Política

REFORMA ADMINISTRATIVA

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Deputados de Mato Grosso do Sul questionam fim de estabilidade dos servidores

Bancada do Estado está dividida entre apoiadores e contrários ao projeto do governo

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Parte da bancada sul-mato-grossense no Congresso é a favor de uma reforma administrativa nos setores públicos federal, estaduais e municipais, mas discordam de alguns pontos da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Nova Administração Pública, apresentada pelo governo federal. 

Questionam a extinção da estabilidade, a falta de avaliação de desempenho, a exclusão de algumas categorias do teto remuneratório, mas defendem o fim de alguns dos privilégios – como férias superiores a 30 dias – sugeridos no texto pelo Palácio do Planalto.  

A PEC 32/2020 apresentada pelo governo altera 27 trechos da Constituição e cria 87 novos, sendo quatro artigos inteiros. As principais medidas tratam da contratação, da remuneração e desligamento de pessoal e terão validade somente para quem ingressar no setor público após a aprovação das mudanças.

O senador Nelson Trad Filho (PSD) afirmou que “essa reforma é uma exigência da transformação da sociedade, que no final das contas exige essas mudanças. O direito adquirido foi preservado para quem já é funcionário público, mas daqui para frente quem se submeter aos concursos públicos deverá saber dessas novas regras e, ao tomar posse, concordar com elas. São os novos tempos, creio que passará, sim, no Senado”.

A deputada federal Rose Modesto (PSDB) enfatizou também que “a reforma é necessária. Precisamos adequar o serviço público às demandas atuais”, explicando que “antes de definir quais pontos vou defender que sejam mudados, conversarei com os sindicatos dos servidores; vou escutá-los, ouvir suas propostas". 

"Uma coisa é certa: não podemos prejudicar os funcionários públicos que já têm direitos adquiridos. Na proposta apresentada, sou a favor de acabar com alguns privilégios, como férias superiores a 30 dias, bem como com a aposentadoria compulsória como punição”, ressaltando que “é preocupante a intenção de manter alguns privilégios para algumas carreiras e sacrificar a maioria dos servidores públicos”.

A parlamentar disse que defende “a reformulação da progressão, que precisa ser baseada em critério de produtividade e não mais com base exclusiva no tempo de serviço. O problema é que a proposta não cria mecanismo de avaliação; essa é uma questão que temos de pensar cuidadosamente, uma vez que ela acaba com a estabilidade, condição que dá garantias para o servidor exercer sua função sem ficar refém de gestores que podem demitir o funcionário público sem critério algum”.

Essa é uma grande preocupação do deputado Fábio Trad (PSD), ressaltando que “o texto enviado pelo governo merece algumas críticas". 

"Eu concordo que o funcionário que apresente mau desempenho em suas funções não possa ter lugar no serviço público. Mas privá-lo da garantia da estabilidade só vai torná-lo presa fácil do arbítrio, da represália e do mandonismo de superiores prepotentes. Ao invés de acabar com a estabilidade, por que o governo não cria mecanismos que aperfeiçoem as comissões de avaliação de desempenho, dando-lhes autonomia?", questionou.

"Também não vi no projeto uma ataque frontal aos privilégios remuneratórios e abusos que elevam alguns salários a casa de três dígitos no serviço público brasileiro. Também não vejo com bons olhos inserir na reforma o poder ao presidente de extinguir órgãos sem autorização do Congresso. Isso soa temerário, pois é muita concentração de poder a uma autoridade em questão estruturante para o Estado brasileiro”, completa.

Outro parlamentar que se mostra preocupado é Dagoberto Nogueira (PDT), explicando que o projeto deve mudar muito durante o processo de votação, mas ponderando que a proposta mantém alguns privilégios e sacrifica a maioria dos servidores. 

"Isso é preocupante. Se temos de fazer uma reforma, tem que doer para todos. Estou vendo o Maia [Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados] apresentar uma diminuição considerável do número de funcionários, a questão de teto salarial, a questão de férias. Nós temos poderes em que o servidor tem 90 dias de férias. Tem pagamento acumulado de férias de quem está trabalhando".

"É um monte de penduricalho que fazem, principalmente, no judiciário. É descabido, acaba dando um salário monstruoso. Essas coisas temos que peitar. Nós temos que acabar com esses privilégios. Fora disso, não podemos colocar tudo na conta conta do servidor que está ganhando um salário mínimo”.

