Política

COMBATE À CORRUPÇÃO

Operações do Gecoc em 10 cidades devem afetar eleições em MS

Cientista político acredita que o efeito das ações será maior entre os eleitores das localidades onde foram deflagradas

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A pouco menos de um ano das eleições gerais de 2026, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), por meio do Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc), intensificou o cerco à prática de crimes de colarinho branco, como corrupção passiva, fraude em licitação e peculato, nas prefeituras e câmaras municipais do Estado.

Apenas neste ano, o Gecoc já deflagrou ações de combate à corrupção em 10 cidades de Mato Grosso do Sul, sendo 10 prefeituras e 1 Câmara Municipal, enquanto, apenas nos últimos 30 dias, Terenos, Miranda e Bonito receberam as visitas dos promotores de Justiça.

Na análise do cientista político Daniel Miranda, que é professor do curso de Ciências Sociais da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), essas operações de combate à corrupção afetarão as eleições gerais no Estado, principalmente os eleitores das cidades alvo dos promotores de Justiça.

“Nas outras 69 cidades de Mato Grosso do Sul, acredito que não vai ter muito impacto junto aos eleitores e também junto aos candidatos, pois, estatisticamente, mesmo no caso dos prefeitos aliados envolvidos em escândalos de corrupção, basta que aqueles que vão disputar vagas na Assembleia Legislativa, na Câmara dos Deputados, no Senado ou ao governo do Estado digam que não participaram dos esquemas”, pontuou.

O analista completou que, no caso dos candidatos que já ocupam cargos eletivos e vão tentar a reeleição ou mesmo cargo eletivo diferente, eles podem ainda falar que vão colaborar para que o Gecoc possa agir sem nenhum tipo de empecilho.

“Esse discurso tem o objetivo de, lá na frente, esses políticos possam se gabar, inclusive, de que as instituições de controle estão funcionando e que eles não toleram corrupção, sendo uma prova disso que até os prefeitos aliados são investigados, porque não estão blindados”, argumentou.

Para Daniel Miranda, se não houver escândalo de alguém publicamente muito próximo aos políticos com mandatos eletivos ou aos pré-candidatos, não haverá muito impacto no cenário eleitoral estadual, entretanto, nos cenários locais, ou seja, nas 10 cidades onde foram deflagradas as operações de combate à corrupção pelo Gecoc, provavelmente haverá impacto, sim, no pleito do próximo.

“Nas cidades do interior de Mato Grosso do Sul, como um todo, não há muitos grupos políticos competitivos, sendo quase sempre um grupo no governo e outro na oposição”, disse.

Conforme Miranda, o número de candidatos é um indicativo disso, então, se o atual mandatário se vê envolvido em escândalo de corrupção, mesmo que seu nome não seja diretamente citado, como no caso de Bonito, isso é munição pesada para a oposição, em 2026, detonar os políticos aliados a ele que forem pedir votos. 

“E, como normalmente não há muitos grupos políticos rivais, a tendência é de fortalecer o grupo de oposição que houver na cidade”, projetou.

ÚLTIMAS OPERAÇÕES

Em Miranda, no dia 1º, o Gecoc deflagrou a Operação Copertura, tendo como objetivo o cumprimento de 31 mandados de busca e apreensão por decisão judicial proferida no bojo da investigação que apura os crimes de organização criminosa, fraude em licitações, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, bem como delitos correlatos.

A investigação constatou a existência de uma organização criminosa que atua fraudando, sistematicamente, licitações de diversos tipos de produtos no município de Miranda desde 2020, por meio do conluio de empresários que fornecem propostas ou orçamentos “cobertura” e contando com atuação decisiva de agente público no esquema criminoso.

Algumas empresas não tinham sequer sede própria ou funcionários registrados, mas venciam licitações de produtos das mais variadas características, como, por exemplo, materiais de construção, escritório, gêneros alimentícios, produtos de limpeza, informática, kits escolares, etc.

Já nesta quarta-feira foi a vez de Bonito ser alvo da Operação Águas Turvas, para apurar esquema que abrange práticas de organização criminosa, fraude em licitações, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e outros delitos correlatos. 

Os contratos investigados pelo Gecoc na prefeitura de Bonito somam R$ 4,39 milhões. A partir desses contratos, o grupo envolvido corrompia agentes públicos e desviava recursos do erário por meio de conluios empresariais.

