, de Junior Coringa, seria o mais interessado, já que o União Brasil, de Dr. Lívio, já tem uma vaga garantida.

Os dois vereadores, conforme apurou o Correio do Estado, teriam, entre ontem e hoje, uma reunião com o presidente para alinhar a participação de ambos na CPI do Ônibus, pois entendem que não seria justo que ficassem de fora da investigação, já que foram os responsáveis pelos requerimentos que viabilizaram a instauração da CPI, cujo tema foi proposto em outras 10 oportunidades e nunca avançou.

REPERCUSSÃO

A reportagem entrevistou o vereador Dr. Lívio sobre sua participação na CPI do Ônibus e se ele procuraria a presidência ou a relatoria, mas o parlamentar desconversou.

“Nem a composição da CPI está definida ainda”, disse.

No entanto, ele ressaltou que a composição deve respeitar a composição partidária.

“Após essa definição, serão eleitos o presidente e o relator da comissão, e vou aguardar. Pela composição partidária, o União Brasil terá uma vaga na CPI”, reforçou.

Dr. Lívio completou que vai pedir o consentimento dos seus colegas para ser membro da CPI do Ônibus.

“Até por ser o presidente da Comissão Permanente de Transporte e Trânsito da Casa de Leis, mas isso ainda depende de outros fatores”, concluiu.

Já o vereador Junior Coringa admitiu que deseja participar da CPI do Ônibus e que vai, sim, brigar pela presidência.

“Agora, com a abertura da CPI, o nosso objetivo é ser indicado pela minoria para que a minoria seja representada na comissão”, pontuou. 

Ele explicou que a minoria é formada pelos partidos que não têm a quantidade de votos e de vereadores suficiente para poder indicar de forma automática um integrante da CPI do Ônibus.

“Então, a gente espera que o presidente Papy indique alguém da minoria, algum vereador da minoria, e que seja eu”, declarou.

O parlamentar ressaltou que espera a indicação por ter sido autor de um dos requerimentos para a instauração da CPI.

“O meu objetivo é pegar a presidência para que possa iniciar os trabalhos. Até porque a abertura dessa comissão foi algo que sempre preguei para que possamos ter um transporte coletivo de qualidade e que a CPI possa contribuir com isso”, argumentou.

ERROS

Junior Coringa reforçou que a CPI vai apontar os erros do Consórcio Guaicurus e também as soluções para os principais problemas.

“Se no fim da CPI a gente encontrar situações que possibilitem a quebra de contrato, vou solicitar que a Prefeitura de Campo Grande possa fazer um novo chamamento público e convocar novas empresas para poder atuar no transporte público”, avisou.

O parlamentar disse ao Correio do Estado que sua contribuição é deixar para Campo Grande um transporte público de qualidade. 

“Nós aguardamos que o Consórcio Guaicurus possa fazer o que ele prometeu no contrato, que é oferecer para a população um serviço de qualidade que hoje não está sendo oferecido”, reclamou.

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INVESTIGAÇÃO

Jurídico da Câmara da Capital dá parecer favorável à instauração da CPI do Ônibus

O procurador recomendou que sejam apurados idade da frota, equilíbrio financeiro e fiscalização feita pela Prefeitura de Campo Grande

17/03/2025 08h00

Câmara dá parecer favorável para instaurar CPI do Ônibus

Câmara dá parecer favorável para instaurar CPI do Ônibus Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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Após o presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, vereador Epaminondas Vicente Silva Neto (PSDB), o Papy, dar “sinal verde” para a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar possíveis irregularidades no serviço de transporte coletivo urbano prestado pelo Consórcio Guaicurus, agora foi a vez da Procuradoria-Geral da Casa de Leis divulgar parecer favorável à investigação.

No documento, que o Correio do Estado obteve com exclusividade, o procurador jurídico Luiz Gustavo Martins Araújo Lazzari concluiu que, em análise de ambos os requerimentos de abertura de CPI, apresentados pelos vereadores Junior Coringa (MDB) e Dr. Lívio (União Brasil), enxergou “parcial preenchimento dos requisitos impostos, motivo pelo qual opino favoravelmente à abertura de CPI”.

Porém, ele escreveu no parecer a recomendação para que a CPI somente apure três fatos determinados. O primeiro fato é a utilização de frota com idade média e máxima dentro do limite contratual e o estado de conservação dos veículos, nos últimos cinco anos. O segundo é o equilíbrio financeiro contratual após aplicação dos subsídios públicos concedidos pelo Executivo municipal à empresa concessionária por meio das leis complementares nº 519/2024 e nº 537/2024.

