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CPI vai sortear 300 medidores de energia para análise

Energisa contestou critérios e criticou métodos da comissão

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Devem passar por perícia 200 medidores de energia de consumidores de Campo Grande para apontar se há ou não falhas na aferição. O requerimento foi aprovado na reunião de terça-feira (10) pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso do Sul (Alems) que investiga denúncias de irregularidades contra a Energisa, concessionária responsável pela distribuição de energia elétrica para 75 dos 79 municípios do Estado.

Esses relógios passarão por análise no campus de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP). Serão escolhidos medidores de consumidores que apresentaram reclamações à Superintendência de Orientação e Defesa do Consumidor (Procon/MS). O banco de dados do órgão tem cerca de 2,3 mil processos.

Desses, 300 serão sorteados para serem recolhidos para análise. A coleta será feita de 18 a 27 de março. Caso não se encontre o morador ou ele não autorize, a equipe se deslocará para outra Unidade Consumidora. Quando se atingir os 200 “relógios” coletados, o serviço é concluído. Representantes da Energisa contestaram o método, mas a CPI indeferiu o pedido.

DEPOIMENTO

Ontem, o médico Márcio Molinari foi convocado para prestar esclarecimentos à comissão sobre a denúncia que fez. Ele afirmou que a conta da clínica que trabalha aumentou consideravelmente após a concessionária trocar o medidor.

“Após a mudança de padrão, do habitual para o relógio, foi colocado um display [aparelho para medir corrente elétrica] pela Energisa”, disse. Desde então, o médico constatou aumento no consumo apurado e, por conseguinte, no valor cobrado pela Energisa. “Chamei um eletricista para verificar se tinha fuga de energia, mas não havia”, continuou. Molinari disse, ainda, que procurou a concessionária várias vezes, mas não foi atendido.

Sem conseguir avançar na resolução do problema, o médico decidiu, então, fazer uma medição paralela. Verificou, assim, discrepância entre o valor medido no display da concessionária e o apurado em um analisador, aparelho usado pelo técnico contratado por Molinari. Em uma semana, o display marcou 154 Quilowatts-horas (kWh) e o analisador, 22 kWh. Ou seja, o consumo medido pela Energisa foi sete vezes maior que o verificado pelo médico. “É, então, um gasto que acredito que não seja meu, que foi superdimensionado”, reclamou o consumidor.

Representantes da concessionária levantaram questionamentos quanto ao aparelho e solicitaram do técnico, que realizou a mensuração, a portaria do Inmetro que o valide. O deputado Barbosinha explicou que o trabalho da CPI é receber e apurar denúncias, feitas a partir de indícios. “Tem que ficar claro que estamos aqui fazendo oitiva das testemunhas. A medição feita pelo aparelho é um indício, que pode ser validada. A CPI é exatamente para isso: para verificar os indícios, para investigar. Se já tivéssemos certeza, não seria necessária a investigação”, argumentou.

QUESTIONAMENTOS

Coordenador corporativo de medição da Energisa, Marco Antônio Pinheiro Flores criticou a condução dos trabalhos da CPI. Além de questionar o laudo da perícia do consumidor que depôs ontem, ele também colocou em dúvida os fatos que levaram à abertura da comissão.

“Essa clínica estava pagando apenas 50 kWh, e só depois que a Energisa levou uma unidade anti-fraude, o consumo subiu para em torno de 1 mil kWh, que é coerente com a carga: dois a três aparelhos de ar condicionado, computadores e pessoas trabalhando em horário comercial. É um consumo compatível com estabelecimento comercial. 100 kWh é o consumo de uma família de baixa renda”, pontuou.

Quanto à análise de medidores, Flores questionou a amostra de perícia com uso da base de dados do Procon e não fazer a análise em instituição credenciada. “Sugerimos fazer um trabalho técnico na nossa área de cobertura. Deveria ser mais claro: por que trabalhar com a USP de São Carlos. Ela não é creditada pelo Inmetro [Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia], mas para este tipo de serviço não. Por que fazer lá? Vão seguir os parâmetros do Inmetro?”, questionou.

