Política

DEPUTADOS FEDERAIS

Novatos assumirão emendas sem donos

Novatos assumirão emendas sem donos

Clodoaldo Silva, de Brasília

27/12/2010 - 00h00
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Para não deixarem suas bases órfãs em 2011, os deputados federais sul-mato-grossenses eleitos para o primeiro mandato em Brasília vão "adotar" as emendas individuais e de bancada dos parlamentares que deixam a Câmara dos Deputados a partir de fevereiro de 2011. Os quatro novos deputados vão gerenciar, pelo menos, R$ 52 milhões em emendas.

O federal mais votado em Mato Grosso do Sul neste ano, Edson Giroto (PR), afirmou que o atual deputado Antonio Cruz (PP) solicitou que ele cuidasse das emendas do parlamentar, que encerra seu mandato em fevereiro. O acordo foi firmado durante as reuniões da bancada sul-mato-grossense realizadas para definir os pleitos que vão constar no Orçamento Geral da União de 2011. "Vou acompanhar as emendas do deputado Antonio Cruz, do Contorno Ferroviário de Três Lagoas e da duplicação da BR-163", afirmou Giroto, explicando que ainda estão previstos R$ 10 milhões para atender o Bairro Aero Rancho, em Campo Grande.

O parlamentar, que toma posse no dia 1º de fevereiro, destacou que: "também vou buscar recursos no orçamento, nos ministérios e na Casa Civil para atender as cidades que me deram apoio".

O deputado federal peemedebista eleito em outubro Fabio Trad vai herdar as emendas individuais que seu pai – o deputado Nelson Trad – apresentou ao Orçamento de 2011. "Vamos lutar para que as emendas individuais se transformem em obras para o Estado; a emenda individual é do Estado", afirmou Fábio Trad. Uma das emendas, no valor de R$ 10 milhões, é para atender Campo Grande em obras de infraestrutura e outra de R$ 10 milhões destinada a reestruturação da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

O ex-secretário Municipal de Saúde de Campo Grande, Luiz Henrique Mandetta (DEM), disse que, ao assumir a vaga de deputado federal, vai conversar com a bancada federal para definir "quem cuida das emendas de quem esta saindo", enfatizando que o importante será garantir os recursos previstos no Orçamento para o Estado.

"Vamos nos aconselhar com o Moka (Waldemir Moka, deputado federal eleito senador, presidente da Comissão Mista de Orçamento), que conhece a peça orçamentária mais do que ninguém para evitar cortes. Outra preocupação minha será com saúde, os recursos destinados à saúde são tímidos, seria necessário ao menos o que prevê a Emenda 29 (que obriga a utilização de 12% da receitas com Saúde). Vamos tentar regulamentar esta emenda", disse Mandetta, sem poupar críticas ao Governo federal, administrado pelo PT. "O estranho é que a presidente eleita Dilma Rousseff disse que a prioridade de seu governo seria saúde e segurança, entretanto só foi feita a correção inflacionária dos valores no Orçamento, que está muito distante da realidade vivenciada pelos gestores públicos municipais".

Os parlamentares eleitos vão cuidar das emendas apresentadas pelos deputados Dagoberto Nogueira (PDT-MS), Nelson Trad (PMDB) e Antonio Cruz (PP) e pelo senador Valter Pereira (PMDB), que não se reelegeram. São R$ 52 milhões em emendas individuais, que dependem da atuação parlamentar para serem liberadas, uma vez que o simples fato de constar no orçamento não garante que o recurso chegue ao Estado.

"É preciso ir aos ministérios, ligar para os secretários executivos, acompanhar a execução orçamentária e cobrar do Governo que empenhe (procedimento que antecede a liberação) as emendas, caso contrário os recursos ficam represados e os parlamentares nem são atendidos e o Estado perde o recurso", explicou Carlos Brum, assessor parlamentar técnico em Orçamento Geral da União.

Privilégios
Também é necessária uma pressão política, uma vez que os políticos da base aliada do Governo costumeiramente têm suas emendas atendidas primeiramente. Tanto que o senador Heráclito Fortes (DEM-PI), que é da oposição, utilizou a tribuna durante a votação do Orçamento de 2011 para denunciar que os parlamentares de seu partido e do PSDB não teriam sido atendidos. Ele até ameaçou propor obstrução na votação, mas justificou que, a pedido de lideranças políticas de seu Estado, optou por aceitar a redação final da peça orçamentário do próximo ano.

Política

Adriane Lopes entra na Justiça para reverter aumento de 96% do próprio salário

A prefeita de Campo Grande ingressou, nesta quarta-feira (15), com um pedido de suspensão da lei que aumenta o salário dela de R$ 21,2 mil para R$ 41,8 mil a partir de fevereiro

16/01/2025 17h00

Arquivo Correio do Estado

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Após ter um aumento de salário de 96,8%, por meio de medida aprovada no dia 28 de fevereiro de 2024 na Câmara Municipal de Campo Grande, a prefeita Adriane Lopes (PP) ingressou na Justiça com uma ação na tentativa de barrar o reajuste.

Como acompanhou o Correio do Estado, a medida foi aprovada no ano anterior por 26 votos favoráveis e dois contrários. Com isso, no primeiro mês do segundo mandato, o salário da prefeita passará de R$ 21.263,62 para R$ 41.845,48.

Além do salário dela, todo o primeiro escalão e vários servidores de diversas secretarias também terão direito ao reajuste salarial. Com a enxurrada de críticas, a chefe do Executivo Municipal chegou a se opor ao próprio aumento e sugeriu que recorreria à Justiça para tentar impedir o reajuste.

Caso não conseguisse, pretendia manter o salário atual de R$ 21.263,62 e doar o restante para instituições das áreas de Educação, Saúde e Assistência Social.

