Política

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Quadrinhos ajudam a entender o autismo

Quadrinhos ajudam a entender o autismo

OSCAR ROCHA

28/01/2010 - 22h00
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A Turma da Mônica encontrou um novo amiguinho. Ele se chama André. Tem 3 irmãos e uma boa aparência – é chamado de “bonitinho” por Mônica e Magali – mas tem comportamento estranho: não olha nos olhos dos outros personagens, não cumprimenta e nem se interessa por brincadeiras, repete movimentos, fala palavras fora de contexto e não se interessa pelas coisas que chamam a atenção dos outros. André é autista. A história de como ele entrou na turma está em “Um amiguinho diferente”, revista em quadrinhos distribuído pelo Governo federal com intenção de chamar atenção para o distúrbio que atinge crianças impossibilitadas de desenvolver relações sociais normais, se comportando de modo compulsivo e ritualístico e, geralmente, não desenvolvendo inteligência normal. A ação do Governo se alia a outras, como o lançamento de um manual em quadrinhos (leia box), buscando alertar os pais em torno dos principais sintomas do autismo. “É mu ito complexo o diagnóstico do autismo nos primeiros anos da criança, já que muitos sintomas também aparecem no hiperativo e no bipolar. Normalmente, se fecha o diagnóstico aos 5 anos”, explica a coordenadora pedagógica da Associação dos Amigos do Autista em Campo Grande (AMA), Helciane Franco Marinho Silva. O quadro mais comum percebido no autista apresenta isolamento – a criança prefere ficar só, não forma relações pessoais íntimas –, resistência às mudanças, repetição de certos atos e rituais. Outros fatores são a dificuldade em falar, quando comparadas às outras crianças da mesma faixa etária; uso do idioma de um modo estranho, dificuldade de entendimento do que se diz a ela. Repetição de palavras e inversão do uso normal de pronomes, principalmente usando o “tu” em vez do “eu” ou “mim” ao se referir a si própria. Diagnóstico O cobrador de ônibus Denival Godoy Dantas, 36 anos, lembra que percebeu mudanças no comportamento da filha Kamilla, atualmente com 13 anos, quando ela tinha 1 ano e 2 meses. “Ela parou de falar de repente, já dizia algumas palavras e não disse mais nada. Rapidamente procuramos o médico. Alguns meses depois foi diagnosticada como autista, mas somente aos 4 anos fechou-se o diagnóstico do tipo de autismo que ela tinha, chamado Síndrome de Rett, que atinge exclusivamente meninas e é muito grave”, explica Denival. Hoje, Kamilla não fala, mas, segundo o pai, a comunicação é feita pelo olhar e pelas expressões. “Buscamos tratá-la como qualquer outra pessoa. Em casa, procuramos ter rotina, com isso aumenta a segurança dela, propiciando melhora no tratamento”. Sem mudanças A rotina é algo fundamental para o autista. A suspensão de atividades ou a mudança rápida podem causar estranheza e desconforto ao portador do distúrbio. “Caso aconteça a mudança no que ela está acostumada a fazer, o comportamento se altera”, diz a dona de casa Celina de Souza, 45 anos, mãe de Suellen, 18 anos. “É uma batalha constante. Não posso fazer mudanças bruscas no que ela faz, tudo tem que ser feito devagar, caso contrário, tudo o que ela aprendeu é esquecido, como se não tivesse aprendido. É como se fosse dado um passo para frente e dois para trás”, explica Celina. Segundo a mãe, foi a partir dos 2 anos que percebeu o problema da filha. “Ela não falava, era muito quietinha, não chorava. Na época, comparava com o crescimento do filho da minha vizinha e notava muitas diferenças. Mas o diagnóstico demorou um pouco a ser feito, passei por vários profissionais antes de saber exatamente o que ela tinha”. Suellen, segundo a mãe, tem dificuldade em interagir com outras pessoas. “Somente com alguns da minha família e os colegas da AMA, onde estuda, é que consegue se aproximar mais”.

Mato Grosso do Sul

Escala de trabalho 6x1: saiba se seu deputado federal é contra ou a favor

Bancada federal se divide sobre mudanças na escala de trabalho, debate que tem ganhado força na opinião pública

11/11/2024 16h45

Até o momento, quatro deputados assinaram proposta que reduz jornada de trabalho

Até o momento, quatro deputados assinaram proposta que reduz jornada de trabalho Fotos: Câmara dos Deputados - Montagem/ Correio do Estado

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Ao menos quatro dos oito deputados federais de Mato Grosso do Sul são favoráveis à Proposta de Emenda Constitucional (PEC)  - ainda não protocolada - apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP) e que propõe o fim da escala de trabalho 6x1.

Até a tarde desta segunda-feira (11), assinaram a proposta os deputados: Geraldo Resende e Dagoberto, ambos do PSDB, além dos petistas Camila Jara e Vander Loubet. Elaborada pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT) em maio deste ano, o texto propõe quatro dias de trabalho e escala máxima de 36 horas semanais sem perda salarial.

A proposição destaca a seguinte redação para o inciso XIII do art. 7 da Constituição Federal: “Duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e trinta e seis horas semanais, com jornada de trabalho de quatro dias por semana, facultada a compensação de horários e a redução de jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho”.

Contrário a proposta, o deputado Luiz Ovando (PP) rechaçou a proposição e disse que o texto é uma “armadilha” que ameaça a flexibilidade dos trabalhadores. “A PEC é uma armadilha que ameaça destruir a flexibilidade do nosso mercado de trabalho. Vai acabar com a escala 6x1 e por consequência, a 5x2, forçando uma jornada de quatro dias por semana, sem nenhuma preocupação com as consequências”, falou.