Apesar disso, a concessionária deve seguir o cronograma aprovado pela CPI. O Inmetro pediu para acompanhar e a Energisa vai insistir para que haja um representante. “A diretoria ainda deve decidir se vamos ou não seguir. Mas eu como técnico, acredito não estamos fazendo um trabalho bem feito de metrologia”, finalizou o coordenador.

CAMPO GRANDE

Pré-candidato não vê 'imoralidade' em contratar sócios de seus comissionados

O ex-deputado Rafael Tavares tinha contratado dois advogados que são sócios de Danilo Azambuja e Luiz Fernando Bino

18/04/2024 08h00

O ex-deputado estadual Rafael Tavares (PL) durante a entrevista Foto: Divulgação

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Durante a segunda de uma série de entrevistas que a Rádio CBN Campo Grande e o Jornal Correio do Estado realizarão com os seis pré-candidatos à prefeitura da Capital, o ex-deputado estadual Rafael Tavares (PL) declarou que não vê nenhuma “imoralidade” no fato de ter contrato, quando ainda exercia o mandato, dois advogados que são sócios do seu chefe de gabinete Danilo Assis Azambuja e do seu assessor parlamentar Luiz Fernando Espindola Bino.

O ex-parlamentar foi confrontado na sabatina sobre ter pago R$ 131 mil de verba de gabinete aos advogados Marcelo Bonotto Demirdjian e Alexandre Jacques Costa Glaychman, ambos também sócios da DBGA Advogados.

Durante o período em que atuou como deputado estadual até ser cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em fevereiro deste ano, Rafael Tavares contratou por R$ 81 mil serviços de Marcelo Demirdjian e por R$ 50 mil servidos de Alexandre Glaychman.

“Eu gastei sim com advogado, mas nunca um advogado que estava nomeado no gabinete recebeu de forma externa. O advogado externo que era contratado para fazer parecer. Ele tem um CNPJ individual de advogado, prestou um parecer técnico para mim e eu paguei pelo serviço.

E existiu um outro advogado que estava lá dentro da Assembleia Legislativa e que me acompanhava diariamente. Foi isso que aconteceu”, declarou, referindo-se a Marcelo Demirdjian e Alexandre Glaychman.

Documentos obtidos pelo Correio do Estado apontam possíveis violações ao Artigo 117 da Lei Federal nº 8.112/1990, que trata do Regime Jurídico dos Servidores Públicos, pois, durante o período em que ocupavam cargos no gabinete do ex-deputado Rafael Tavares, eles foram identificados como sócios-administradores de empresas privadas e também da DBGA Advogados.

Danilo Azambuja e Luiz Fernando Bino também tinham outras empresas, o primeiro constituiu uma empresa no dia 3 de fevereiro de 2023, dois dias depois do início das atividades parlamentares da atual legislatura, enquanto o segundo era sócio administrador de uma empresa de serviços advocatícios.

Segundo a Lei Estadual nº 4.091, do Estado de Mato Grosso do Sul, os servidores do Poder Legislativo estão sujeitos a proibições específicas, incluindo a participação em administração de empresas comerciais e o exercício de comércio. 

Também está no Regimento Interno da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, artigo 175, X e XI, página 17, estabelecendo que atividades comerciais dos funcionários do gabinete podem violar diretamente essas disposições legais, uma vez que ocupavam cargos comissionados enquanto eram sócios-administradores de empresas privadas.

AMIGOS PESSOAIS

Ainda na entrevista, Rafael Tavares disse que os quatro advogados são seus amigos pessoais.

“Quando eu entrei na Assembleia Legislativa, era para eu contratar um advogado do deputado estadual Pedro Kemp (PT)? Não, eu contratei advogados de direita, advogados que eu conheço, que eu confio.

São pessoas do meu relacionamento. Agora, estão me acusando de usar verba indenizatória com advogado, mas esse recurso serve para isso mesmo”, argumentou.

Ele ainda justificou a contratação de Marcelo Demirdjian e Alexandre Glaychman como responsáveis por ajudá-lo a apresentar mais de 40 projetos de leis na Assembleia Legislativa.