O Gecoc ganhou musculatura neste ano e já conta com equipamentos e uma equipe de servidores em estrutura similar à de outro grupo igualmente conhecido no MPMS pelo combate ao crime organizado, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), que, inclusive, deu apoio à operação em Bonito. 

Foram presos pelos agentes do Gecoc, com apoio de policiais civis e militares, o secretário de Finanças de Bonito, Edilberto Cruz Gonçalves, conhecido como Beto Caveira; o arquiteto Carlos Henrique Sanches Corrêa, que atua como fiscal de finanças na cidade; Luciene Cíntia Pazette, responsável pelo setor de licitações e contratos; e o empresário Genilton da Silva Moreira, apontado como beneficiário direto dos contratos fraudulentos.

Apesar do envolvimento de servidores do primeiro escalão, o prefeito de Bonito, Jusmail Rodrigues (PL), não foi alvo da operação. Foram expedidos pelo Poder Judiciário 4 mandados de prisão e 15 mandados de busca e apreensão nas cidades de Campo Grande, Bonito, Terenos e Curitiba (PR).

Na quinta-feira, em Terenos, o Gecoc deflagrou a Operação Spotless, que teve como objetivo o cumprimento de 16 mandados de prisão preventiva e 59 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS).

A investigação constatou a existência de organização criminosa voltada à prática de crimes contra a administração pública instalada no município de Terenos, com núcleos de atuação bem definidos, liderada por um agente político, que atuava como principal articulador do esquema.

A organização criminosa se valia de servidores públicos corrompidos para fraudar o caráter competitivo de licitações públicas, direcionando os respectivos certames para beneficiar empresas participantes do esquema delituoso, mediante a elaboração de editais moldados e por meio de simulação de competição legítima, em contratos que, somente no último ano, ultrapassaram a casa dos R$ 15 milhões.

O esquema envolvia também o pagamento de propina aos agentes públicos, que, em típico ato de ofício, tanto atestavam falsamente o recebimento de produtos e de serviços como ainda aceleravam os trâmites administrativos necessários aos pagamentos de notas fiscais decorrentes de contratos firmados entre os empresários e o poder público.

Durante os trabalhos, o Gecoc se valeu de provas obtidas, especialmente o conteúdo extraído de alguns telefones celulares apreendidos, compartilhados mediante autorização judicial, que revelou o modus operandi da organização criminosa e possibilitou que se chegasse até o líder do esquema.

Além dessas três prefeituras, os municípios de Água Clara, Rochedo, Três Lagoas, Coxim, Sidrolândia e Nioaque também tiveram contratos da administração pública investigados, enquanto em Aquidauana o alvo foi a Câmara Municipal, que, segundo o MPMS, teria fraudado um processo licitatório e o contrato dele decorrente.

SAIBA

Criado em 26 de outubro de 2015, pela Resolução nº 8/2016 do Colégio de Procuradores de Justiça de Mato Grosso do Sul (CPJ-MS), o Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc), vinculado diretamente ao gabinete do procurador-geral de Justiça, tem como prioridade institucional intensificar o combate à corrupção e a defesa do patrimônio público, porque a corrupção viola os direitos sociais e individuais indisponíveis e o direito à boa administração, reconhecido como expressão e consectário lógico dos direitos fundamentais consagrados na Constituição Federal.

O Gecoc atua de forma preventiva e repressiva em todo Mato Grosso do Sul, com atribuição extrajudicial e judicial, cível e criminal, mediante solicitação formal de um promotor de Justiça. Além disso, o grupo pode atuar isolado ou conjuntamente com o órgão de execução de origem. Em ambos os casos, a atuação do Gecoc se dá somente mediante expressa concordância do promotor de Justiça. 

