Política

POLÍTICA

Fim do financiamento empresarial de campanha traz novos desafios ao Congresso

Fim do financiamento empresarial de campanha traz novos desafios ao Congresso

AGÊNCIA BRASIL

19/09/2015 - 19h00
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Com a decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na última quinta-feira (17), de proibir o financiamento privado das campanhas eleitorais, os defensores da medida pretendem intensificar os próximos passos para que essa prática seja página virada no Brasil.

A Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, criada em 2013 por 103 entidades representativas do país, como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), além de movimentos sociais,  trabalha com duas prioridades: a primeira, respaldada pela decisão do STF, é conseguir o veto da presidente Dilma Rousseff ao ponto da minirreforma eleitoral (PL 5735/13), aprovada na semana passada pela Câmara dos Deputados, que permite a doação de empresas para partidos políticos nas campanhas.

“Nossos interlocutores estão cuidando para que a presidente nos receba nos próximos dias. Ela já fez isso uma vez. Queremos pedir a ela que vete essa proposta”, disse o diretor do MCCE, Luciano Santos. Para ele, o entendimento do STF sobre a questão é mais que moralizador. “Essa medida influencia todas as decisões que o Congresso vai tomar daqui para a frente. É mais que moralizadora. Existe um trabalho para que a reforma política seja mais ampla e significativa, mesmo com as opiniões diversas no Congresso. Agora, toda a estratégia da reforma política muda, já que qualquer discussão terá que ser feita em torno dessa decisão”, acrescentou.

A outra preocupação da coalizão é colocar logo em pauta no Senado a proposta de emenda à Constituição (PEC) da reforma política, aprovada pela Câmara dos Deputados . A intenção é de que a proposta seja derrotada pelos senadores e, com isso, a discussão em torno do financiamento de campanha por empresas seja encerrada.

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) disse que na próxima terça-feira (22) vai pedir ao presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), que estabeleça um calendário especial para essa votação. A rapidez nessa apreciação também tem o apoio do vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC). Ele informou que já conversou com Renan sobre o assunto e que, possivelmente, a matéria entre em pauta na próxima semana.

POLÊMICAS

Senadores contrários ao fim do financiamento privado de campanha, como Agripino Maia (DEM-RN) e Ana Amélia (PP-RS), criticaram a decisão do STF.

“O que se propõe é o financiamento de pessoas jurídicas a partidos políticos. Isso, na verdade, é o aperfeiçoamento do sistema. Respeito a decisão do Supremo, que com base no voto da maioria, decidiu juridicamente pela inoportunidade ou pela inconveniência desse tipo de financiamento. No entanto, a matéria com argumentos políticos foi votada e aprovada na Câmara. Quem entende dessa matéria é a classe política”, observou Maia.

“Isso é o que chamamos de judicialização da política. A Justiça brasileira está ocupando o espaço que pertenceria ao Legislativo. Como o Legislativo tem razões para agir da forma que age, então o Supremo é provocado por instituições que têm representatividade para fazê-lo. Não discuto a questão no seu mérito, nem a decisão do Poder Judiciário, falo da realidade do sistema eleitoral brasileiro”, afirmou.

Segundo Ana Amélia, a proibição pode institucionalizar o caixa 2. “A gente tem que refletir muito. Como vai ser a regulamentação? Podem ser criadas distorções. Pessoas que não têm renda vão receber dinheiro do seu sindicato e vão entregar com seu CPF para os partidos. E os outros candidatos que não dispõem desse apoio coletivo sindical? É preciso uma regulamentação muito rigorosa e uma fiscalização muito bem feita por parte do TSE”, disse a senadora.

CAIXA 2

A preocupação com o Caixa 2 é a mesma do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Fernando Neves. “Vejo essa proibição com cuidado, tenho medo de que ela reforce a prática do caixa 2. Na minha avaliação, uma solução intermediária seria melhor. De qualquer maneira, temos que experimentar . Pode ser que agora, que acabou o dinheiro de empresas em campanhas, novas soluções sejam encontradas. O meu medo é que essas soluções fiquem à margem da transparência, espero que não aconteça. Temos as instituições, a Justiça Eleitoral, o Ministério Público e os órgãos de controle cada vez mais atentos”.

Para evitar problemas como esse, o vice-presidente do Senado, Jorge Viana, diz que com o fim do financiamento empresarial, o Congresso precisa se debruçar em outras medidas. “Para mim, é preciso ter mais dois movimentos: criminalizar e satanizar o caixa 2 e estabelecer o teto para as campanhas. Cabe a nós fazer esse aperfeiçoamento e dar mais transparência aos fundos partidários e às doações permitidas”.

Viana disse ainda que o pior erro do PT foi ter aceito financiamento de empresas em campanhas. “Esse foi o maior erro, o pecado capital do PT, e acho que nos demos muito mal por causa disso. Agora, temos uma oportunidade de recomeço, de ir atrás do militante para fazer doação. Precisamos colocar mecanismos de transparência de entrada e saída de dinheiro nos partido. Podemos encontrar uma maneira tranquila de fazer o combate ao caixa 2 e torná-lo apenas uma exceção, de forma que quem fizer isso seja preso e perca o mandato”.

