O gato, de repente, sem qualquer anúncio, muda o comportamento. Deixa de utilizar a caixa de areia para urinar e começa a achar que todas as dependências da casa transformaram-se em seu banheiro. Nesta hora, nada de desespero, observar o bichano é orientação ministrada pelos veterinários. As causas da alteração de atitude podem ser variadas, permeiam entre os problemas físicos até o estresse. “Não é normal o gato deixar de usar a caixa de areia, ele é muito higiênico, normalmente, aprende muito mais rápido do que o cachorro a fazer suas necessidades no lugar certo”, aponta a veterinária Cláudia da Silva Mendes. Antes de cogitar a possibilidade da mudança por causa de problemas emocionais do felino, é preciso atentar-se aos aspectos orgânicos. “Existem várias doenças que podem fazer com que o animal apresente problema urinário. Nestes casos, são necessários exames clínico e laboratorial”, explica o presidente da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais, Antônio Carlos de Abreu. Na lista de enfermidades estão: inflamações ou tumor na bexiga, infecções bacterianas, cálculos urinários, diabetes, deficiência renal ou hepática, problemas de glândula adrenal, entre outras. O tratamento depende do estado geral do bicho. Saindo do aspecto médico, aparecem questões referentes ao lugar que o gato costuma permanecer e acontecimentos recentes que afetem seu cotidiano. É importante esclarecer que na marcação do território o animal espirra a urina em paredes, móveis, portas, eletrodomésticos, etc. Já a urina, propriamente dita, é feita diretamente sobre o chão, ou outro local qualquer, em grande quantidade. “Muitas vezes, na própria consulta, conversando com o dono, observamos o tipo de problema que o animal tem”, aponta Antônio Carlos. Na marcação de território, assim como o cão, o gato busca chamar a atenção da fêmea no cio diante dos outros machos. Uma das possibilidade de resolver a situação é a castração. “Com a diminuição de hormônios, ele poderá ficar mais tranquilo”, destaca Cláudia da Silva. Outra possibilidade da mudança de comportamento é o estresse. Neste caso, os motivos são variados: chegada ou desaparecimento de outro animal na casa, visitas, festas, obras e qualquer outro tipo de incômodo. Mudança de residência ou alteração na rotina da casa, problemas de relacionamento com outros gatos ou cães da casa, também fazem parte das causas. “Há ocasiões em que o animal está magoado e mostra isso urinando em objetos do dono. Isso tudo para chamar a atenção do proprietário. Às vezes, acham que os donos não gostam mais deles”, aponta Cláudia. Os procedimentos adotados pelos profissionais nos casos emocionais destacam a utilização de medicamentos buscando trazer o bichano para seu comportamento habitual. Há no mercado composições alopatas e homeopatas. Cláudia receita há um ano florais de Bach para os gatos com esse tipo de comportamento. Segundo ela, o resultado tem sido positivo. “Há muito tempo eu utilizo e, de algum tempo para cá, faço isso com os animais. A resposta é muito boa”. Até quem não é adepto da homeopatia, como é o caso do veterinário Antônio Carlos, reconhece que esta alternativa é eficaz em tratamento de longa duração. “Geralmente os medicamentos alopáticos acabam não sendo recomendados pela reação que podem apresentar nos animais. Por sua vez, os homeopáticos e fitoterápicos, mesmo prolongando o tratamento, acabam sendo bem interessantes quanto aos resultados”, finaliza a veterinária.