O Correio do Estado perguntou a todos os candidatos que disputam a Prefeitura de Campo Grande nestas eleições qual a opinião deles sobre a liberdade de imprensa e qual o papel dela para a manutenção de um Estado Democrático de Direito.
Dos 15 que tentam gerir a Capital, todos foram favoráveis ao direito constitucional de uma imprensa livre. Eles ressaltaram também a importância do jornalismo profissional e da checagem de informações.
Os mais críticos, porém, foram o promotor licenciado Sérgio Harfouche (Avante), o vereador e candidato pelo PSL Vinicius Siqueira e o algoz dele na disputa pela vaga como candidato do mesmo partido, deputado federal Loester Trutis.
Alinhados na extrema direita, com forte apelo das redes sociais, eles adotaram uma postura mais crítica sobre o papel dos meios de comunicação, apesar de afirmarem que são a favor do direito à informação e livre pensamento.
Para fazer essa reportagem, o Correio do Estado adotou o critério de ordem alfabética para citar as impressões dos candidatos.
CANDIDATOS
A candidata Cris Duarte (Psol) afirmou que a liberdade de imprensa é fundamental para se garantir a democracia e o direito à informação.
“O contrário disso é censura. As pessoas precisam de informação para formar a própria opinião e, por isso, precisamos que os veículos sejam comprometidos com a verdade. Ultimamente estamos vendo vários ataques à imprensa e até mesmo aos profissionais do jornalismo, por quem deveria prezar pela boa informação e pela democracia”, declarou.
Na mesma linha que Duarte, Dagoberto (PDT) reconhece que a única forma de se garantir a manutenção da democracia no Brasil é por meio de uma imprensa livre.
“Eu defendo esse preceito com muita convicção, pois a mídia livre e isenta é a única forma de um Estado Democático de Direito. Caso contrário, teremos um jornalismo comprado que serve para promover notícias falsas e criminosas”, argumentou.
Sidneia Tobias, que disputa o Executivo Municipal pelo Podemos, também afirmou que, a base da democracia brasileira é a liberdade de imprensa.
“Está na nossa Constituição Federal. Sem ela, o cidadão não recebe a informação correta, bem apurada e com todas as fontes e fatos envolvidos. O jornalista e os veículos de comunicação levam as notícias para todos poderem entender e, com base no que leram, escutaram ou ouviram em vários veículos, eles podem chegar à sua própria conclusão e se posicionam perante a sociedade”, explicou.
Esacheu Nascimento (PP) diz que esse direito é fundamental para que o público tenha conhecimento das diversas visões e entendimentos sobre os fatos.
“Esse nosso direito é um dos pilares de qualquer democracia. Ou seja, o jornalismo profissional tem um papel de salvaguardar a veracidade da informação por meio de uma abordagem isenta e equilibrada”.
IMPRENSA LIVRE
O candidato pelo Novo, Guto Scarpanti, também se posicionou a favor de uma imprensa livre, pois, segundo ele, esse direito é extremamente importante em uma democracia.
“Em regimes ditatoriais, a primeira coisa que perdemos é a liberdade de imprensa. Portanto, nada mais natural que preservar este precioso formato de exercício da plena democracia. Sem o jornalismo profissional, não temos o enfrentamento das notícias falsas, pois essa informação mentirosa se espalha com muito mais rapidez do que uma notícia verdadeira”, disse.
Para João Henrique Catan (PL), sem uma imprensa livre, os governos estabelecidos democraticamente, bem como as liberdades individuais, ficam em risco.
“Essa liberdade é uma forma de promover o regime democrático e expressar a vitalidade de uma sociedade. As matérias não devem dizer às pessoas que opinião devem ter, mas o compartilhamento de informações verdadeiras, atribuídas a várias fontes, serve para que as pessoas entendam os fatos e tirem suas conclusões”, projetou.
Para Marcelo Bluma (PV), a imprensa tem como norte trabalhar a divulgação das ideias e do pensamento coletivo.
“A manutenção de uma imprensa livre está totalmente atrelada ao direito de liberdade de expressão e livre pensamento. Portanto, o setor deve fazer seu trabalho sem qualquer tipo de cerceamento. É dela também o dever de fiscalizar e, assim, garantir que outros autores, como os cidadãos, também não tenham esse direito tolido”, elencou.
RESPONSABILIDADE
Marcelo Miglioli (Solidariedade) revelou que é favor da liberdade de imprensa com “responsabilidade”.