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ELEIÇÕES 2026

Pressionada pelo PL, União Progressista terá de lançar pré-candidato ao Senado

Com Azambuja e Contar no páreo, PP e União Brasil ficam praticamente obrigados a lançar um nome para concorrer

06/12/2025 08h20

O deputado estadual Gerson Claro (PP) ou o secretário de Estado Jaime Verruck (PSD) pode ser o escolhido

O deputado estadual Gerson Claro (PP) ou o secretário de Estado Jaime Verruck (PSD) pode ser o escolhido Montagem

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Com a provável chapa pura do PL para disputar as duas vagas ao Senado por Mato Grosso do Sul, já que, até o momento, são pré-candidatos pelo partido o ex-governador Reinaldo Azambuja e o ex-deputado estadual Capitão Contar, a Federação União Progressista, formada pelo PP e o União Brasil, será obrigada a lançar pelo menos um pré-candidato ao cargo.

A informação foi passada ao Correio do Estado por uma fonte da própria federação, revelando ainda que o nome poderá ser o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, deputado estadual Gerson Claro (PP), ou o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck (PSD), que teria sido convidado a fazer parte dos progressistas.

A União Progressista lançará apenas um pré-candidato ao Senado porque tem o compromisso de apoiar a eleição de Azambuja, porém, como o PL caminha para ter dois pré-candidatos ao Senado, a federação terá de formar uma “aliança branca”, ou seja, fazer um acordo eleitoral informal com a legenda à qual, oficialmente, não estará coligada.

Por meio dessa informalidade, PP e União Brasil poderão pedir votos para o próprio candidato a senador e também para Azambuja e vice-versa, sem a necessidade de um documento de coligação formal registrado na Justiça Eleitoral que una os partidos em todos os níveis da disputa.

Esse tipo de aliança permite que diretórios regionais apoiem candidatos que seriam vetados pelas executivas nacionais, contornando, por vezes, regras de verticalização, que exigem alinhamento das coligações em diferentes níveis.

Na prática, o partido pode lançar um candidato próprio, mas orientar, de forma velada ou explícita, seus eleitores a votarem no candidato de outra legenda. Isto é, a Federação União Progressista pedirá para que os seus eleitores destinem o primeiro voto para Gerson Claro ou Jaime Verruck e o segundo, para Azambuja.

DISPUTA

Pacificada a questão da federação lançar um pré-candidato ao Senado nas eleições do próximo ano, o imbróglio ficará na definição do nome, pois Gerson Claro já está no PP e tem demonstrado desde o início do ano o desejo de ser o escolhido para ser o representante.

Procurado pelo Correio do Estado, o presidente da Assembleia Legislativa disse que não sabia dessa provável configuração para o pleito de 2026.

“Eu só posso afirmar que estou trabalhando para ser o candidato da federação ao Senado Federal”, afirmou.

O secretário Jaime Verruck também foi procurado pela reportagem, mas preferiu não comentar nada, revelando apenas que tem interesse em ser pré-candidato a senador da República pelo PSD, partido em que está filiado desde março do ano passado.

Ele já teria até anunciado a data em que vai se desincompatibilizar do cargo de secretário de Estado (30 de março de 2026) para disputar uma das duas cadeiras ao Senado pelo grupo político do governador Eduardo Riedel (PP).

No entanto, se ficar no PSD, Verruck terá problemas internos para resolver, afinal, a sigla é presidida no Estado pelo senador Nelsinho Trad, que tentará a reeleição e, portanto, poderá inviabilizar a candidatura do secretário pela legenda, o que poderia obrigá-lo a trocar de partido.

Por isso, a ida de Verruck para o PP está muito próxima e, caso o escolhido para representar a Federação União Progressista seja Gerson Claro, o secretário poderá acabar disputando uma cadeira na Câmara dos Deputados.

O Correio do Estado ainda procurou a presidente estadual do PP e também da federação, senadora Tereza Cristina, porém, não houve retorno até o fechamento desta edição. Em tempo, PP e União Brasil já entregaram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o protocolo com o requerimento de registro de federação partidária.

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Política

Flávio anuncia que Bolsonaro o escolheu como candidato a presidente da República em 2026

Antes de falar publicamente sobre o assunto, o senador avisou ao Partido Liberal e ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sobre a decisão de Bolsonaro

05/12/2025 15h37

Flávio Bolsonaro

Flávio Bolsonaro Agência Brasil / Tânia Rêgo

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O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) anunciou nesta sexta-feira, 5, que seu pai, Jair Bolsonaro (PL), confirmou que ele será o candidato a presidente do grupo em 2026. "É com grande responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação", escreveu Flávio em uma publicação no X.