Para o secretário-geral da Comissão Especial de Mobilização para Reforma Política da OAB, Aldo Arantes, a decisão do Supremo é apenas o primeiro passo para uma mudança. “Nós temos uma situação de crise do atual sistema político, e o fator principal é o financiamento empresarial, mas lutamos também para que o financiamento de pessoa física seja limitado. Vai ser uma luta em torno da criminalização do caixa 2 e para estabelecer limites módicos de doação. É fundamental reduzir drasticamente os custos de campanha, é fundamental retirar a questão do marketing, que é extremamente oneroso para a campanha. Enfim, é necessário fazer uma campanha em que haja paridade de armas, em que haja uma certa igualdade na disputa”, defendeu.

Neste sábado

PT lança candidatura de Loubet à presidência estadual do partido

Ato acontece junto da candidatura de Edinho, lançado ao diretório nacional da sigla

15/05/2025 15h15

Vander Loubet, deputado federal

Vander Loubet, deputado federal Foto: Arquivo Correio do Estado

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O Partido dos Trabalhadores lança neste sábado (17) a candidatura do senador Vander Loubet à presidência estadual da sigla, ação que também contará com o lançamento da candidatura de Edinho ao diretório nacional do partido. 

Vander conseguiu reunir entorno de sua candidatura a maioria das correntes políticas (Resistência Socialista, Construindo um novo Brasil, Democracia e Socialismo, Avante, Movimento PT e Independentes) que compõem o espectro petista.

Edinho é o candidato do Lula a presidente nacional do PT em MS, ele conta com o apoio das correntes políticas ( Construindo um novo Brasil e Resistência Socialista).

Em Campo Grande o quadro de disputa também já está definido. Pedro Kemp será candidato a presidente com o apoio das seguintes correntes políticas (Avante, Resistência Socialista, Construindo um novo Brasil, Democracia e Socialismo e Movimento PT), ele vai disputar o diretório municipal com Elaine Becker, atual secretária de organização do partido que conta com apoio da corrente política Articulação de Esquerda. 
O primeiro debate entre os candidatos da capital vai ocorrer no dia 07 de junho.

As eleições do PT ocorrem no dia 06 de julho das 9h às 17h em todo o Brasil em Campo Grande.
Nós não temos dúvidas sairemos mais fortalecidos das nossas eleições internas. Para que possamos dialogar com a sociedade sobre os legados do governo do Presidente Lula e fazermos a defesa da democracia.

Segundo Agamenon do Prado, Presidente do Diretório Municipal do PT Campo Grande, as eleições internas do PT é o primeiro passo para preparar o partido para o pleito de 2026.

Na disputa

Humberto Amaducci também briga pela presidência do diretório estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) em Mato Grosso do Sul. Atual vice-presidente estadual da sigla, ele disputa a principal cadeira do partido com o deputado federal Vander Loubet, até então único pretendente à vaga.

Ex-prefeito de Mundo Novo e candidato ao Governador do Estado em 2018, Amaducci confirmou a candidatura em abril por meio de em suas redes sociais, nome que surge após a desistência da deputada estadual Gleice Jane.

“Acreditamos na democracia interna do PT, no debate fraterno de posições políticas e ideológicas, cuja perspectiva principal consiste no fortalecimento do Partido”, destacou recentemente ao Correio do Estado.

O candidato disse que a chapa disputara os rumos do PT, para que a sigla volte a liderar um bloco de centro-esquerda no estado, o que requer, de imediato, “romper com o governo de Eduardo Riedel e deixar a sua base de sustentação na Assembleia Legislativa.”

Questionado pelo Correio do Estado, o novo postulante a líder do partido disse que apesar das disputas internas, o principal objetivo do partido é reeleger o presidente Lula em 2026, além de fortalecer a bancada federal do partido, que além de Loubet, conta com Camila Jara, assim como conquistar ao menos uma cadeira no Senado.

“De nada adiante elegermos o presidente Lula e não conseguirmos nos fortalecer na bancada federal e no Senado. Queremos garantir o palanque para Lula em Mato Grosso do Sul, como já fizemos em outros momentos, além de voltar a governar o Estado”, frisou. 

Sobre a disputa com Loubet, Amaducci destacou que o partido é muito democrático e que o objetivo é garantir o debate de ideias e ampliar o alcance da sigla. “Ele (Loubet) tem as ideias dele e eu tenho as minhas, vamos debater, porém, acima de tudo, devemos nos atentar ao aspecto geral das eleições”, finalizou. 

*Saiba

Em MS, as eleições vão ocorrer em 70 municípios. Na capital,  o local de votação será na Escola Estadual Vespaziano Martins.

