Embora as eleições gerais – as que escolhem o presidente da República, senadores, governadores e deputados estaduais e federais – não mexam diretamente no quadro funcional das câmaras municipais, elas costumam modificar o cotidiano dos vereadores, que, em essência, são políticos e de dois em dois anos, com ou sem mandato, estão envolvidos nos pleitos eleitorais.
Assim, entra ano e sai ano, o panorama da política é o mesmo: se há parlamento, local para debate de ideias e discussões sobre o poder, há pautas polêmicas colocadas em questão.
Na prática, vereadores candidatos a outros mandatos neste pleito participam diretamente das movimentações e dos debates sobre quem e quais seriam as melhores opções políticas para o município.
Para o presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB), este ano, o parlamento municipal deve despertar “muitas discussões e com várias pautas polêmicas sendo debatidas intensamente. Isso é garantido”.
Carlão pontuou algumas questões que devem ser discutidas logo no início das atividades, que devem ser retomadas em sessão no plenário no dia 3 de fevereiro, quinta-feira.
“Mas tudo isso [debates acirrados sobre temas polêmicos] faz parte da política mesmo. Temos a pauta do transporte, temos a pauta da saúde. Tem muita coisa para falar. Contudo, confio que os vereadores saberão distinguir entre eleição e mandato e não vão provocar tumultos. Eles conseguirão trabalhar nessas duas áreas com inteligência”, disse Carlão ao Correio do Estado.
Embora a aposta do presidente em um debate inteligente entre os vereadores, o assunto transporte público em Campo Grande deve impactar as campanhas políticas, tanto que os vereadores já vêm tratando do tema desde o primeiro semestre do ano passado.
A criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Transporte, inclusive, já foi aventada.
O ano legislativo de 2021 terminou em dezembro com alguns assuntos pendentes, como é o caso do transporte público da cidade.
Alguns vereadores querem o assunto de volta ao plenário já no início das sessões, havendo a possibilidade da criação de uma CPI logo nas primeiras semanas.
A viabilidade da comissão em questão, ao menos no campo das conjecturas, gerou um entusiasmo entre os parlamentares favoráveis à investigação a partir de pesquisa anunciada na segunda quinzena de dezembro.
Noticiada aqui no Correio do Estado, a pequisa sobre o transporte público em Campo Grande demonstrou que a maioria da população acha a tarifa do ônibus “muito cara”, “desaprova” o serviço e vê o trabalho dos vereadores, 29 ao todo, como de fiscalização do preço da passagem. Já a qualidade do setor é tida como “regular” no estudo apresentado.
Os dados do Instituto de Pesquisa Resultado (IPR) revelaram também que os campo-grandenses querem que o contrato firmado entre a prefeitura da Capital e o Consórcio Guaicurus, que explora a atividade, seja investigado por meio de uma CPI.
Outra temática que deve entrar na pauta dos vereadores é a questão da Covid-19. Com os boletins epidemiológicos mostrando evolução diária no número de casos e mortes, já tem vereador dizendo que vai propor uma CPI para apurar o crescimento de episódios da doença em Campo Grande.
Embora o presidente Carlão tenha dito crer que os dois assuntos podem ser tratados na Câmara sem que os vereadores confundam mandato e eleição, existe a ideia de muitos que logo tais temas pularão para as discussões de campanhas eleitorais.
O prefeito Marquinhos Trad (PSD), por exemplo, pensa em disputar o governo, e CPIs podem mudar o foco e entrar na mira das urnas.
Quem vai e quem fica?
Questionados se vão ou não concorrer a vaga em Brasília ou na Assembleia, a maioria dos vereadores de Campo Grande condicionam as respostas a eventos que devem acontecer só a partir de fevereiro e março, nas convenções partidárias.
Mas há quem diga que é pré-candidato a deputado estadual, como os vereadores Betinho, Ronilço Guerreiro e Alírio Villasanti.
Ainda assim, o enigmático “depende” é predominante. Um exemplo disso é a petista Camila Jara, que estudo formas de enquadrar alguns de seus ideais à plataforma de um pretenso cargo de deputada federal.