O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu na última quinta-feira (17) suspender a tramitação do inquérito sobre suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal. O ministro determinou o adiamento do depoimento do chefe do Executivo previsto para a próxima semana e levou essa questão para o plenário da corte.
No entanto, a decisão do magistrado diverge do decano do Supremo, Celso de Mello que negou o pedido feito pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, para que o presidente pudesse optar por depor de forma escrita no inquérito.
O decano está afastado dos trabalhos devido a problemas de saúde e possivelmente, só retorna no próximo dia 26. Ele se aposentará compulsoriamente no início de novembro quando completará 75 anos.
Neste cenário, segundo a assessoria do STF, a responsabilidade recai sobre Marco Aurélio, por ser o segundo mais antigo, depois de Celso.
"Considerada a notícia da intimação para colheita do depoimento entre 21 e 23 de setembro próximos, cumpre, por cautela, suspender a sequência do procedimento, de forma a preservar o objeto do agravo interno e viabilizar manifestação do Ministério Público Federal", disse Marco Aurélio.
Ele ainda pediu nova manifestação do PGR. "Determino a suspensão da tramitação do inquérito até a questão ser submetida ao Pleno", completou.
ENTENDA
O inquérito foi aberto em abril após o ex-ministro da Justiça Sergio Moro ter acusado o presidente de ter tentado interferir no comando da PF. Mais cedo, o ministro do STF já havia falado à Reuters sobre sua decisão de adiar o depoimento e justificado a iniciativa.
"Como não sou adepto da autofagia não vou apreciar o ato do meu colega", disse o ministro em entrevista Agência à Reuters.Para levar a questão ao pleno, para que não haja perda de objeto do recurso do presidente, eu terei que congelar tudo, colocar tudo em stand by, para que se aguarde o crivo do plenário, já que a Polícia Federal designou os dias 21, 22 e 23 para ouvir o presidente", explicou.
Após ouvir a manifestação da Procuradoria-Geral da República, caberá agora ao atual presidente do STF, Luiz Fux, marcar o julgamento do recurso em plenário.