Sobre os penduricalhos, Fábio Trad destacou que “todos os penduricalhos que elevam o salário acima do teto devem ser revistos. Não vi essa disposição no projeto. Agora, retirar direitos que servem para estimular o servidor na carreira é um péssimo negócio. Serviço público não pode ser visto como empresa. Não é assim. Existem direitos e garantias que não são privilégios, mas fatores de proteção contra caça às bruxas”.

Com opinião totalmente diferente sobre a estabilidade, a senadora Soraya Thronicke (PSL) enfatizou que a proposta do governo é fazer uma reforma “que seja mais justa para todos".

"Acabar com a estabilidade não significa que os servidores perderão seus empregos. Apenas que há essa possibilidade para o servidor que não corresponde às expectativas do cargo que ocupa, que não se empenha no trabalho, assim como acontece na iniciativa privada. Não é justo que a população pague salário para quem não produz".

"Além disso, o governo não fará alterações para o funcionalismo atual; as alterações serão futuras, sem prejudicar direitos já adquiridos. Então acredito, sim, que essa reforma é necessária e que devemos iniciar esse debate. Se não houver mudanças nas regras, a máquina pública não suportará. Precisamos defender o futuro do Brasil e construir juntos uma reforma administrativa responsável para ser aprovada agora. Não podemos perder mais tempo”.

Para o deputado Dr. Luiz Ovando (PSL), “essas proposições [da PEC da Reforma Administrativa] mostram um compromisso do governo Bolsonaro em priorizar serviço de qualidade. Responsabilidade e justiça em bem gerir os impostos e modernizar o Estado brasileiro para avançar em direção à presteza e eficiência. Essa é a verdadeira proposição do governo Jair Bolsonaro”.

Antes de conhecer o texto apresentado pelo governo federal, a senadora Simone Tebet (MDB) afirmou que “a reforma administrativa é necessária, mas depende de como vier. Expor servidor público como vilão e corte de direitos como salvação da lavoura, além de falso e equivocado, é insuficiente”.

Parlamentares são contra a reforma

O deputado Vander Loubet (PT) se mostra contrário à reforma, afirmando que “em resumo: essa reforma administrativa representa muito retrocesso”. 

Ele destaca que “essa proposta de reforma administrativa é a continuação do pacote de maldades iniciado com o governo Temer. Tivemos a terceirização ilimitada, a reforma trabalhista, a reforma da Previdência e agora isso. São muitos os problemas dessa proposta. Em vez de querer acabar com a estabilidade dos servidores, o governo deveria melhorar as comissões que fazem a avaliação de desempenho dos servidores".

"A ideia de poder criar carreiras vulneráveis [ou seja, sem a estabilidade] é o sonho de políticos perversos e corruptos, assim como dos setores econômicos que são seus cúmplices. Os servidores se tornariam presas de seus superiores. Já vemos abusos ocorrendo hoje com a estabilidade. Com a reforma, esse cenário só iria piorar”.

O petista enfatiza que a reforma “deveria focar em um mecanismo que possa combater as violações do teto remuneratório, ou seja, os privilégios em termos de remuneração que alguns servidores possuem. Outro ponto preocupante é a ideia de concentrar na mão do presidente o poder de extinguir órgãos sem a devida autorização do Congresso Nacional. Trata-se de uma proposta praticamente ditatorial”, apontando que a proposta não afeta magistrados, parlamentares, militares e membros do Ministério Público. 

Por outro lado, professores e profissionais da saúde devem ser os maiores prejudicados pela reforma. 

“Não tem cabimento isso, mostra a falta de compromisso desse governo com os dois setores mais importantes para a população, ou seja, saúde e educação.”

Proposta

Pela proposta do governo, a maioria dos servidores públicos vai perder a estabilidade; parte vai ingressar no serviço público por processos seletivos simplificados; faz o estágio probatório ser uma etapa de seleção (hoje quem passa no concurso público assume o cargo efetivamente); dá poderes para o presidente da República extinguir órgãos públicos, entre outras mudanças.

O texto exclui destas regras os parlamentares, juízes, desembargadores, ministro dos tribunais superiores, promotores, procuradores e militares.

