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ANÁLISE

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Entenda por que elaborar uma nova constituição pode não ser uma boa ideia

Líder do governo Bolsonaro sugeriu convocar uma constituinte para corrigir "falhas"

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A ideia de elaborar uma nova constituição, dada pelo líder do governo na Câmara dos Deputados, não apenas foi rechaçada pelo próprio presidente da Casa como foi de encontro à opinião de especialistas na área. 

Ricardo Barros (PP-PR) se manifestou a favor de um plebiscito para que os cidadãos decidam se é o momento de refazer a Carta Magna, como fez recentemente o Chile. 

Porta-vozes do Executivo chegaram a negar que o parlamentar tenha feito a declaração em nome da presidência. 

Rodrigo Maia (DEM-RJ), por sua vez, afirmou que a situação do vizinho latino-americano é diferente, já que naquele país a lei maior é da época do ditador Augusto Pinochet. 

A justificativa de Barros é que a Constituição tem brechas que tornam o país “ingovernável”, que “só tem direitos” e não fala dos deveres dos cidadãos para com a nação. 

Além disso, na opinião do deputado federal, é preciso equilibrar mais os poderes, para evitar que os agentes fiscalizadores.

O discurso foi proferido em evento organizado pela Academia Brasileira de Direito Constitucional, que contou com a presença de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), do ministro da Economia, Paulo Guedes, e de juristas.

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INVIÁVEL

Para Fernando Laranjeira, conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil seccional Mato Grosso do Sul (OAB-MS), o ativismo judicial não é fruto do que diz ou não diz a Constituição, mas um “fenômeno complexo que vem sendo criado nas faculdades de Direito, segundo o qual ao juiz é dada ampla liberdade para interpretar a lei”.

Ao Correio do Estado, ele afirmou que o problema se debruça muito mais na inércia do Legislativo, que não elabora normas sobre temas fundamentais e não tem força para instalar comissão que investigue o Judiciário. 

Sem deputados e senadores com atuação presente, os ministros e juízes acabam ocupando o “vácuo de poder” e acabam interferindo muitas vezes em decisões que, legalmente, estão a cargo do Executivo.

“Uma nova constituição seria necessária, mas por outra razão: a Constituição atual, em que pese ter aparência de “Constituição Cidadã, que garante diversos direitos, permite, por essa mesma razão, que o Estado limite a liberdade individual de forma abusiva”, pontua Laranjeira. 

Laranjeira considera inviável que uma nova Constituinte seja instalada. 

“Para tanto seria necessário, ampla mobilização popular, como que ocorreu no ano de 2013, conduzindo ao impeachment da ex-presidente Dilma. Tal mobilização não irá ocorrer por duas razões. Primeiro porque parte das lideranças daquele período, hoje ocupa cargo no Congresso Nacional, sendo oposição ao Governo Federal. Segundo que as lideranças que não ocupam cargos públicos têm sua liberdade de expressão limitada e controlada pelo Judiciário”, opina o advogado.

Além disso, há questões relacionadas à própria crise da Covid-19.

DESNECESSÁRIO

O advogado constitucionalista professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Sandro Rogério, também acredita que uma nova constituição não é necessária. 

“De tempos em tempos aparece no meio político ideias como essa. Em 2013, a ex-presidente Dilma Roussef (PT) chegou a propor um plebiscito a fim de autorizar uma reforma mais profunda na Constituição, o que era um completo absurdo. Além do quê, a convocação de nova constituição significaria o abatimento, a “morte” da atual constituição. Nenhuma constituição prevê a morte de si mesma”, pontua. 

Ele classifica a manifestação como “retórica política que tentar pegar carona no plebiscito chileno”. 

Uma das justificativas de Barros para a necessidade de uma nova Carta Magna seria o “excesso” de direitos presentes na atual, principalmente nas garantias fundamentais individuais, 

“O que não é verdade. Aqui se deve observar o binômio direito/dever, a cada direito descrito na constituição há um dever correspondente a ele”.

Quanto ao ativismo do Judiciário, Rogério concorda com a opinião de Laranjeira, de que ele ocorre ante a omissão do Parlamento. 

“Leis mais bem elaboradas deixam menor a margem de interpretação para eventuais ativismos judiciais negativos, ou seja, que possam trazer prejuízos à sociedade”.

Ao Correio do Estado, ele acrescenta que não acredita que a ideia prospere, já que isso também implicaria no que ele chama de “fracasso como sociedade”. 

