O presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou na noite de quinta-feira (11) que o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta apresentou dados irreais da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. A declaração foi feita durante sua transmissão ao vivo semanal na rede social Facebook.
“Não vou falar do [Nelson] Teich, porque ele ficou pouco tempo no Ministério. Ficou um mês. Mas, levando em conta o ministro anterior [Mandetta], esses números eram fictícios. Eram fictícios”, comentou.
Ele também ironizou as recomendações do sul-mato-grossense sobre isolamento social. “E ele [Mandetta] tava todo vendendo o peixe: 'Fique em casa, não saia, a curva, ciência, foco... foco na OMS'. Olha aí a OMS [Organização Mundial de Saúde]. Olha o vexame da OMS”, afirmou.
Bolsonaro disse ainda que o ex-ministro tinha interesse em assustar a população. “Gosto do Mandetta como pessoa, tá certo? Mas ali... deu uma escorregadinha na questão da pandemia. Deu uma inflada aí. Houve algum exagero por ocasião daqueles números naquela época porque o objetivo era vender o pavor”, finalizou.
HOSPITAIS
O presidente sugeriu que as pessoas “arranjem uma maneira de entrar e filmar” hospitais públicos e de campanha para fiscalizar as ações contra a pandemia, de gastos a ocupação de leitos. “Seria bom você fazer na ponta da linha. Tem um hospital de campanha perto de você, tem um hospital público, arranja uma maneira de entrar e filmar. Muita gente está fazendo isso, mas mais gente tem que fazer para mostrar se os leitos estão ocupados ou não, se os gastos estão compatíveis ou não”, disse.
Na live, Bolsonaro afirmou que casos suspeitos que chegam a seu conhecimento são encaminhados à Polícia Federal (PF) e à Agência Brasileira de Inteligência (Abin). “Eu não posso prevaricar. O que chega a meu conhecimento, eu passo para frente para que seja, pela inteligência deles, analisado e abra um procedimento investigatório ou não”, justificou.
CASOS
O chefe do Executivo também disse que recebe denúncias de que mortes são registradas como Covid-19 sem informar as famílias. “Estamos investigando. Tem muito dado que chega e a população reclama que a pessoa tinha uma série de problemas de saúde, entrou em óbito e, até o momento, pelo que os familiares sabiam, não tinha contraído o vírus e aparece lá no óbito como Covid-19”, afirmou.
Segundo Bolsonaro, “isso não é uma pessoa ou um caso, são dezenas de casos por dias que chegam”. O presidente, no entanto, não citou casos específicos ou localidades em que isso teria acontecido.
Na sequência, ele especulou “o que é que querem ganhar com isso?”. “Aproveitando as pessoas que falecem para ter um ganho político e pra culpar o governo federal”, destacou.