No texto da ação direta de inconstitucionalidade, foi apresentado o projeto de autoria da Mesa Diretora da Câmara, que também aumenta os seguintes salários:

  • Prefeito(a): R$ 41.845,48
  • Vice-prefeito: R$ 37.658,61
  • Secretários Municipais: R$ 35.567,50
  • Dirigentes de autarquias: R$ 35.567,50

"É importante destacar que o projeto de lei que fixou os subsídios é de competência exclusiva da Câmara Municipal de Campo Grande, conforme previsão contida no artigo 23, inciso VII, da Lei Orgânica do Município, e no inciso V, do parágrafo único do art. 152, do seu Regimento Interno."

Embora a Constituição Federal permita que os subsídios de prefeitos, vice-prefeitos e secretários municipais sejam fixados por lei da Câmara Municipal, a alegação é de que não houve estudo sobre o impacto orçamentário-financeiro.

"Como se vê no documento anexado à f. 13 do Projeto de Lei n.º 10.879/2023, ele não traz qualquer informação sobre a estimativa do impacto orçamentário-financeiro do aumento dos subsídios no exercício de 2025, considerando a sua vigência a partir de 1.º deste ano, e muito menos dos dois anos subsequentes. Isso caracteriza expressamente o vício apontado, uma vez que o documento anexado não cumpre o regramento do artigo 113 da ADCT."

Ainda, segundo o procurador-geral do município, Marcelino Pereira da Silva, o intuito da medida cautelar contra o aumento salarial tem como base os prejuízos que podem acabar sendo causados à economia do município, afetando desde a reestruturação de órgãos municipais até a aplicação de verbas em outros setores de interesse da população.

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PREFEITURA

Com pouco dinheiro em caixa, Dourados pode atrasar salários

O prefeito prometeu conseguir recursos para quitar a folha deste mês até o dia 30, ou seja, antes do 5º dia útil de fevereiro

16/01/2025 08h00

O prefeito de Dourados, Marçal Filho (PSDB), enfrenta problemas com as despesas do município

O prefeito de Dourados, Marçal Filho (PSDB), enfrenta problemas com as despesas do município Foto: Divulgação

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Com quase 10 mil servidores públicos, entre ativos e inativos, a prefeitura municipal de Dourados não tem até o momento recursos necessários para honrar os R$ 52 milhões referentes à folha de pagamento deste mês do funcionalismo – que tem de ser quitada até o quinto dia útil do mês que vem.

“Hoje, não tem dinheiro para pagar, mas vou conseguir. Não vou deixar atrasar o salário e pretendo pagar dentro deste mês ainda”, disse ontem o prefeito de Dourados, Marçal Filho (PSDB), ao Correio do Estado, revelando que pegou o Executivo municipal com o cofre praticamente vazio.

Para honrar o compromisso, o gestor tucano deve deixar de pagar os fornecedores e, além disso, suspendeu todas as contratações e exonerou mais de 600 comissionados: “A verdade é o seguinte, não precisa desse número enorme de comissionados que tinha. Isso é fato”.

Segundo ele, “o serviço público, de uma forma geral, se acostumou a tratar a prefeitura como se fosse a ‘Casa da Mãe Joana’”.

“Todo mundo vai para lá, mesmo não tendo serviço, mesmo não tendo trabalho, só para ganhar o salário no fim do mês, indicado por fulano ou por ciclano. Isso na minha administração não vai existir”, avisou o prefeito.

Outra medida para equilibrar as contas do Executivo municipal será a revisão de projetos da antiga gestão e de contratos de empréstimo, como os que foram feitos com o Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata).

COFRE VAZIO

O Correio do Estado apurou que, atualmente, a prefeitura de Dourados tem no cofre cerca de R$ 15 milhões, ou seja, há um deficit de R$ 37 milhões. Portanto, para conseguir saldar a folha deste mês do funcionalismo, o chefe do Executivo terá de levantar o restante com a arrecadação própria.

A princípio, Marçal Filho espera boa parte desse montante via pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e da parcela que o governo estadual repassa do pagamento do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).

Com esses recursos, o prefeito espera depositar o pagamento do salário deste mês dos servidores até o dia 30 para ser sacado no dia seguinte, mesmo tendo até o dia 7 de fevereiro para efetuar o pagamento.

A reportagem levantou que o montante de R$ 15 milhões poderia ser maior, porém, o Executivo municipal teve de pagar, na terça-feira, R$ 7.812.726,30 para a Fundação de Serviços de Saúde de Dourados (Funsaud), que administra o Hospital da Vida e a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas.

Parte do dinheiro foi usado para pagar a folha de dezembro do ano passado dos 712 servidores, mais médicos e prestadores de serviço – cerca de R$ 1,6 milhão –, enquanto o restante – R$ 6,2 milhões – foram para o custeio das duas unidades de saúde e compra de insumos.

O Correio do Estado apurou que o ex-prefeito de Dourados Alan Guedes (PP) teria deixado para o atual prefeito cerca de R$ 160 milhões de dívidas para serem pagas a curto prazo, incluindo restos a pagar, como encargos previdenciários e consignados, bem como a Funsaud.

No caso específico da Funsaud, a atual gestão municipal teve de habilitar os novos responsáveis junto às instituições financeiras e ao Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul (TCE-MS), caso contrário, os servidores, os médicos e os prestadores de serviços continuariam sem receber a folha de dezembro.

De acordo com levantamento da reportagem, a dívida da Funsaud estaria em torno de R$ 100 milhões e, por isso, o prefeito deve solicitar uma auditoria para verificar o número de servidores necessários, bem como o rombo existente.

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