Maria Matheus e Fernanda Brigatti
A internet virou trincheira para a guerra eleitoral em Mato Grosso do Sul. No vale-tudo para desqualificar o adversário, fraude e pirataria digital se tornaram instrumentos de campanha. O candidato do PT ao Governo do Estado, José Orcírio dos Santos, foi alvo da artilharia virtual. “Piratas” se apropriaram da fama da modelo paraguaia Larissa Riquelme para atrair internautas a vídeos que atacam o petista. A mira também foi apontada para o governador André Puccinelli (PMDB), que disputa a reeleição. O boletim “MS de coração partido” traz críticas ao peemedebista com base em notícias divulgadas na imprensa.
Na semana passada, e-mails enviados e divulgados como se fossem da paraguaia que ficou conhecida durante a Copa do Mundo, afirmam que a modelo decidiu envolver-se na política de Mato Grosso do Sul. A mensagem aponta para um canal no site Youtube com vídeos que fazem críticas a José Orcírio.
Na descrição do perfil, a suposta autora diz em espanhol atrapalhado que era vizinha de Orcírio, na região de Porto Murtinho, e que resolveu criar a conta no Youtube para evitar que ele seja eleito novamente.
O material postado no site traz diversas acusações contra o ex-governador. Um dos vídeos trata do assassinato de um líder sem-terra, ocorrido durante o governo petista e insinua, usando notícias de jornais, que a morte foi planejada na Governadoria.
Também na trincheira virtual, o boletim “MS de coração partido” está em sua segunda edição e faz trocadilho com os slogans “Campo Grande no coração da gente” e “Mato Grosso do Sul no coração da gente”, usados durante a administração de André Puccinelli na prefeitura e no governo, respectivamente.
A publicação traz pequenas notas fazendo denúncias e críticas a Puccinelli, como o aumento de impostos, a evolução patrimonial do governador e a apropriação de obras custeadas com os repasses federais para o Estado.
Reação
O PT ajuizou sexta-feira (6) uma ação para tirar os vídeos contra Orcírio da internet e outra pedindo a investigação para apurar autoria e responsabilidade.
“Infelizmente, todas as eleições que André Puccinelli disputa, sempre tendem a ter uma campanha mais agressiva, mais ofensiva”, opinou o advogado José Valeriano Fontoura, autor da ação. “Eles só mudaram o ringue da disputa. Em vez de usar panfletos apócrifos, como em outras eleições, usam agora sites e blogs apócrifos, com o intuito de caluniar e denegrir”.
A legislação eleitoral tem poucas restrições relacionadas à campanha na internet, que segue as mesmas regras para a divulgação de candidaturas fora do ambiente virtual. A rigor, os candidatos só poderiam ser punidos se realmente oferecessem vantagens a eleitores em seus blogs e perfis pessoais em redes como o twitter, o orkut e o facebook. Ainda assim, dependeria da comprovação da autoria e de uma provocação à Justiça Eleitoral.
Também não há previsão na lei de controle de conteúdo para o que postam outros usuários. Hoje, o ambiente de redes sociais como o twitter e o orkut deixam claro o clima de acusações mútuas, comportamentos vetados na campanha “oficial” e tradicional.