Inicia amanhã, em Campo Grande, às 19h30min, mais uma jornada caracterizada por descobertas, impressões e manifestos pessoais feitos por artistas de estilos e trajetórias diferentes. Em comum, a utilização das artes plásticas para comunicação direta com grande público. Trata-se de mais uma edição do Projeto Temporada de Exposições do Museu de Arte Contemporânea (Marco), a primeira de 2010. A escolha dos participantes foi feita por meio de edital e abriu espaço para artistas sul-mato-grossenses e de outros estados. “Buscamos escolher aqueles trabalhos que apostam na contemporaneidade, podendo ser de jovens artistas ou de veteranos, incluindo pintura, instalação, escultura, fotografia, entre outros”, explica a coordenadora do Marco, Maysa de Barros. Estão previstas 4 edições para 2010 – a segunda será em junho, a terceira em setembro, nesta destacando o Salão de Artes de Mato Grosso do Sul e a última acontecerá em dezembro. A artista plástica Ana Ruas, que é uma das participantes desta primeira edição, utilizará a parede do museu para fazer intervenção que nasceu das observações que faz das áreas urbanas de Campo Grande. “Como trabalho muito na rua, noto algumas mudanças que a cidade sofreu. Quando cheguei aqui, há alguns anos, era possível ver em certos pontos a linha do horizonte com tranquilidade, agora com as construções de prédios essa perspectiva vai mudando. Coloco na minha obra essa questão da mudança, mas não digo se é certo ou errado, não trago respostas, cada um tem que dar a sua própria resposta”, destaca Ana Ruas. Em um grande mural, tendo com base a cor azul, apa recem i nst rumentos utilizados em construções. “Não coloco a verticalização diretamente na obra, mas os instrumentos que a produz”, destaca. A artista fará outra intervenção no espaço utilizando tijolos empilhados. O artista plástico corumbaense Edson Castro é outro convidado. Atualmente, ele passa temporada em Paris, onde estuda e expõe seus trabalhos em galerias. No Marco, mostrará obras que real izou em 2008/2009, antes da viagem. Poderão ser vistas 37 criações, entre desenhos e pinturas, feitos com grafite, lápis, óleo sobre papel canson e pinturas de óleo sobre tela. “Os desenhos de Edson Castro parecem, à primeira vista, resultar de gestos espontâneos. Parecem projeções de movimentos livres do corpo e da mão. Não têm forma, não remetem às coisas reconhecíveis do mundo. Resumem-se em linhas e campos de cor. Edson pinta com o desenho e desenha colorindo. Na aparente facilidade do resultado, no entanto, opõem-se o domínio da superfície, as relações entre campos de cor e grafismos, a experiência e o conhecimento da luz e de cada sensação deflagrada a partir dela”, aponta a professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Maria Adélia Menegazzo. “Trabalho com a possibilidade de criação que não está no nível ou no limite da consciência, é um automatismo psíquico. Tenho o existencial como tese da minha obra (o que a existência me fornece). O meu ato, a minha realidade, ultrapassa a consciência porque vivo conscientemente desordenado, onde nada subordina nada; crises e entranhas são a dinâmica da existência que escapam da alienação e possibilitam novas experiências”, escreveu Edson, explicando sua produção. Outro participante da exposição é coletivo formado por 6 artistas plásticos de Brasília – Camila Soato, Fábio Baroli, Isabela Alves, Luiza Mader, Márcio Mota e Moisés Crivelaro. Os integrantes se conheceram durante o curso de Artes Visuais na Universidade de Brasília. “Formamos o coletivo há dois anos. Cada artista segue linha própria, trabalhando com pintura, fotografia, instalações. As temáticas também variam muito”, explica Camila Soato. O coletivo mostrará cerca de 70 trabalhos. O projeto também abrirá espaço para “Close – o tempo em preto e branco”, que apresentará fotografias da jornalista campo-grandense Priscila Mota, que mostra um olhar sobre pessoas idosas com objetivo de reforçar o valor delas para a sociedade. A exposição pode ser visitada até 23 de maio.