*Atualizado às 18h30 para acréscimo de informações

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JUSTIÇA

Ministros sentam em cima de denúncia, Waldir retorna e Iran pode voltar ao TCE

Como já virou réu no STJ, o conselheiro Ronaldo Chadid não poderá ser beneficiado por decisão de Alexandre de Moraes, do STF

15/05/2025 08h00

O conselheiro Waldir Neves está liberado para retornar às suas funções no Tribunal de Contas

O conselheiro Waldir Neves está liberado para retornar às suas funções no Tribunal de Contas Foto: Montagem

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A demora dos ministros da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em analisar a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra os conselheiros Waldir Neves Barbosa e Iran Coelho das Neves, do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul (TCE-MS), permite que Waldir já possa retornar às funções na Corte de Contas e que Iran seja beneficiado com decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) publicada na terça-feira e assinada pelo ministro Alexandre de Moraes.

Diferentemente dos dois conselheiros, que foram afastados das funções no TCE-MS no dia 8 de dezembro de 2022 durante a Operação Terceirização de Ouro, para desarticular organização criminosa especializada na fraude de certames licitatórios e no desvio de recursos públicos identificados nas operações Lama Asfáltica e Mineração de Ouro, o conselheiro Ronaldo Chadid, que foi afastado da Corte de Contas na mesma data, não será beneficiado pela decisão do STF.

Isso porque, no caso Ronaldo Chadid, após 7 adiamentos consecutivos, os 15 ministros da Corte Especial do STJ aceitaram, no dia 7 de agosto de 2024, a denúncia feita pelo MPF por lavagem de dinheiro, após ter sido encontrado pela Polícia Federal (PF) com o conselheiro R$ 1,6 milhão em espécie, montante resultante da apreensão de R$ 890 mil em dinheiro na casa dele e de mais R$ 730 mil na casa de sua secretária.

Diante da morosidade da Corte Especial do STJ para analisar a denúncia do MPF contra Waldir Neves, a defesa do conselheiro ingressou no STF com o habeas corpus, alegando que foi “indevidamente cerceado o seu direito de ir e vir e estar diante do afastamento cautelar de suas funções públicas e impedimento de estar com funcionários e na sede do TCE-MS, com monitoramento eletrônico e outras medidas restritivas”.

Para a defesa, passados mais de dois anos e cinco meses, “não houve até o momento decisão da autoridade coatora”, o ministro Francisco Falcão, do STJ.

“Diante do flagrante excesso de prazo das medidas cautelares criminais injustamente impostas ao paciente e a flagrante morosidade do STJ para sua imediata revogação, eis que não estão presentes os requisitos das referidas medidas cautelares diversas”, escreveu.

Em tempo, Waldir Neves foi afastado por determinação do ministro Francisco Falcão para que a PF fizesse, por suspeita de fraude de certames licitatórios, a apuração da Licitação nº 10/2017, na modalidade pregão presencial, e a consequente assinatura do Contrato nº 03/2018 (TCE-MS), com uma prestadora de serviços da Corte, denominada Dataeasy Consultoria e Informática Ltda., que atualmente não presta mais serviços ao órgão de contas.

A referida investigação da PF embasou a denúncia feita pelo MPF contra o conselheiro pela prática dos crimes de peculato e de fraude a licitações, afinal, ficou indicada a existência de graves irregularidades na contratação da empresa Dataeasy pelo TCE-MS, bem como na execução e na fiscalização do contrato milionário, sistematicamente aditado, inclusive após a deflagração da primeira fase da investigação.

Entretanto, como não há pedido de pauta para julgamento do recebimento da denúncia no STJ e também não há registro de fatos recentes que indiquem reiteração criminosa, de modo que o retorno ao cargo de conselheiro não representa risco aos elementos de prova constantes da denúncia, que foi oferecida em março de 2023 e ainda aguarda apreciação da Corte Especial, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, decidiu deferir parcialmente o pedido de liminar e determinou a imediata suspensão das medidas cautelares em relação a Waldir Neves.

Ele determinou a suspensão do afastamento do exercício das funções públicas, que deverão ser retomadas imediatamente, da proibição de acessar as dependências da Corte e de utilizar os serviços e da monitoração eletrônica.

“Mantenho, entretanto, a proibição de se comunicar com os demais investigados. Por fim, em substituição à medida cautelar anterior de monitoração eletrônica, determino: (1) a proibição de ausentar-se da Comarca; (2) a suspensão do passaporte, proibindo-se, ainda, a obtenção de novo documento; (3) a proibição de ausentar-se do País, devendo a Polícia Federal proceder às anotações necessárias ao impedimento migratório”.

Saiba

Kayatt diz que Waldir estará hoje no TCE-MS

O presidente do TCE-MS, Flávio Kayatt, disse que já tomou ciência da decisão do STF. “Acredito que amanhã [hoje] o conselheiro já deva estar despachando no seu gabinete”, disse. Ele também explicou que houve algumas mudanças e o conselheiro substituto Célio de Lima, que estava respondendo pela pasta de Waldir Neves, agora será responsável pelo gabinete do conselheiro Osmar Jeronymo.

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