“Eu defendo que os jornalistas atuem de forma isenta para levar apenas os fatos à população. Quando isso não acontece, prejudica terceiros e espalha desinformação. Esse tipo de ‘imprensa’ não contribui com a sociedade, pois distorce a verdade a favor da conveniência de alguma determinada pessoa. Já o jornalismo profissional deve ser livre, pois ele contribui para todo o processo democrático”, afirmou.
Para o emedebista Márcio Fernandes, a liberdade de imprensa é importante para fiscalizar e denunciar, quando preciso, os erros do poder público.
“A imprensa também é necessária para que a população consiga expor seus anseios e demandas. As redes sociais trouxeram uma aproximação maior do eleitor com os candidatos, porém também veio a grande disseminação de notícias e fatos inverídicos. A imprensa, assim como o Judiciário, tem auxiliado para combater a desinformação. É de suma importância que os jornais confirmem ou desmintam informações, na busca de esclarecer a população com a verdade”, explicou.
FUNDAMENTAL
Para o atual prefeito e candidato à reeleição, Marcos Trad (PSD), a imprensa é uma ferramenta fundamental.
“Enquanto gestor público, sempre mantive uma relação de muita transparência com os veículos de mídia de Campo Grande. A imprensa é um meio confiável de informação. Um canal que as pessoas têm para confirmar o que é verdade e o que é fake news [notícia falsa]”, revelou.
Pedro Kemp (PT) afirmou que a liberdade de imprensa é um dos pressupostos da democracia.
“É fundamental para o acesso da população às informações, para o debate de opiniões. A liberdade de imprensa é importante instrumento para a população fiscalizar e fazer o controle social dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. O trabalho do jornalista é importante e tem que ser respeitado”, ressaltou.
CRÍTICA
Para Sérgio Harfouche (Avante), a imprensa é livre e serve para publicar os fatos e levar informações verídicas ao leitor, ouvinte ou espectador.
“Sou contra a censura e contra a imprensa marrom, aquela que é paga para publicar mentiras e difamar os outros. Se todos os veículos usassem essa liberdade com responsabilidade e honestidade, seria muito bom. Infelizmente, muitas vezes temos que recorrer à Justiça em função de publicações difamatórias”.
Para Paulo Matos (PSC), a liberdade de imprensa é um direito fundamental no regime democrático.
“Entre outros, a imprensa cumpre o importante papel de fomentar as discussões na sociedade sobre temas relevantes, promovendo, assim, a formação de opiniões, a convergência e até mesmo a divergência. Sem ela, viveríamos às escuras, normalmente com apenas um lado da informação, geralmente o oficial, conforme acontece nas ditaduras e já aconteceu no Brasil”, enalteceu.
ATAQUE
O vereador e candidato Vinicius Siqueira (PSL) adotou a postura de atacar os veículos de comunicação, mesmo concordando que essas empresas devem ser livres para exercer suas funções.
“O maior risco à liberdade de imprensa é a possibilidade de o gestor público, como por exemplo o prefeito, vincular a destinação de verbas públicas de publicidade à não crítica de sua gestão. Dinheiro público não pode ser usado para calar os jornais. Tão prejudicial quanto às fake news são os jornais que, com medo de perder participação nas verbas públicas de publicidade, aceitam se calar ou mostrar à população uma gestão diferente da real”, criticou.
SEM MEIO TERMO
Para Thiago Assad, representante do Partido da Causa Operária (PCO) que teve sua candidatura indeferida pelo TRE nesta sexta-feira, não existe meio termo para liberdade de imprensa.
“Ou ela existe ou não existe; defendemos como princípio que é sempre melhor ter. Nesse sentido, somos contra toda e qualquer tentativa de restringir a liberdade de expressão e de imprensa. Somos contra a criminalização das chamadas fake news e contra qualquer tentativa de criminalizar discursos e propagação de informação, seja de onde vier, feita por quem quer que seja”, reforçou.
Loester Trutis, que ainda não teve sua candidatura confirmada, afirmou que é a favor da liberdade de expressão de todos os cidadãos, não apenas da imprensa.
“Eu sou dos movimentos de rua e, por esse motivo, sou contra qualquer tipo de cerceamento, seja ele contra a imprensa ou qualquer cidadão. Porém, muitos veículos de comunicação não fazem um trabalho isento”, finalizou.