Quando se fala em ocorrências de casos de câncer no público infanto-juvenil, a leucemia é a maior preocupação, pois é o tipo de doença mais frequentemente diagnosticada nesta faixa etária. Mas uma nova esperança se abre para os pacientes com leucemia – e que precisam de transplantes – com os resultados recentemente divulgados pela classe médica, de cirurgias realizadas com sangue de cordão umbilical. Em Campo Grande, por exemplo, na Associação dos Amigos das Crianças com Câncer (AACC), que atualmente dá assistência médica e social a 300 crianças e jovens de Mato Grosso do Sul, mais da metade apresenta leucemia. Destes casos, cerca de 10% chegam à etapa de transplante, ou seja, o protocolo de tratamento sem intervenção cirúrgica já foi realizado com quimio ou radioterapia, mas não surtiu resultados. A inovação na área médica é que o transplante com sangue do cordão umbilical reduz o tempo de espera na fila, pois o material utilizado não precisa ser completamente compatível com o transplantado, o que no método atual gerava longas esperas (leia box). O índice de cura com o sangue do cordão umbilical também tem se apresentado maior. “A grande maioria das cirurgias realizadas até hoje com sangue de cordão umbilical foi com unidades que não eram completamente compatíveis. Os resultados são muito promissores”, conta Luís Fernando Bouzas, do Instituto Nacional do Câncer (Inca). O cordão umbilical retirado dos recém-nascidos é um tipo de célula-tronco adulta. Descobriu-se há algum tempo que as célulastronco dão origem a todos os tecidos do corpo, do coração à pele, dos ossos às células nervosas e iniciou-se uma pesquisa para a utilização delas em tratamentos médicos. Ainda estão classificadas como células- tronco adultas, amostras retiradas da pele e da medula óssea, enquanto as embrionárias, como o nome diz, estão nos embriões. As do cordão têm a vantagem de estar em um estado menos avançado, permitindo o transplante sem compatibilidade total entre o doador e o receptor. A desvantagem é que são poucas células em cada cordão, por isso só podem recebê-las crianças e adolescentes de no máximo 50 quilos. Mas uma descoberta de um centro de pesquisa norte-americano pode mudar isso. Os cientistas conseguiram multiplicar as células-tronco em laboratório. Dez pacientes com tipo de leucemia muito agressiva entre 3 e 43 anos de idade receberam os transplantes e sete estão curados. Os efeitos apareceram muito mais rápido.