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Diretórios regionais do PSL têm dívida de R$ 5,9 milhões

Diretórios regionais do PSL têm dívida de R$ 5,9 milhões

ESTADÃO CONTEÚDO

17/10/2019 - 14h01
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Alvo de um pedido de auditoria por parte do presidente Jair Bolsonaro, o PSL acumula dívidas de ao menos R$ 5,9 milhões com a União relacionadas aos seus diretórios regionais. A maior parte (86%) diz respeito a multas eleitorais, aplicadas por irregularidades envolvendo gastos em campanhas de candidatos do partido. Dirigentes da sigla atribuem os débitos a gestões anteriores.

Na lista de devedores da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional - órgão do governo responsável por cobrar as dívidas -, estão diretórios locais do PSL que deixaram de pagar os débitos após 30 dias da decisão da Justiça Eleitoral. O que acumula o maior saldo devedor é o de São Paulo, comandado desde julho pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente

O total de R$ 1,01 milhão se refere a multas eleitorais (R$ 896,5 mil) e débitos tributários (R$ 115,2 mil).

Conforme mostrou o jornal O Estado de S. Paulo em agosto, dos 362 municípios paulistas onde o PSL tem diretório, apenas 147 estão aptos a funcionar. O restante foi desativado ou tem pendências que vão de ausência de prestação de contas à falta de CNPJ. As irregularidades impedem o partido de lançar candidatos a prefeito ou a vereador nestas cidades no ano que vem. Eduardo afirmou que tem atuado para regularizar a situação a tempo.

No "caderninho" da Procuradoria da Fazenda Nacional também consta uma multa criminal de R$ 7,1 mil ao PSL de Altamira, no Pará. Questionado sobre o motivo da cobrança, o presidente do diretório paraense da sigla, Hugo Barra, afirmou desconhecer. "Isso tem relação com a antiga gestão, que antecedeu a minha. Não temos um levantamento ainda da situação do partido em todas as cidades", afirmou Barra, que é secretário de Justiça no governo de Helder Barbalho (MDB) e filho do deputado Eder Mauro (PSD-PA).

Barra assumiu a direção partidária no Estado no ano passado, quando o PSL deixou de ser um partido nanico e se tornou uma superpotência. Impulsionada pela onda bolsonarista, a sigla foi a mais votada na disputa para a Câmara em 2018 e deve receber, apenas neste ano, R$ 110 milhões do Fundo Partidário.

Um projeto aprovado na Câmara no mês passado pode ajudar o PSL a usar o cofre inflado para quitar as dívidas. Isso porque deputados incluíram no texto a previsão de que os recursos do Fundo Partidário podem ser usados para o pagamento de multas - aplicadas, na maioria das vezes, por uso irregular do dinheiro público. Este trecho, porém, foi vetado por Bolsonaro ao sancionar a lei. Parlamentares discutem derrubar o veto.

Para o advogado Cristiano Vilela, integrante da comissão eleitoral da seccional de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), o pagamento das dívidas com recursos públicos é uma necessidade dos partidos após o fim do financiamento empresarial, vetado pelo Supremo Tribunal Federal em 2015. "Se não puder usar recurso público, vai pagar como?".

Ação

Em Goiás, o deputado Delegado Waldir (PSL-GO), presidente do diretório estadual desde o ano passado, disse que ingressou com uma ação judicial para responsabilizar os antigos dirigentes da sigla pelas dívidas. Ele tem R$ 300 mil pendentes. "Não fui eu e nem o presidente Luciano Bivar que causamos essas dívidas", afirmou. Ele argumentou que, nos casos dos diretórios municipais de Goiás, cada gestor terá que resolver a situação por conta própria. "Cada um por si e Deus por todos."

O presidente do diretório do Ceará, deputado Heitor Freire (PSL-CE), também disse ter herdado o passivo ao assumir o posto. "Eu estou respondendo processo por contas desaprovadas em 2014 e 2015. Tive de contratar um escritório contábil para resolver isso", afirmou. Segundo ele, as dívidas, na casa de R$ 40 mil, são referentes a multas.