“Outra coisa, eu sou o líder no número de indicações na Casa, mais de 1.100 indicações, 25% das indicações foram feitas pelo meu gabinete e por esses advogados que trabalharam comigo. Ou seja, tem serviço para justificar o pagamento da verba indenizatória e, para concluir, eu sou o 15º deputado que mais gastou, tem outros 14 que gastaram mais que eu”, ressaltou.

Questionado se seria normal a contratação de dois advogados sócios de seu chefe de gabinete e do seu assessor parlamentar, Rafael Tavares disse que “sim, acho normal, pois são advogados do meu entorno, advogados de confiança”.

“Eu não contratei o escritório DBGA Advogados, pois o escritório é contratado quando você vai resolver vários problemas e cada advogado tem sua especialidade.

Eu contratei um advogado, um CNPJ individual dele, para prestar um serviço técnico, que foi prestado, inclusive os resultados estão aí sendo apresentados”, finalizou.

O ex-deputado estadual foi novamente interpelado se não seria uma imoralidade ter feito as duas contratações e respondeu com uma outra pergunta.

“Qual que é a imoralidade? Veja bem, vou repetir para todos entenderem, o Danilo, nomeado no gabinete, não recebeu verba indenizatória nenhuma.

O escritório não recebeu verba indenizatória nenhuma, os pagamentos foram feitos para o CNPJ do Alexandre e para o CNPJ do Marcelo. Eu, repito aqui, não fiz nenhum pagamento de verba indenizatória para o escritório”, finalizou.

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Comentário

Flávio Bolsonaro vota a favor da PEC das Drogas e ironiza: 'Homenagem à harmonia entre Poderes'

A PEC de autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), estipula como crime tanto a posso como o porte de drogas

17/04/2024 21h00

Flávio e Eduardo Bolsonaro. Foto: Reprodução/Redes Sociais

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O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse que voto a favor da proposta de emenda à Constituição (PEC) que criminaliza a posse e o porte de qualquer quantidade de droga no País é "em homenagem à harmonia e independência entre os Poderes". Nesta terça-feira, 16, o Senado aprovou a PEC que vai na contramão da proposta do Supremo Tribunal Federal (STF) que julga processo que pode descriminalizar o porte de maconha para uso pessoal.

A PEC é uma resposta do Congresso ao julgamento ao STF que debate a legalidade do artigo nº 28 da Lei de Drogas, que determina a punição para o usuário de entorpecentes. Na regulamentação, não há uma definição sobre a quantidade de droga que deve diferenciar o uso do tráfico de drogas, o que provocou a discussão da Corte para a criação de um parâmetro que possa distinguir as ocorrências.

"Sei que está difícil gerar emprego nesse país, mas a gente não pode concordar em legitimar a profissão de ‘aviãozinho do tráfico’. Com esse parâmetro que parece que vai ser estabelecido pelo Supremo, vai ter uma esquadrinha do tráfico no Brasil inteiro, vários aviãozinho levando droga até o usuário final", ironizou o senador durante votação.

Flávio Bolsonaro apresentou as orientações do Partido Liberal (PL) que, segundo ele, é voto sim "a favor da vida". "O que eu não quero para minhas filhas, eu não obviamente não posso votar aqui para atingir os filhos dos outros. Em terceiro, o PL encaminha o voto sim em homenagem a um debate ponderado e justo. Não tem ninguém preso, nesse Brasil, por consumo de drogas".

A PEC de autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), estipula como crime tanto a posso como o porte de drogas. O texto não faz diferenciação sobre quantidade. Desta forma, considera ato criminoso portar ou possuir qualquer quantidade de entorpecente.

O texto prevê a diferenciação entre quem apenas usa qualquer tipo de droga, incluindo a maconha, e quem trafica as substâncias, mas a diferenciação não descriminaliza o uso. A partir da distinção, são previstas penas diferentes: mais rigorosas para quem vende e mais brandas para o usuário, incluindo tratamento para os dependentes químicos e penas alternativas à prisão.

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