Não é o primeiro espetáculo apresentado pelo grupo, que adotou o nome há três anos – anteriormente era conhecido como Primeiro da Terceira, iniciando as atividades há 12 anos. "Reunimos pessoas que tinham experiência em música e dança ou que se destacavam nas atividades regulares do Centro de Convivência de Idosos", explica a diretora do espetáculo e professora, Sônia Rolon, que recentemente apresentou trabalho de especialização de dança a partir da atuação com o grupo.
A coreografia "Palco, luz, corpo maduro, alma juvenil" destaca reflexões sobre como a experiência artística traz benefícios para quem está acima dos 60 anos. "Nesta fase é necessária uma orientação precisa para quem vai atuar na dança. A diferença para uma pessoa jovem é muito grande, mas nunca falamos em limitações. O corpo maduro apresenta muitos códigos, que surgem durante a vida; é necessário para aqueles que vão trabalhar com esse pessoal estar sempre atentos, tanto à parte psicológica quanto à física", avalia Sônia.
Em outro aspecto, a diretora acha que o trabalho é muito semelhante com os mais jovens, principalmente no que se refere ao bom humor. "Assim como o pessoal de menos idade, também tenho que enfrentar as conversas, as brincadeiras; é como se fosse uma família". Os elogios maiores estão relacionados à organização e à responsabilidade do trabalho.
Grande virada
O bancário aposentado Lucílio Elias Antunes, 63 anos, diz que não tinha experiência artística anterior até entrar no grupo: "Apenas fiz alguns discursos na adolescência". Ao lado da esposa, participa das coreografias das peças. Na montagem atual, o casal dança valsa, samba de gafieira, cururu e até ritmos de festas juninas. "Para mim, foi uma virada grande. Depois que me aposentei vim com minha esposa participar do grupo. Fizemos novos amigos, nosso estado de espírito melhorou. Recebemos muito incentivo de nossos familiares e críticas também. Eles falam quando a coisa não está bem feita e isso é muito bom para a gente; esses comentários servem para melhorar", destaca.
Ao contrário de Lucílio, Ely Cicalise, 72 anos, teve experiência artística anterior ao grupo. Natural de São Paulo, atuou em produções de Mazzaropi e de outros diretores. Está no Estado desde a década de 70, morando alguns anos em Aquidauana, onde participou do grupo Bataclan, que montou vários espetáculos. "Ajudei na fundação do Grupo Fantasia com outras pessoas e acho que não existem outros no País como o nosso. Normalmente, o pessoal dessa faixa etária monta números, não espetáculos inteiros, com várias atrações".
A jornalista gaúcha Bernardete Guiotto, 65 anos, é outra empolgada pela atuação no grupo. Radicada há 10 anos em Campo Grande, diz que recebeu incentivo do marido para integrar a formação. "Ele não participa, mas gosta das atividades artísticas. Sempre está presente em nossas apresentações".
Durante a trajetória, a formação apresentou-se em várias cidades de Mato Grosso do Sul – Alcinópolis, Rio Verde, Maracaju, Corumbá, entre outras. Em novembro de 2009, saiu do Estado para fazer encenações em municípios da Serra Gaúcha e de Santa Catarina.
No caso do espetáculo atual, o grupo homenageia o teatro de revista, um gênero que existiu no Brasil, principalmente na primeira metade do século 20, mas que entrou em decadência na década de 1960. A trilha sonora passa por Adoniran Barbosa, Carmen Miranda, entre outros. Há momentos nos quais os próprios integrantes cantam no palco, acompanhados por violão e outros instrumentos. Fora as apresentações em teatro, o Grupo Fantasia também marca presença em eventos especiais e comemorativos.