Procurado, Bivar também afirmou, por meio de sua assessoria, não ser responsável pelas dívidas dos diretórios locais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

BRIGA DE EGOS

Com parecer favorável, Coringa e Lívio disputam controle sobre CPI do consórcio Guaicurus

Autores dos requerimentos, os dois vereadores querem estar entre os cinco componentes e brigar pela presidência e a relatoria

18/03/2025 08h30

Os vereadores Junior Coringa (MDB) e Dr. Lívio (União Brasil) foram os responsáveis pelos pedidos

Os vereadores Junior Coringa (MDB) e Dr. Lívio (União Brasil) foram os responsáveis pelos pedidos Foto: Montagem

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Com o parecer favorável dado pela Procuradoria-Geral da Câmara Municipal de Campo Grande para a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar possíveis irregularidades no serviço de transporte coletivo urbano prestado pelo Consórcio Guaicurus, o foco agora está na escolha dos cinco vereadores que vão integrar a comissão.

O Correio do Estado apurou que a disputa para participar da CPI do Ônibus e ocupar os dois cargos mais importantes da comissão, que são a presidência e a relatoria, já começou entre os dois vereadores que apresentaram os requerimentos de abertura – Junior Coringa (MDB) e Dr. Lívio (União Brasil) – e deve se estender pelo menos até a próxima semana na Casa de Leis. 

Pelo regimento interno da Câmara Municipal, o presidente, vereador Epaminondas Vicente Silva Neto (PSDB), o Papy, terá de publicar um ato de instauração da CPI, com prazo de 120 dias para a conclusão dos trabalhos, e, em seguida, os vereadores definirão os cinco membros, que elegerão o presidente e o relator.

Além disso, a composição tem de obedecer à proporcionalidade de bancada. Nesse caso, o PSDB, com o maior número de vereadores (cinco), teria uma vaga, depois o PP, com quatro vereadores, ficaria com outra vaga, enquanto PL, PT e União Brasil (com três vereadores cada) ocupariam as outras três vagas subsequentes. 

No entanto, na eventualidade de um ou mais vereadores dos cinco partidos com maiores bancadas abrirem mão de vagas, o quinto integrante poderá ser indicado fora da regra de proporcionalidade, ou seja, dos demais partidos que integram a Casa de Leis, no caso, o MDB, de Junior Coringa, seria o mais interessado, já que o União Brasil, de Dr. Lívio, já tem uma vaga garantida.

Os dois vereadores, conforme apurou o Correio do Estado, teriam, entre ontem e hoje, uma reunião com o presidente para alinhar a participação de ambos na CPI do Ônibus, pois entendem que não seria justo que ficassem de fora da investigação, já que foram os responsáveis pelos requerimentos que viabilizaram a instauração da CPI, cujo tema foi proposto em outras 10 oportunidades e nunca avançou.

REPERCUSSÃO

A reportagem entrevistou o vereador Dr. Lívio sobre sua participação na CPI do Ônibus e se ele procuraria a presidência ou a relatoria, mas o parlamentar desconversou.

“Nem a composição da CPI está definida ainda”, disse.

No entanto, ele ressaltou que a composição deve respeitar a composição partidária.

“Após essa definição, serão eleitos o presidente e o relator da comissão, e vou aguardar. Pela composição partidária, o União Brasil terá uma vaga na CPI”, reforçou.

Dr. Lívio completou que vai pedir o consentimento dos seus colegas para ser membro da CPI do Ônibus.

“Até por ser o presidente da Comissão Permanente de Transporte e Trânsito da Casa de Leis, mas isso ainda depende de outros fatores”, concluiu.

Já o vereador Junior Coringa admitiu que deseja participar da CPI do Ônibus e que vai, sim, brigar pela presidência.

“Agora, com a abertura da CPI, o nosso objetivo é ser indicado pela minoria para que a minoria seja representada na comissão”, pontuou. 

