lidiane kober
O prefeito de Dourados, Ari Artuzi (PDT), que se encontra preso em Campo Grande, acusado de chefiar esquema de desvio de verbas deflagrado na Operação Uragano da Polícia Federal (PF), nega ser fruto de corrupção o dinheiro que apareceu recebendo em vídeo gravado pela Polícia Federal. Segundo ele, um amigo lhe entregou o montante. Artuzi declarou ainda ser vítima de armação política e não pensa em deixar o cargo.
Filmagem divulgada pela PF mostra o prefeito recebendo do seu secretário de Governo, o jornalista Eleando Passaia, autor das denúncias, R$ 10 mil, em sua residência. “Isso não prova nada. O Artuzi estava em sua casa, pegando o dinheiro de um amigo, até então, considerado como um irmão”, disse o advogado do prefeito, Carlos Marques.
Ele esteve ontem à noite com Artuzi, assim que o pedetista chegou à Delegacia de Polícia do Carandá Bosque, em Campo Grande, onde permanece preso. “O prefeito negou veementemente todas as denúncias. Afirmou que tem resposta para cada item”, informou o advogado. “Para ele, as filmagens são fruto de armação política”, acrescentou.
Ingadado sobre a origem do dinheiro que o prefeito aparece recebendo, Carlos Marques disse não ter falado sobre o assunto com Artuzi. “Ele não viu a gravação, por isso, não tem como explicar nada”, ressaltou.
Ainda segundo o advogado, o prefeito está “extremamente abalado”. “Um amigo que almoçava e jantava todo dia ao lado dele, considerado como um irmão, é quem o acusa”, explicou. “Só não entendo como a pessoa (Passaia), que supostamente praticava todos os atos de corrupção, virou herói”, completou.
Habeas corpus
Por enquanto, Carlos Marques não pensa em pedir habeas corpus para livrar Artuzi da prisão. “Ele só foi preso para serem colhidas as provas e depoimentos”, comentou. Dessa forma, o prefeito deve continuar detido até o próximo domingo. Agora, no caso de a Justiça pedir a prisão preventiva do prefeito, a defesa entrará em ação. “Não vejo elementos para o Artuzi continuar preso depois dos cinco dias (período de validade da prisão temporária)”, opinou o advogado. “Ele tem endereço certo, é prefeito e não dificultou a ação da polícia. Sem contar que é inocente até se provar o contrário”, justificou.
Questionado se Artuzi pretende afastar-se ou renunciar ao cargo, Carlos Marques afastou a alternativa. “Ele só não está despachando na prisão em respeito ao povo”, disse.