O PSD de Mato Grosso do Sul saiu rachado depois das últimas eleições. O mau desempenho de Marquinhos Trad nas eleições de outubro, em que tentou ser governador do Estado depois de renunciar a Prefeitura de Campo Grande, deixou a legenda com várias feridas abertas e com muitos aliados de malas prontas para abandonar a legenda.
O senador Nelsinho Trad, que preside o partido no Estado e que tem a segunda metade de seu mandato pela frente, terá o desafio de corrigir o rumo do partido localmente, mas, antes disso, precisará melhorar sua articulação com o governo federal.
Depois de ter se posicionado na ala bolsonarista do PSD durante as eleições, Nelsinho perdeu espaço na bancada entre os senadores que chegam ao início do mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com chances de emplacar cargos e posições estratégicas, tanto no Executivo como na próxima eleição para o Senado.
Por aqui, o senador ainda terá uma árdua missão de conter a debandada de pessoas consideradas boas de voto no partido.
Os três candidatos a deputado estadual mais votados do partido em Mato Grosso do Sul – Tiago Vargas (não eleito, por problemas na legitimidade de sua candidatura), Pedrossian Neto (eleito, que teve a vaga confirmada) e Sílvio Pitu (vereador da Capital e primeiro suplente) –, não escondem o desejo de deixar o partido na primeira janela partidária possível.
Uma fonte que ainda está no partido disse ao Correio do Estado que, se a janela partidária fosse agora, Vargas, Pedrossian Neto e Sílvio Pitu abandonariam o barco. Aliás, por mais que os três nem tenham se falado de outubro para cá, a mesma fonte fala que a sensação de abandono e de ser deixado para escanteio é o principal motivo da insatisfação dos três.
Na reta final da campanha, o alto-comando do PSD voltou suas forças para a tentativa de eleger o vereador Otávio Trad, sobrinho de Marquinhos, Nelsinho e do deputado federal não reeleito Fábio Trad.
Os três sentiram que a família se fechou nos momentos de dificuldade e, alegando falta de apoio do partido no momento em que precisaram, apontam insatisfação com a legenda.
Na disputa jurídica pela única vaga de deputado estadual do partido, Tiago Vargas contou com mais apoio da Câmara que do PSD. Já Pedrossian Neto, na outra ponta da disputa, também não teve nenhum apoio e encontrou acolhida no grupo do governador eleito Eduardo Riedel (PSDB).
Tanto Pedrossian Neto quanto Sílvio Pitu, que integraram a gestão Marquinhos Trad, queixaram-se de terem sido preteridos pelo partido na reta final, quando boa parte dos cabos eleitorais da campanha e dos pedidos de voto foram direcionados a Otávio Trad.
Agora, Pedrossian Neto substitui Felipe Orro como o único deputado estadual do partido. Ao lado de Nelsinho Trad, será um dos poucos em Mato Grosso do Sul que ocupa um mandato de grande relevância.
Há um ano, o PSD tinha a prefeitura de Campo Grande, dois deputados estaduais (Felipe Orro e Londres Machado, este último atualmente no PP), Fábio Trad na Câmara dos Deputados e Nelsinho Trad no Senado. Pouca coisa restou para 2023.