É preciso, por conseguinte, que a sociedade exija o cumprimento das normas vigentes e que a promessa da atual Constituição seja em fim cumprida, encerra o especialista.

Justiça

STF reafirma que todas as decisões da Corte são fundamentadas

Declaração é em resposta a comitê da Câmara dos Deputados dos EUA

18/04/2024 22h00

Marcelo Casal/ Agência Brasil

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O Supremo Tribunal Federal (STF) declarou nesta quinta-feira (18) que todas as decisões tomadas pela Corte são fundamentadas. A manifestação foi feita após um comitê da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos divulgar notificações do ministro Alexandre de Moraes direcionadas à rede social X, antigo Twitter.

Na quarta-feira (17), os documentos, que estão em segredo de Justiça, foram divulgados pela comissão, que tem parlamentares ligados ao ex-presidente Donald Trump no comando dos trabalhos.

As notificações fazem parte de diversas determinações para retirada de conteúdos considerados ilegais por Moraes. A remoção das postagens são consideradas como censura pelos críticos do ministro.

Ao se manifestar sobre a divulgação do comitê, o Supremo rebateu acusações de que as decisões não foram fundamentadas.  Segundo o STF,  os documentos que foram divulgados são ofícios enviados às plataformas para cumprimento das decisões.

A Corte declarou ainda que todas as partes envolvidas em processos têm acesso à fundamentação das decisões.

"Todas as decisões tomadas pelo STF são fundamentadas, como prevê a Constituição, e as partes, as pessoas afetadas, têm acesso à fundamentação", afirmou a Corte.

A ofensiva contra o Supremo e Alexandre de Moraes nos Estados Unidos começou após o ministro incluir o empresário norte-americano Elon Musk, dono da rede social X, no inquérito que investiga atuação de milícias digitais para disseminar notícias falsas no país.

 

 

Recebidos pagos

Líder da oposição quer lista de presentes recebidos por Lula e Janja em viagens

Segundo Barros, as "mais de 15 viagens" de Lula não proporcionaram "efeitos positivos para o Brasil até o momento", o que justifica o pedido de "fiscalização"

18/04/2024 18h00

EBC

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O deputado federal Filipe Barros (PL-PR), líder da oposição na Câmara dos Deputados, solicitou acesso à lista de presentes recebidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pela primeira-dama Rosângela Lula da Silva (PT) durante as viagens internacionais e nacionais realizadas por eles. O parlamentar argumenta que a situação dos 231 itens recebidos pelo casal do primeiro dia do mandato até 2 de maio de 2023, revelados pelo Estadão, "gera controvérsias".

O requerimento de acesso aos dados, protocolado nesta quarta-feira, 17, solicita ao ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo (PT), além da lista detalhada de presentes recebidos entre o início do mandato de Lula e o dia 16 de abril de 2024, informações sobre o encaminhamento dado aos itens e os valores gastos com alimentação durante as viagens do presidente. Procurada pelo Estadão, a Secretaria-Geral da Presidência ainda não se manifestou.

Segundo Barros, as "mais de 15 viagens" de Lula não proporcionaram "efeitos positivos para o Brasil até o momento", o que justifica o pedido de "fiscalização" que tem como objetivo o "esclarecimento da situação". Ainda, o deputado menciona a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de auditar o recebimento dos bens dados a Lula em 2023, antes do fim da gestão do mandatário.

Os presentes recebidos pelo presidente são catalogados pela Diretoria de Documentação Histórica, que faz parte do gabinete da Presidência. Em junho de 2023, o órgão admitiu que a lista contendo os bens dados a Lula, sendo 63 deles internacionais, poderia estar incompleta.

Caso das joias

No caso das joias que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou trazer ilegalmente para o País, o Estadão revelou que diversos servidores foram mobilizados para impedir justamente esta etapa do cadastro. O colar, anel, relógio e o par de brincos de diamantes avaliados em R$ 16,5 milhões eram um presente do príncipe da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman al Saud, e foram apreendidas no aeroporto de Guarulhos quando Bolsonaro e a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro, voltaram da viagem.

A fim de liberar os presentes, o ex-presidente atuou pessoalmente e ainda acionou três ministérios para forçar a liberação dos itens que estavam na mochila de um militar, assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque Ao todo, foram oito tentativas para que Bolsonaro ficasse com as joias.

A revelação gerou tanto impacto que, em junho do ano passado, Janja e Lula cancelaram um jantar com o príncipe em Paris para evitar a má repercussão causada pelo encontro.

 

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