Ele explicou que a minoria é formada pelos partidos que não têm a quantidade de votos e de vereadores suficiente para poder indicar de forma automática um integrante da CPI do Ônibus.

“Então, a gente espera que o presidente Papy indique alguém da minoria, algum vereador da minoria, e que seja eu”, declarou.

O parlamentar ressaltou que espera a indicação por ter sido autor de um dos requerimentos para a instauração da CPI.

“O meu objetivo é pegar a presidência para que possa iniciar os trabalhos. Até porque a abertura dessa comissão foi algo que sempre preguei para que possamos ter um transporte coletivo de qualidade e que a CPI possa contribuir com isso”, argumentou.

ERROS

Junior Coringa reforçou que a CPI vai apontar os erros do Consórcio Guaicurus e também as soluções para os principais problemas.

“Se no fim da CPI a gente encontrar situações que possibilitem a quebra de contrato, vou solicitar que a Prefeitura de Campo Grande possa fazer um novo chamamento público e convocar novas empresas para poder atuar no transporte público”, avisou.

O parlamentar disse ao Correio do Estado que sua contribuição é deixar para Campo Grande um transporte público de qualidade. 

“Nós aguardamos que o Consórcio Guaicurus possa fazer o que ele prometeu no contrato, que é oferecer para a população um serviço de qualidade que hoje não está sendo oferecido”, reclamou.

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INVESTIGAÇÃO

Jurídico da Câmara da Capital dá parecer favorável à instauração da CPI do Ônibus

O procurador recomendou que sejam apurados idade da frota, equilíbrio financeiro e fiscalização feita pela Prefeitura de Campo Grande

17/03/2025 08h00

Câmara dá parecer favorável para instaurar CPI do Ônibus

Câmara dá parecer favorável para instaurar CPI do Ônibus Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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Após o presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, vereador Epaminondas Vicente Silva Neto (PSDB), o Papy, dar “sinal verde” para a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar possíveis irregularidades no serviço de transporte coletivo urbano prestado pelo Consórcio Guaicurus, agora foi a vez da Procuradoria-Geral da Casa de Leis divulgar parecer favorável à investigação.

No documento, que o Correio do Estado obteve com exclusividade, o procurador jurídico Luiz Gustavo Martins Araújo Lazzari concluiu que, em análise de ambos os requerimentos de abertura de CPI, apresentados pelos vereadores Junior Coringa (MDB) e Dr. Lívio (União Brasil), enxergou “parcial preenchimento dos requisitos impostos, motivo pelo qual opino favoravelmente à abertura de CPI”.

Porém, ele escreveu no parecer a recomendação para que a CPI somente apure três fatos determinados. O primeiro fato é a utilização de frota com idade média e máxima dentro do limite contratual e o estado de conservação dos veículos, nos últimos cinco anos. O segundo é o equilíbrio financeiro contratual após aplicação dos subsídios públicos concedidos pelo Executivo municipal à empresa concessionária por meio das leis complementares nº 519/2024 e nº 537/2024.

Já o terceiro e último fato determinado é a fiscalização feita pela Prefeitura Municipal de Campo Grande, por meio da Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg) e da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), do serviço de transporte público prestado pela concessionária após a assinatura do termo de ajustamento de gestão (TAG) perante o Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul (TCE-MS), em novembro de 2020.

RESUMO

No resumo do parecer, o procurador jurídico Gustavo Lazzari explicou que foram analisados os dois requerimentos encaminhados ao presidente Papy, um de autoria do vereador Junior Coringa e outro do vereador Dr. Lívio, solicitando a instauração de uma CPI para investigar possíveis irregularidades na prestação do serviço público de transporte coletivo urbano da Capital.

“Percebe-se em ambos os requerimentos apresentados que se busca, prioritariamente, a apuração de eventual descumprimento do Contrato de Concessão nº 330, de 25 de outubro de 2012, tendo em vista a alegada má prestação dos serviços pelo Consórcio Guaicurus, sobretudo utilização de veículos em mau estado de conservação e com elevada idade”, detalhou.