Antes de falar publicamente sobre o assunto, o senador avisou ao Partido Liberal e ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sobre a decisão de Bolsonaro.

A informação foi antecipada pelo site Metrópoles. O Estadão confirmou que o senador conversou com Tarcísio nesta semana para tratar do assunto. O presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto, disse estar a par da articulação.

"Flávio me disse que o nosso capitão ratificou sua candidatura. Bolsonaro falou, está falado. Estamos juntos", afirmou Valdemar

Na publicação nas redes sociais, o filho "01" do ex-presidente disse que o País vive dias difíceis e que não pode se conformar em vê-lo caminhar para tempos de instabilidade, insegurança e desânimo.

Ele também afirmou que não ficará de braços cruzados vendo a democracia sucumbir. Bolsonaro está preso na Superintendência Regional da Polícia Federal em Brasília desde 25 de novembro, cumprindo a pena de 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado.

"Eu me coloco diante de Deus e diante do Brasil para cumprir essa missão. E sei que Ele irá à frente, abrindo portas, derrubando muralhas e guiando cada passo dessa jornada", concluiu Flávio.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tem autorizado visitas periódicas ao ex-presidente, especialmente de sua família. Na terça-feira, Flávio esteve com o pai, mas não mencionou qualquer conversa sobre candidatura à Presidência da República.

Membros da cúpula do PL dizem ver a informação com ressalvas, e que acreditam se tratar de um balão de ensaio para tanto inflar quanto testar o nome de Flávio a nível nacional. A escolha definitiva, para alguns, será tomada mais adiante.

Uma pessoa ligada à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) rechaça a escolha de Flávio e diz que Bolsonaro não teria tomado tal decisão sem consultar a esposa. E questiona a razão de o ex-presidente "não ter confidenciado para a Michelle, mas para outra pessoa, sem falar para a esposa, ainda mais depois do ocorrido na última semana".

A informação surge dias após um racha entre Michelle e os filhos Flávio, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ). O estopim da briga pública foi uma crítica da ex-primeira-dama à articulação feita pelo PL cearense, chefiado pelo deputado federal André Fernandes, para apoiar o ex-presidenciável Ciro Gomes na disputa contra o PL pelo governo do Estado.

Os três filhos saíram em defesa de Fernandes, alegando que a articulação teve aval de Bolsonaro, e Flávio chamou a postura da madrasta de "arrogante e autoritária". Após a visita ao pai na segunda-feira, o senador disse ter pedido desculpas a Michelle.

No dia seguinte, o PL fez uma reunião de emergência para colocar panos quentes na crise, e o acordo com Ciro foi suspenso por tempo indeterminado - o que foi lido por alguns como vitória parcial de Michelle sobre os enteados.

A crise pública que teve a formação de alianças eleitorais como pivô aconteceu uma semana depois de o bolsonarismo cerrar fileiras, numa reunião a portas fechadas em 24 de novembro, para defender um alinhamento de discurso em defesa de Bolsonaro, que havia acabado de ser preso preventivamente.

Em seu discurso na ocasião, Michelle criticou os correligionários que atacam os colegas nas redes sociais, afirmou que a "roupa suja" deve ser lavada em casa, e pediu maior alinhamento em torno de Bolsonaro. O que foi debatido naquele encontro, entretanto, veio a ruir com a exposição das divergências feita em Fortaleza.

Já Flávio foi ungido o porta-voz oficial do pai. Sem Eduardo, autoexilado nos Estados Unidos, e mais próximo do ex-presidente do que o outro irmão Carlos, que mora no Rio de Janeiro, o senador ocupa um espaço privilegiado, com mandato, holofotes e acesso à PF para trazer e levar informações do mundo externo.

A decisão do PL de dar o posto de tamanha influência a Flávio contrasta com a avaliação que o irmão Eduardo faz do poder de todos os membros da família de representar a voz do ex-presidente.

"Enquanto durar a prisão do Bolsonaro, sempre vai haver essa confusão de quem fala por ele, quem fala, quem não fala. Tanto o Flávio como o Carlos, a Michelle, são próximos do meu pai e vão ter acesso a ele. Eu acho importante que sigam tendo essa proximidade pelo ponto de vista principalmente emocional", declarou Eduardo em entrevista ao Estadão.

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