Thiago Andrade
Cruzamento das ruas Barão do Rio Branco e 14 de Julho, 13h20min – O semáforo fica vermelho e, de repente, 18 jovens “congelam” sem explicação alguma. Entre as estátuas, os transeuntes caminham curiosos, sem entender o que está acontecendo. Ao passar pelo local, uma mulher grita: “Estátua! Eu também quero brincar de estátua” e, por alguns segundos, fica parada ao lado dos jovens. Quem esteve no local no início da tarde de sábado presenciou um “flash mob”, ou seja, uma aglomeração instantânea de pessoas em local público.
Antes de ir para o local onde o “mob” será realizado, todos os participantes se reúnem em um ponto de encontro para definir detalhes como qual será a pose de cada um e que sinal dará início à mobilização. Tudo é combinado e, então, eles partem em direção ao destino escolhido de antemão. Depois de alguns minutos na posição definida, o grupo se dispersa sem avisar ninguém. Esse tipo de ação é chamado de “freeze”, literalmente, “congelar”, em inglês.
“Combinamos esses encontros para ver a reação do público frente a situações que fogem ao real como a que acabamos de promover”, explica o jornalista Renato Lima, que organizou a mobilização do fim de semana e teve seus primeiros contatos com esse tipo de ação nos Estados Unidos. Segundo ele, o primeiro motivo para as mobilizações instantâneas – como pode ser traduzido o termo – é a diversão dos participantes. “Pode ser que as pessoas nem percebam que ficamos parados por algum tempo, mas isso não importa”, ressalta.
A ação, que não é ilegal ou infracional desde que não obstrua o trânsito ou cause tumulto, como lembra Renato, começou a ser realizada no início dos anos 2000 e teve na internet sua grande aliada. “Ela facilita muito a divulgação e a organização de eventos como esses. Não é impossível promover algo assim sem internet, mas seria bem mais complicado”, acredita o engenheiro da comunicação, Daniel da Silva Costa, um dos primeiros a organizar “mobs” na Capital e criador do grupo Flashmob MS.
Embora ainda seja novidade em Campo Grande, a cidade já foi palco de alguns “mobs” populares no mundo inteiro, entre eles, o “Zombie walk”, em que os participantes se maquiam como zumbis e caminham pelas ruas; o “Pillow fight”, no qual é realizada uma grande guerra de travesseiros e o “Free hugs”, em que abraços são distribuídos gratuitamente.
Daniel foi o organizador dos dois últimos e o “Pillow fight” já teve duas edições realizadas, em 2009 e 2010. Segundo ele, cada edição levou cerca de 60 pessoas à Praça do Rádio Clube. “A única regra é que a mobilização só terminaria quando o último travesseiro fosse estraçalhado”, lembra.