Sílvio Andrade, Corumbá
Quem sabe faz (mais do que) ao vivo, como diria um apresentador de TV. O roqueiro Frejat, em carreira solo enquanto o Barão Vermelho dá uma trégua, mostrou no Festival América do Sul que mantém a mesma energia dos anos 80 e com competência capaz de superar imprevistos que poderiam colocar em risco seu show, como a não chegada dos instrumentos da banda.
Pouco antes das 23h30min, quando o cantor, compositor e guitarrista subiu ao Palco das Américas, na Praça Generoso Ponce, a bateria ainda estava sendo ajustada e passando o som, emprestada de banda sul-mato-grossense de Anderson Rocha, que tocara pouco antes em outro palco, o Brasil. Os demais instrumentos foram cedidos pelas bandas Kamicase, Metrópole e músicos que acompanham a cantora Simone.
"Não sei por onde está o caminhão com os nossos equipamentos, cenários e figurinos", disse Frejat, agradecendo em seguida "a generosidade" dos artistas. "Quando souberam do problema, todos se prontificaram a ajudar. São instrumentos muito pessoais, mas que possibilitaram a realização do show com muita qualidade", completou.
Foi um show de 1h40min, eletrizante e tecnicamente perfeito – e Frejat soltou a voz e solou sua (aliás, emprestada) guitarra como nos velhos tempos. Repertório de Barão Vermelho a carreira solo, uma releitura de quase três décadas de sucessos. O público já era maior (cerca de seis mil pessoas – contra as três mil da noite de abertura) na segunda noite do festival e ovacionou o cantor carioca de 48 anos.
Rock puro
Além das inesquecíveis "Por você", "Bete Balanço", "Pro dia nascer feliz", "Todo amor que houver nesta vida", "Down em mim", "Porque a gente é assim", "Puro êxtase" e "Segredos", Frejat cantou "Amor meu grande amor (Ângela Ro Ro), "Caleidoscópio (Herbert Vianna) e presenteou a plateia com "Não vou fazer" e "Sou feliz", de Tim Maia.
Depois de retornar ao palco para o tradicional bis e conseguir cumprir seu show, relaxou com um blues. Mas logo avisou: "Depois a gente volta com aquela alegria toda. O negócio é festa e esse festival é uma vitrine para todo artista". A saideira, enquanto o público queria mais e mais, foi uma homenagem ao velho parceiro Cazuza: "Exagerado".
A programação musical da segunda noite do festival reuniu, no Palco Brasil, as bandas sul-mato-grossenses de Marina Dalla e Anderson Rocha e, em seguida, o primeiro encontro de chamamezeiros do Brasil e da Argentina. A música de raiz atraiu bom público, inclusive famílias da Bolívia, e os casais dançavam em meio à multidão, entre gritos e muitos aplausos.