Mariana Trigo, TV Press
Por ter um biotipo cosmopolita, Daniela Galli consegue se encaixar em uma multiplicidade de personagens na tevê. Só na Record, a atriz já viveu uma condessa em “Poder paralelo”, uma rainha na minissérie “A história de Ester”, e agora interpreta Marisa, uma dançarina de boate em “Ribeirão do tempo”.
Mesmo tendo aparecido apenas nos primeiros capítulos nas tramas anteriores da emissora, a atriz de 36 anos explicita uma facilidade em se reinventar a cada personagem. Essa versatilidade vem desde sua infância em Campinas, no interior de São Paulo. Foi lá que a mãe da atriz a matriculou muito cedo em uma escola de artes, onde aprendeu a gostar de música, desenho e dança. Foi assim que Daniela acabou seguindo caminhos artísticos paralelos: se formou em Arquitetura, virou bailarina profissional, tocou flauta e oboé em conservatório por anos e ainda se apaixonou pela atuação quando morou por sete anos em Nova Iorque. “Para mim, uma coisa completa a outra. Mas me dedico 100% a cada área, apesar dessa quantidade de interesses que tenho”, define.
Nesse momento, toda a atenção desta loura de olhos verdes está voltada para a sensualidade de Marisa. Dançarina de boate na pacata e fictícia cidade Ribeirão do tempo, a personagem chega a morar um tempo em São Paulo tentando melhorar de vida, mas logo volta à cidade para dançar na boate. Com a experiência na capital, acaba melhorando seus números de dança temáticos e volta ainda mais apaixonada pelo bebum Querêncio, de Taumaturgo Ferreira, um artista plástico falido. “Eles se identificam pelo sonho da arte. Por isso, ela gosta desse pé-rapado, que é um artista de gosto duvidoso”, explica.
Para entender esse universo quase lúdico da dançarina, Daniela passou um tempo na capital paulista frequentando shows de strip-tease, pesquisou sobre as dançarinas de cabaré dos anos 20, procurou referências estéticas sobre pin-ups dos anos 50 e assistiu a diversos filmes de vedetes. “Também assisti a shows mais burlescos, que misturam a sensualidade com uma certa comicidade, onde as dançarinas brincam com a platéia. Tanto que na novela ela se transforma a cada show”, esmiúça Daniela, sobre a personagem que ainda faz uns “bicos” como garota de programa para completar o orçamento.
Nesse universo da dança, a atriz praticamente não precisou de pesquisas para o papel. Após praticar balé clássico por mais de 15 anos, Daniela ainda fez aulas de dança moderna, jazz e sapateado quando trabalhava como arquiteta. Foi quando decidiu unir as duas áreas e partir para Nova Iorque para estudar cenografia. Acabou trabalhando como cenógrafa em algumas peças na Broadway, assim como em peças em Londres e na Irlanda, até decidir fazer cursos de atuação. “Parei de levar uma vida dupla e me deixei levar pelos palcos de vez”, constata.
Mas logo Daniela decidiu voltar ao Brasil para continuar sua carreira multifacetada. Com o currículo recheado, logo estreou em “Páginas da vida” como a médica Marília. Em seguida, atuou também em “Paraíso Tropical”, ainda na Globo. Mas voltou para o universo das sapatilhas em “Dance dance dance”, na Band, em 2007. “Todas as minhas personagens sempre tiveram uma história, mesmo quando foram participações”, anima-se a atriz, que em breve estreia no cinema no longa “Malu de bicicleta”, de Flávio Tambellini, previsto para o segundo semestre. “Para ter esse pique todo, tenho feito musculação e comendo coisas mais saudáveis, que me ajudam a ter mais energia”, empolga-se.