O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, disse ontem (27) que os juízes brasileiros precisam ser "mais comunicativos", para explicar à sociedade como funciona o Poder e qual é o significado e o alcance das decisões judiciais. “Jornalista não é inimigo”, disse o presidente da Corte. Para Peluso, os juízes tinham um “certo medo da imprensa”, mas hoje estão entendendo melhor o papel dos veículos de comunicação e criando um relacionamento saudável.
O presidente foi um dos participantes do fórum Liberdade de Imprensa e Poder Judiciário, promovido pelo STF em parceria com a Associação Nacional de Jornais (ANJ). A manifestação de Peluso sinaliza uma nova postura dos juízes. No século passado, segundo ele, persistia a ideia de que os juízes não podiam falar nada além do que estava nas decisões e despachos de processos não sigilosos, em uma linguagem técnica e de difícil compreensão.
Peluso acredita que, hoje, a situação é outra. “Os juízes estão entendendo melhor o papel da imprensa e não têm mais medo de conversar e estabelecer um campo de relacionamento respeitoso [com jornalistas], que é bom para ambos os lados”. Segundo ele, muitas vezes, as pessoas não entendem a linguagem técnica usada pelos juízes e que o papel de tradutor dessa linguagem exercido pelos jornalistas é fundamental para tornar o Judiciário mais compreensível à sociedade.
O presidente do Supremo disse ainda que os jornalistas precisam ser mais indagativos. “Perguntar 'como isso funciona?'; 'significa o que?'. Às vezes, as palavras não conseguem traduzir com exatidão o conceito, o significado de certos pronunciamentos ou o alcance de certas decisões”.
Perguntado se a não exigência de diploma para jornalista não interfere na qualidade da cobertura da imprensa, Peluso afirmou que o jornalismo “é um estado de espírito”, que o pai dele foi jornalista e não tinha diploma universitário de jornalismo. Peluso foi um dos que votaram contra a exigência de diploma para o exercício da profissão em julgamento do STF em 2009. Por 8 votos a 1, o diploma de curso superior deixou de ser exigido para o exercício da profissão.