Após vários sinais de desprestígio ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, o presidente Jair Bolsonaro fez mais uma tentativa de mostrar publicamente proximidade com o ex-juiz da Lava Jato. Na primeira comemoração do 7 de Setembro como presidente e em um momento de queda de popularidade, Bolsonaro quebrou o protocolo e abandonou a tribuna de honra para desfilar a pé, ao lado de Moro. No palanque, reforçaram o apoio ao presidente religiosos, como o líder da Igreja Universal do Reino de Deus e dono da Rede Record, Edir Macedo, e personalidades como o dono da rede de televisão SBT, Silvio Santos, e o proprietário da Havan, Luciano Hang.
A atitude de Bolsonaro foi interpretada por aliados como um "carinho" a Moro, que viu seu poder diminuir após o presidente cobrar publicamente mudanças no comando da Polícia Federal e dizer que era ele quem mandava na instituição. Conforme mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, o presidente e o ministro tiveram uma conversa áspera no último dia 29 que quase resultou na saída de Moro do governo. Na quinta-feira, Bolsonaro indicou para o cargo de procurador-geral da República Augusto Aras, que já apontou desvios a serem corrigidos na Lava Jato.
Se a relação está desgastada nos bastidores, publicamente, Bolsonaro e Moro desfilaram abraçados. Surpreendendo seus seguranças, o presidente desceu do palanque e fez todo o percurso das arquibancadas. Sob gritos de "mito", Bolsonaro acenou para os presentes ao desfile. O público também gritou o nome do ministro da Justiça.
A líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), disse que "não há crise" entre Bolsonaro e Moro. "Tudo vai muito bem e obrigado", afirmou.
Evangélicos
Os religiosos tiveram posição de destaque na tribuna de autoridades, principalmente os evangélicos, que compõem a ala mais fiel a Bolsonaro. Estiveram presentes, além de Edir Macedo, o pastor Romildo Ribeiro Soares, conhecido como Missionário R. R Soares, fundador e líder da Igreja Internacional da Graça de Deus, e o bispo Robson Rodovalho, fundador da Igreja Sara Nossa Terra. "Foi um momento de louvor à pátria", disse Rodovalho. O arcebispo do Ordinariado Militar do Brasil, d. Fernando José Monteiro Guimarães, também compareceu.
De vestido amarelo, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filhos dos presidente, assistiram ao desfile da tribuna.
Mais uma vez, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) teve papel de destaque. Ele acompanhou o pai no percurso entre a residência oficial e a Esplanada dos Ministérios no Rolls Royce presidencial.
No caminho, Bolsonaro convidou o menino Ivo Cesar González, de 9 anos, para acompanhá-lo.
Convocação
A adesão do público ao pedido de Bolsonaro, para que vestissem verde-amarelo, foi relativa. Uma parte atendeu à solicitação, mas muitos usaram branco - a cor do uniforme de escolas que participam do desfile em Brasília.
Protestos
Em resposta à convocação do presidente Jair Bolsonaro para que pessoas fossem às ruas de verde e amarelo no Dia da Independência, manifestantes usaram preto em atos contra o governo convocados por estudantes e sindicalistas pelo País.
No Rio, centenas de pessoas tomaram parte da Avenida Rio Branco, no centro. O protesto O Grito dos Excluídos acontece há 25 anos, no Sete de Setembro. "Estou aqui pelo Brasil da Amazônia e da Embraer. Não é pelo Brasil de Bolsonaro", afirmou a aposentada Maria das Graças Gama.
Em São Paulo, estudantes e movimentos sociais protestaram em defesa da educação, da democracia, do meio ambiente e do emprego Da Praça Oswaldo Cruz, o público saiu em cortejo pelas avenidas Paulista e Brigadeiro Luís Antônio, até o Monumento às Bandeiras, no Parque do Ibirapuera. Segundo a Polícia Militar, o movimento reuniu cerca de 500 pessoas.
No Recife, manifestantes participaram de uma caminhada de quatro horas em direção ao Parque Amorim, na área central. Em Salvador, o protesto tomou a Rua Carlos Gomes com gritos contra o governo
Em Belo Horizonte e em Curitiba, os cortes na educação foram o principal alvo dos manifestantes.