O deputado federal Luiz Ovando (PSL) encabeça uma nova tentativa para viabilizar o partido bolsonarista Aliança pelo Brasil. Segundo o parlamentar, seu objetivo atual é obter apoio de Mato Grosso do Sul e alcançar 191 mil assinaturas que faltam para que a sigla seja reconhecida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A primeira tentativa, encabeçada pelo próprio presidente Jair Bolsonaro no final de 2019 acabou frustrada, pois a sigla não conseguiu o apoio necessário dos eleitores, bem como não reuniu a documentação necessária para concorrer às eleições municipais de 2020.
Últimas notícias
Conforme Ovando, o fato ocorreu porque o próprio partido decidiu desacelerar o movimento, pois entendeu que na busca de apoio poderia reunir pessoas que não estivessem alinhadas com o estatuto do Aliança pelo Brasil.
“É como jogar uma rede em um rio, você pode trazer peixes grandes, pequenos ou algo que não é do agrado do pescador. Portanto, avaliamos que muita gente poderia se aproveitar da nossa iniciativa e entrar no nosso partido. Ou seja, oportunistas que não estariam alinhados com as bases ideológicas que fundamentam a estatura da nossa sigla. Além disso, nos faltou um pouco de experiência para que esse passo fosse dado na época, o que temos agora. Por fim, na oportunidade tínhamos apenas dois estados que estavam aptos a fazer esse pedido de fichas partidárias, nos quais eram apenas Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Portanto, a tarefa era quase impossível”, explicou.
Além dos Estados já citados pelo parlamentar, o deputado também revelou que existem outros sete aptos para coleta de fichas partidárias, que são: Amapá, Amazonas, Maranhão, Paraíba, Paraná, Roraima e Santa Catarina.
Além disso, o parlamentar informou que o grupo reúne 300 mil assinaturas, das 491.967 necessárias para originar um partido. Ou seja, faltam pouco mais de 191 afiliações partidárias para viabilizar a sigla. Porém, o deputado espera dificuldade quando toda a documentação chegar à Justiça Eleitoral.
“Teremos que enfrentar a resistência dos ministros do tribunal, pois sabemos que eles não são favoráveis à criação do nosso partido. Além disso, tem a oposição que tentará de todas as formas interromper esse processo, pois eles têm medo da fundação de uma legenda que vai de encontro ao anseio de uma parcela da população que nunca antes foi representada. Contudo, o Aliança reúne os preceitos de Deus, família e pátria, que são premissas da população conservadora que não compactua com as políticas realizadas até hoje pelos progressistas. Temos que acabar com a ideia que qualquer arranjo é família, que a ideologia de gênero deve estar inserida nas escolas, entre outras pautas identitárias que não condizem com o conservadorismo”, projetou.
BOLSONARISMO
Muitos analistas políticos apontam que tanto a esquerda mais radical, quanto o bolsonarismo mais ideológico, saíram prejudicados nas eleições municipais do ano passado.
O presidente Jair Bolsonaro não conseguiu emplacar políticos apoiados por eles nesses pleitos. Os exemplos mais significativos dessa suposta derrocada, foi a não reeleição de Marcelo Crivella (Republicanos), no Rio de Janeiro, e Celso Russomanno (PP), em São Paulo.
Em contrapartida, os partidos ditos da centro-direita como PSD, DEM, MDB, entre outros, saíram vitoriosos em diversos colégios eleitorais importantes. Porém, esse fato foi minimizado por Ovando, pois, ele acredita que as eleições são uma fotografia do momento e não apenas uma guinada que pode percorrer a outros pleitos.
“Assim como o universo, que está sempre em expansão, na política não repetimos fases. As eleições municipais são muito importantes localmente, mas não refletem um desejo nacional. Por exemplo, nela o eleitor está mais preocupado se a taxa de lixo vai aumentar, o transporte vai melhorar, se o bairro dele terá asfalto e saneamento básico. Portanto, eles decidem por aquele que tem um histórico de entrega de promessas, mas não aquele que se apresenta vendendo ideologias e neste cenário a escolha é mais pragmática. Por exemplo, no Rio nem Jesus Cristo conseguiria eleger o Crivella, a culpa não foi do presidente, pois ele teve uma péssima gestão. Em São Paulo, o eleitor preferiu permanecer com o prefeito Bruno Covas, ao invés de apostar em quem ainda não foi experimentado no Executivo, como o Russomano”, avaliou.
E complementou a informação dizendo que “as eleições majoritárias (nacionais) têm como plano de fundo um sentimento plebiscitário. Ou seja, será avaliado se a população aprova ou não o governo Bolsonaro. Ao contrário do que foi a última eleição onde a população optou por uma política que fosse contrária ao partido que destruiu o país, que é o PT.”
PANDEMIA
Para o deputado, que também é médico, a política de isolamento para conter a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) replicada no mundo, é algo totalmente errado no tratamento de pandemias infecciosas. De acordo com ele, esse processo só alonga o período de infecções e quebra a economia.
“Países dito como modelos, Reino Unido, Estados Unidos, Japão, entre outros, fizeram uma política errada fechando setores importantes da economia. Quando existe uma pandemia infecciosa, não se deve trancar as pessoas, pelo contrário, pois isso aumenta o nível de contágio. Agora vemos os Estados Unidos, por exemplo, enterrando quatro mil pessoas por dia. No Brasil, que dizem que as pessoas não têm obediência, não chegamos a esse número. Quando se tranca tudo, ao abrir nós vemos o fenômeno de segundas e terceiras ondas, o que pode aumentar ainda mais o número de mortes”, criticou.
VACINAÇÃO
Perguntado pelo Correio do Estado sobre o fato de que, com a chegada da vacina, o país poderia voltar a uma possível normalidade econômica, o parlamentar afirmou que a euforia tem de ser contida, pois ainda não se sabe se as vacinas são definitivas no combate definitivo a Covid-19.
“O que os laboratórios querem é vender, pois são grandes empresas e o negócio deles é o lucro em si. No entanto, as vacinas não foram testadas a longo prazo e não sabemos se ele bloqueia em definitivo o contágio do vírus. Em relação à economia, nosso papel do Congresso Nacional é desengavetar projetos importantes que pertencem à agenda de reformas do governo federal”, concluiu.