Ganhar a prefeitura de Corumbá em 2012 é uma questão de honra para o governador André Puccinelli (PMDB). Para conquistar o objetivo, ele aposta no racha do PT entre os grupos do senador Delcídio do Amaral e do prefeito Ruiter Cunha de Oliveira. O PMDB apoiou o PT nas duas eleições de Ruiter, contudo não teve espaço na sua administração.
Focado na sucessão, Puccinelli já interpelou a família Trad sobre um suposto apoio ao candidato de Ruiter, que pode ser o deputado estadual Paulo Duarte. Em troca de emendas parlamentares, o prefeito tem compromisso político com o deputado federal Nelson Trad e seria um nome para vice de Nelsinho Trad na disputa ao governo, em 2014. Ao aproximar-se dos Trad, Ruiter também busca sustentação política, hoje enfraquecida.
A decisão do governador não é apenas estratégia para fortalecer o PMDB e foi tomada após a cisão com o PT corumbaense. Puccinelli não aceita a posição do prefeito de impedir que o Estado construísse 1.200 casas populares em Corumbá. Ruiter negou o terreno prometido em ato público e depois pediu na Justiça a demolição das casas. O governador tomou uma área que o Estado havia cedido ao município e rompeu com o prefeito.
O PMDB tem pelo menos três nomes fortes à sucessão, um deles o do ex-prefeito Ricardo Candia, hoje secretário em Campinas. O partido não descarta uma nova composição política para derrotar Ruiter e Paulo Duarte, ligados ao grupo do ex-governador José Orcírio dos Santos (PT). Essa frente depende do futuro do PT no município, que terá inevitável intervenção do senador Delcídio do Amaral.
"Sigla não é obstáculo", afirmou o presidente do diretório municipal do PMDB, Otávio Philbois. "Vamos ter candidato, mas podemos apoiar um nome que não seja do partido. Essa composição vai passar, com certeza, por interesses maiores e regionais, envolvendo a sucessão de Campo Grande e também 2014", acrescentou o dirigente. "São sucessões que têm como fiel de balança o prefeito Nelsinho Trad e Delcídio."
Única opção
Os peemedebistas acusam Ruiter de ter interferido na executiva para garantir a reeleição, com promessa de cargos, obrigando o diretório a agir traumaticamente para excluir companheiros contaminados pelo poder. Hoje, o PMDB participa do governo municipal apenas com o vice, Ricardo Eboli, outro nome à sucessão. "O PT não fez uma aliança administrativa, mas para atender momentaneamente o Ruiter", diz Philbois.
Sem apoio da Câmara de Vereadores e contando apenas com a liderança do deputado Paulo Duarte em seu grupo, o prefeito corumbaense precisa fazer o sucessor para não interromper seu projeto político. Reeleito com mais de 40 mil votos, dos quais 20 mil somente em sua cidade, Duarte é a única opção de Ruiter. O deputado admite ser candidato, mas, se eleito, a região ficaria sem representante na Assembleia Legislativa.
"Vou participar ativamente do processo sucessório, como candidato ou não, não depende de mim", afirmou o parlamentar a um jornal local, acrescentando que não faz projeto individual. Duarte rechaçou a possibilidade de disputar a Prefeitura de Campo Grande, onde reside há mais de 20 anos, e avaliará com cautela o confronto que poderá ter com o grupo do senador Delcídio.
A ruptura entre os grupos do prefeito e do senador evidenciou-se após a campanha eleitoral deste ano. O entendimento aparente não vai além de interesses, já que Delcídio continua levando recursos federais para a cidade. Ruiter e Paulo o acusam de não apoiar a candidatura do ex-governador José Orcírio e aproximar-se de Puccinelli. O senador corumbaense inclui o PMDB no seu projeto de ser o governador em 2014.