Fragilizado pela confirmação de que viajou mesmo em um jatinho providenciado pelo diretor da ONG Pró-Cerrado, Adair Meira, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), telefonou nesta quarta-feira para parlamentares do partido a fim de buscar apoio da legenda e reforçar sua disposição de se defender das acusações de ter supostamente beneficiado Meira, cuja ONG ganhou convênios com a pasta. Diante do risco de engrossar a lista dos auxiliares demitidos pela presidente Dilma Rousseff, o PDT cancelou a reunião do diretório nacional que faria neste sábado para discutir a gestão do ministro à frente da pasta.
Pela manhã, em caráter reservado, o ministro precisou reapresentar justificativas à presidente Dilma Rousseff, a quem já tinha informado não ter relações com Adair Meira. A ONG de Meira recebeu quase R$ 14 milhões em convênios com a pasta. Na conversa com a presidente, Lupi voltou a afirmar que o jatinho que usou não era do empresário.
A expectativa de pedetistas é que Lupi se reúna com a bancada do partido para apresentar sua defesa sobre a real relação com o empresário ligado à ONG. Lupi, que havia negado conhecer Adair ou ter utilizado qualquer jatinho particular de empresários, foi desmentido com a publicação de uma foto e um vídeo em que aparece ao lado do diretor das ONGs e desembarcando da aeronave.
Se conseguir se manter no cargo até quinta-feira, Lupi tentará novamente se explicar aos parlamentares e, com isso, apresentar argumentos que garantam a ele sustentação política e a permanência no cargo de auxiliar da presidente Dilma Rousseff. A Comissão de Assuntos Sociais do Senado aprovou hoje convite para que o pedetista explique a utilização de um avião privado alugado pelo diretor das ONGs Adair Meira.
O ministro, que tinha recebido o compromisso inicial de que não seria demitido precocemente do governo e de que ficaria no primeiro escalão federal pelo menos até o início do próximo ano, perdeu a garantia de continuidade à frente da pasta.