“The book is on the table” é um charme e pega muito bem. Pelo menos é o que acham decoradores, arquitetos e colecionadores. Os livros de arte (também conhecidos como livros de mesa) estão ganhando cada vez mais espaço nas livrarias e adeptos entre leitores convencionais. Editoras de porte como a Cosac Naify já reservam 25% dos seus lançamentos para o gênero – com tiragens que batem os 3 mil exemplares. Os livros de arte costumam se apoiar em fotos e, principalmente, em reproduções de obras de arte. Mas é possível encontrar muitas publicações sobre arquitetura, culinária, cinema, viagens e esportes. Na maioria das vezes, são livros vistosos, de g ra ndes dimensões, e impressos em papel de altíssima qualidade (que podem custar mais de R$ 1 mil). Características que atraem até quem não gosta de ler. S a ra Ac - cioly, 28 anos, por exemplo, não se interessava por livros até casar com um marchand (um tipo de intermediá r i o e n t r e o a r t i st a e os possíveis compradores de obras de arte). “Comecei a me envolver com esse tipo de publicação. Era uma form a d e t e r obras de arte que, é claro, eu não podia comprar”, conta. C o m o o marido de Sara tinha muitos livros duplicados (dois exemplares de cada edição), ela decidiu negociá-los. Assim, tornou- se a salvação de muitos aficionados no gênero e abriu loja de vendas online (www. saraaccioly.com.br). “Vendo livros raros e aqueles que saíram de catálogo. Tenho muitas edições que foram bancadas pelos próprios colecionadores de arte – que produzem os livros para valorizar suas respectivas coleções”, diz. Sara não vê o menor problema em ter como clientes pessoas que só se interessam pelos livros de arte como objetos de decoração. “Não tem problema nenhum. Eles também servem perfeitamente para esse propósito”, defende. O arquiteto Leonardo Junqueira, 43 anos, é um entusiasta dos livros de arte como objetos de decoração. “Mas é preciso ter um espaço adequado. Não basta empilhar livros sobre a mesa. Além disso, Junqueira acredita na importância de uma curadoria: “É bom para saber que tipo de livro pode ser colocado em uma sala sem parecer algo agressivo”, diz. A decoradora e arquiteta Ângela Martins, 34 anos, explica o que seria essa curadoria pessoal de livros de arte. “Os livros são ótimos objetos de decoração, mas precisam estar de acordo com a personalidade do dono da casa. Se você é de uma família mais conservadora, não precisa ter um livro de arte com fotos eróticas, por exemplo”. Ângela acredita que livros de arte ficam bem em quase todo os cantos da casa. “Só acho que na cozinha não fica muito legal”. Embora mantenha uma equipe de designers especializados na confecção e criação deste tipo de publicação, o diretor editorial da Cosac Naify, Cassiano Machado, 34 anos, diz que produtos decorativos não são o foco. “Não fazemos livros por metro nem para agradar decoradores. Nosso enfoque é no conteúdo. Nossa intenção é documentar a criação artística. Não separamos a estética, a beleza das edições, do seu editorial”. A editora já lançou mais de 800 títulos neste formato. Sua primeira experiência no mercado de livros de arte foi em 1997 com “Barrocos de lírios”, sobre a obra do artista plástico Tunga (edição considerada revolucionária para a época). Já o lançamento mais recente da Cosac Naify no mercado das artes é o livro “Salas e abismos”, do artista plástico Waltercio Caldas. Trata-se da maior obra gráfica já impressa pela editora. As dimensões do exemplar são de 28,5 cm x 36 cm. O preço sugerido é de R$ 120.