Já o terceiro e último fato determinado é a fiscalização feita pela Prefeitura Municipal de Campo Grande, por meio da Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg) e da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), do serviço de transporte público prestado pela concessionária após a assinatura do termo de ajustamento de gestão (TAG) perante o Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul (TCE-MS), em novembro de 2020.

RESUMO

No resumo do parecer, o procurador jurídico Gustavo Lazzari explicou que foram analisados os dois requerimentos encaminhados ao presidente Papy, um de autoria do vereador Junior Coringa e outro do vereador Dr. Lívio, solicitando a instauração de uma CPI para investigar possíveis irregularidades na prestação do serviço público de transporte coletivo urbano da Capital.

“Percebe-se em ambos os requerimentos apresentados que se busca, prioritariamente, a apuração de eventual descumprimento do Contrato de Concessão nº 330, de 25 de outubro de 2012, tendo em vista a alegada má prestação dos serviços pelo Consórcio Guaicurus, sobretudo utilização de veículos em mau estado de conservação e com elevada idade”, detalhou.

Ele prosseguiu, explicando que foi possível notar ainda que os parlamentares indicaram a obtenção de lucro da empresa concessionária nos últimos anos, bem como a concessão de subsídios públicos por meio de edição de leis, com destaque para a isenção de Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISSQN) e a subvenção econômica concedida.

“Eles apontaram ainda a existência de descumprimento das obrigações assumidas no TAG firmado entre a Prefeitura de Campo Grande, o Consórcio Guaicurus, a Agetran, a Agereg e o TCE-MS, uma vez que não teria ocorrido acatamento dos ajustes na execução do serviço pela empresa concessionária, além da inexistência de fiscalização pelas agências municipais”, pontuou.

Gustavo Lazzari acrescentou que os requerimentos demonstram identidade de causa de pedir, já que apresentam fundamentação semelhante para pleitear a abertura do procedimento investigatório na Casa de Leis, entretanto, “vislumbra-se indicação de alguns fatos determinados diferentes nos requerimentos apresentados, o que será apreciado no presente parecer”

TAG

Gustavo Lazzari ainda analisou o fato de os dois requerimentos solicitarem a apuração do TAG assinado com o TCE-MS, em 11 de novembro de 2020, com anuência da Câmara Municipal.

“O instrumento estabeleceu obrigações aos compromissários com o objetivo de aperfeiçoar o contrato de concessão celebrado e melhorar a prestação do serviço de transporte público no âmbito municipal”, recordou.

Portanto, completou, entre as disposições elencadas no TAG, destacam-se a obrigação da empresa concessionária em manter a conservação e a manutenção dos veículos utilizados, a determinação à Agereg e à Agetran de criação de meios de fiscalização da frota, sobretudo com relação à verificação da idade dos ônibus, além da imposição ao Poder Executivo de atuar positivamente para garantir que o serviço de transporte público ocorra de forma segura e eficiente.

“Surge clarividente, assim, que os fatos indicados no requerimento apresentado, alvos de investigação na CPI a ser instaurada, já são contemplados no TAG, possuindo o TCE-MS a incumbência de fiscalização acerca de seu cumprimento pelos compromissários. Neste diapasão, convém alertar que eventuais conclusões da comissão a ser instauradas poderão se mostrar inócuas diante do procedimento realizado perante o Tribunal de Contas [de MS], levando em consideração as obrigações já delineadas no citado TAG”, explicou.

O procurador assegurou que “eventual constatação de descumprimento do TAG impõe aplicação das sanções previstas no termo, sendo que o resultado será o mesmo do advento de eventual irregularidade apurada em CPI, redundando, portanto, em esforço infrutífero por parte dos vereadores”.

COMPARAÇÃO

Para concluir, Gustavo Lazzari ainda ressaltou que, na comparação dos dois requerimentos apresentados, percebe-se que aquele de autoria do vereador Dr. Lívio tem maior abrangência no seu objeto.

“Além disso, resta inequívoca a identidade de causa de pedir e de pedido entre os requerimentos, já que se baseiam em fundamentos de fato e de direito semelhantes e possuem o escopo principal de apurar eventuais irregularidades na prestação do serviço de transporte público coletivo no âmbito municipal”, apontou.

Nessa mesma linha, conforme o procurador, “com ressalva aos fatos que não se mostram determinados, pontuados nos tópicos anteriores, o requerimento de autoria do vereador Lívio, mais abrangente, abarca os elementos apresentados no requerimento de autoria do vereador Junior Coringa, o que leva à conclusão de que eventual CPI a ser instaurada deve englobar ambos os requerimentos”.

Por fim, Gustavo Lazzari explicou que, com exceção dos fatos que não são considerados determinados, vislumbra-se a possibilidade de instauração de CPI para investigar as situações narradas nos requerimentos apresentados pelos vereadores Junior Coringa e Dr. Lívio.

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