NÚCLEO POLÍTICO

Riedel demonstra força e confirma mais da metade dos prefeitos de MS em evento

Os gestores municipais participarão do lançamento do Programa Municipalismo Ativo na próxima segunda-feira

19/04/2024 08h00

O governador Eduardo Riedel reunirá os prefeitos de MS na Capital Foto: Arquivo / Correio do Estado

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O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), promoverá na próxima segunda-feira (22), o evento mais abrangente de sua administração, desde que ela teve início, em janeiro de 2023. 

Até ontem à tarde, 75 dos 79 prefeitos do Estado já haviam confirmado presença no evento, que será realizado no Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo, no Parque dos Poderes, em Campo Grande. 

O evento em questão é o lançamento do programa MS Ativo Municipalismo. 

O evento que será liderado por Eduardo Riedel resulta de centenas de reuniões e encontros que o governador de Mato Grosso do Sul teve com prefeitos, vereadores e outras lideranças comunitárias, para alinhar as diretrizes do programa. 

O Municipalismo Ativo começou a ser construído por Eduardo Riedel quando o deputado estadual Pedro Caravina (PSDB) comandava a Secretaria de Estado de Governo e Gestão Estratégica (Segov) no ano passado, e foi concluído neste ano, já sob a liderança do atual secretário Rodrigo Perez. 

Ao contrário dos outros programas que usavam o termo municipalismo, lançados na gestão de Reinaldo Azambuja (PSDB), antecessor de Eduardo Riedel, a versão atual do programa chega repaginada. 

Ela não tem o foco ajustado apenas para a realização de obras, mas para investimentos em áreas diversificadas. 

No programa que será lançado na próxima segunda-feira, Riedel espera espalhar para os municípios o conceito que vem aplicando em sua administração e que virou um mantra entre os servidores e secretários: o da transversalidade. 

O Municipalismo Ativo contemplará investimentos em educação, saúde, em áreas sociais, além da própria infraestrutura. 

A ajuda do governo também não é de graça, é preciso uma contrapartida, que não é financeira: os prefeitos devem se comprometer a melhorar os indicadores de seus municípios, e a fiscalização da melhoria dos indicadores e do acompanhamento dos processos é feita pelo próprio governo, tendo como líder neste processo a Controladoria Geral do Estado. 

Mas o evento, claro, vai muito além da técnica. Riedel tem tudo para reunir quase todos os prefeitos de Mato Grosso do Sul na próxima segunda-feira no Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo, a partir das 16h30. 

Nos bastidores, se comenta que para um gestor que é criticado por setores do próprio partido que ainda tem dificuldades na questão política, não é nada mal. 

A data do evento, no fim do mês de abril, também é simbólica. 

Muitos destes prefeitos estão em busca da reeleição ou de fazer seus sucessores, e a aproximação com o governo de Mato Grosso do Sul é importante para os dois lados na troca de apoio político

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Justiça

STF reafirma que todas as decisões da Corte são fundamentadas

Declaração é em resposta a comitê da Câmara dos Deputados dos EUA

18/04/2024 22h00

Marcelo Casal/ Agência Brasil

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O Supremo Tribunal Federal (STF) declarou nesta quinta-feira (18) que todas as decisões tomadas pela Corte são fundamentadas. A manifestação foi feita após um comitê da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos divulgar notificações do ministro Alexandre de Moraes direcionadas à rede social X, antigo Twitter.

Na quarta-feira (17), os documentos, que estão em segredo de Justiça, foram divulgados pela comissão, que tem parlamentares ligados ao ex-presidente Donald Trump no comando dos trabalhos.

As notificações fazem parte de diversas determinações para retirada de conteúdos considerados ilegais por Moraes. A remoção das postagens são consideradas como censura pelos críticos do ministro.

Ao se manifestar sobre a divulgação do comitê, o Supremo rebateu acusações de que as decisões não foram fundamentadas.  Segundo o STF,  os documentos que foram divulgados são ofícios enviados às plataformas para cumprimento das decisões.

A Corte declarou ainda que todas as partes envolvidas em processos têm acesso à fundamentação das decisões.

"Todas as decisões tomadas pelo STF são fundamentadas, como prevê a Constituição, e as partes, as pessoas afetadas, têm acesso à fundamentação", afirmou a Corte.

A ofensiva contra o Supremo e Alexandre de Moraes nos Estados Unidos começou após o ministro incluir o empresário norte-americano Elon Musk, dono da rede social X, no inquérito que investiga atuação de milícias digitais para disseminar notícias falsas no país.

 

 

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