Ele prosseguiu, explicando que foi possível notar ainda que os parlamentares indicaram a obtenção de lucro da empresa concessionária nos últimos anos, bem como a concessão de subsídios públicos por meio de edição de leis, com destaque para a isenção de Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISSQN) e a subvenção econômica concedida.

“Eles apontaram ainda a existência de descumprimento das obrigações assumidas no TAG firmado entre a Prefeitura de Campo Grande, o Consórcio Guaicurus, a Agetran, a Agereg e o TCE-MS, uma vez que não teria ocorrido acatamento dos ajustes na execução do serviço pela empresa concessionária, além da inexistência de fiscalização pelas agências municipais”, pontuou.

Gustavo Lazzari acrescentou que os requerimentos demonstram identidade de causa de pedir, já que apresentam fundamentação semelhante para pleitear a abertura do procedimento investigatório na Casa de Leis, entretanto, “vislumbra-se indicação de alguns fatos determinados diferentes nos requerimentos apresentados, o que será apreciado no presente parecer”

TAG

Gustavo Lazzari ainda analisou o fato de os dois requerimentos solicitarem a apuração do TAG assinado com o TCE-MS, em 11 de novembro de 2020, com anuência da Câmara Municipal.

“O instrumento estabeleceu obrigações aos compromissários com o objetivo de aperfeiçoar o contrato de concessão celebrado e melhorar a prestação do serviço de transporte público no âmbito municipal”, recordou.

Portanto, completou, entre as disposições elencadas no TAG, destacam-se a obrigação da empresa concessionária em manter a conservação e a manutenção dos veículos utilizados, a determinação à Agereg e à Agetran de criação de meios de fiscalização da frota, sobretudo com relação à verificação da idade dos ônibus, além da imposição ao Poder Executivo de atuar positivamente para garantir que o serviço de transporte público ocorra de forma segura e eficiente.

“Surge clarividente, assim, que os fatos indicados no requerimento apresentado, alvos de investigação na CPI a ser instaurada, já são contemplados no TAG, possuindo o TCE-MS a incumbência de fiscalização acerca de seu cumprimento pelos compromissários. Neste diapasão, convém alertar que eventuais conclusões da comissão a ser instauradas poderão se mostrar inócuas diante do procedimento realizado perante o Tribunal de Contas [de MS], levando em consideração as obrigações já delineadas no citado TAG”, explicou.

O procurador assegurou que “eventual constatação de descumprimento do TAG impõe aplicação das sanções previstas no termo, sendo que o resultado será o mesmo do advento de eventual irregularidade apurada em CPI, redundando, portanto, em esforço infrutífero por parte dos vereadores”.

COMPARAÇÃO

Para concluir, Gustavo Lazzari ainda ressaltou que, na comparação dos dois requerimentos apresentados, percebe-se que aquele de autoria do vereador Dr. Lívio tem maior abrangência no seu objeto.

“Além disso, resta inequívoca a identidade de causa de pedir e de pedido entre os requerimentos, já que se baseiam em fundamentos de fato e de direito semelhantes e possuem o escopo principal de apurar eventuais irregularidades na prestação do serviço de transporte público coletivo no âmbito municipal”, apontou.

Nessa mesma linha, conforme o procurador, “com ressalva aos fatos que não se mostram determinados, pontuados nos tópicos anteriores, o requerimento de autoria do vereador Lívio, mais abrangente, abarca os elementos apresentados no requerimento de autoria do vereador Junior Coringa, o que leva à conclusão de que eventual CPI a ser instaurada deve englobar ambos os requerimentos”.

Por fim, Gustavo Lazzari explicou que, com exceção dos fatos que não são considerados determinados, vislumbra-se a possibilidade de instauração de CPI para investigar as situações narradas nos requerimentos apresentados pelos vereadores Junior Coringa e Dr. Lívio.

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