Para Ovando, caso avance, a proposta de redução da jornada trabalhista significa desemprego, corte de salários e uma dependência ainda maior do Governo. “Por princípio, sou contra a interferência do Estado em assuntos que dizem respeito apenas a patrão e funcionário. Chega de medidas populistas que só prejudicam quem trabalha”, finalizou.

 Para o petista Vander  Loubet, a proposta merece discussão e apoio, pois, segundo ele, a medida melhoraria a qualidade de vida dos trabalhadores.

“O fim da escala 6x1 e a redução da jornada de trabalho melhoraria a qualidade de vida dos trabalhadores. As pessoas precisam ter tempo para conviver com a família, para ter lazer, para praticar atividades físicas, e isso certamente aumentaria a produtividade, pois trabalhador com mais qualidade de vida produz mais.”


Para Loubet, a alteração da atual dinâmica de trabalho da grande massa dos trabalhadores do país não prejudicaria a economia, visto que “o mundo todo tem debatido isso e já há países onde empresas começaram a adotar a jornada de 5x2 ou até de 4x3.

Ao Correio do Estado, o deputado Dagoberto disse ter compromisso com os trabalhadores, contudo, também defende que sejam diminuídos os encargos sociais aos empregadores.

À reportagem, o deputado Geraldo Resende (PSDB) disse que é favorável à proposta, e que a votação dele, é sobretudo, para ouvir o debate a ser proposto. "Estou assinando para ver o debate. tanto de empresários, quanto dos propositores. A assinatura é a razão que nos levará ao debate lá na frente", falou. 

Pelas redes sociais, a deputada Camila Jara, que também assinou a proposta, destacou que a medida é correta, e disse que os parlamentares que não assinaram, caso de alguns nomes do PL, como ela disse “querem que você viva para trabalhar e trabalhe até morrer. A extrema direita mostrou, mais uma vez, a quem serve”, disse em uma rede social.

Até a publicação desta matéria, a proposta conta com 108 assinaturas, e para ser apresentada, são necessárias assinaturas de um terço dos parlamentares das Casas, ou seja, 171 deputados e 27 senadores. 

A reportagem entrou em contato com os deputados Marcos Pollon e Rodolfo Nogueira, ambos do PL, além de Beto Pereira (PSDB), contudo, não obteve retorno até o fechamento do material. O espaço segue aberto. 
 

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RESPALDO JURÍDICO

Jerson Domingos está liberado para concorrer à presidência do TCE-MS

Consulta a juristas confirma que o conselheiro não estaria pleiteando o seu 3º mandato consecutivo, mas apenas o seu 2º

11/11/2024 08h00

Jerson Domingos é o atual presidente da Corte de Contas e pode tentar o segundo mandato

Jerson Domingos é o atual presidente da Corte de Contas e pode tentar o segundo mandato Foto: Arquivo

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O conselheiro Jerson Domingos, presidente do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul (TCE-MS), pode se candidatar à reeleição, pois o período em que ficou à frente do cargo em dezembro de 2022 não configura seu primeiro mandato, mas sim o cumprimento de uma decisão judicial.

A garantia é de juristas ouvidos pelo Correio do Estado depois do imbróglio, surgido na semana passada, de que Domingos não poderia se candidatar na próxima eleição pois infringiria uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) de que nenhum conselheiro pode tentar um terceiro mandato como presidente da Corte de Contas.

Na semana passada, circulou na imprensa uma análise de decisões recentes do STF dando conta de que o conselheiro enfrentaria impedimentos jurídicos que impossibilitariam um terceiro mandato consecutivo.

Em abril, o plenário do Supremo decidiu, de forma unânime, que é vedada a reeleição sucessiva de conselheiros para cargos de direção em tribunais de contas, alinhando tal restrição às regras que regem o Poder Executivo.

Essa decisão foi proferida no âmbito da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 7.180, relatada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, e reforça a validade do regimento interno da Corte de Contas, que permite apenas uma reeleição consecutiva para o mesmo cargo.

Pela análise, Domingos – que assumiu a presidência do TCE-MS durante o biênio 2021/2022, após substituir o conselheiro Iran Coelho das Neves, o qual foi afastado por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) – foi reeleito em 2022 para o biênio 2023/2024.

Esse teria sido o seu segundo mandato consecutivo, configurando, assim, o limite estabelecido pelas normas internas e pela recente jurisprudência do STF. Portanto, uma nova candidatura para o biênio 2025/2026 é inviável.

Além do obstáculo jurídico, Domingos enfrenta ainda um cenário desfavorável em termos de apoio, pois somente conselheiros titulares em atividade têm direito a voto nas eleições internas para os cargos de presidente, vice-presidente e corregedor-geral da Corte de Contas.

Os conselheiros substitutos, que frequentemente assumem funções de suplência, contudo, não têm essa prerrogativa de voto.

Em outubro, o STF reforçou essa limitação ao decidir a ADI nº 6.054, consolidando a interpretação de que apenas conselheiros efetivos podem participar das deliberações administrativas.

CONSULTA

Ao Correio do Estado, os juristas ouvidos disseram que, ao tomar posse na presidência do TCE-MS depois do dia 8 de dezembro de 2022, Domingos – então vice-presidente – estava cumprindo uma decisão do ministro Francisco Falcão, do STJ, que tinha acabado de ordenar o afastamento do então presidente da Corte de Contas, Iran Coelho das Neves, por suspeita de participação em esquema de corrupção.

Assim sendo, de acordo com esses especialistas, essa posse não pode ser incluída como um primeiro mandato à frente do cargo, mas apenas o cumprimento de uma decisão judicial.

Dessa forma, Domingos estaria apto a concorrer à reeleição, o que configuraria, em caso de vitória, seu segundo mandato como presidente do TCE-MS – e essa análise bate com as declarações dadas por ele à reportagem, na semana passada.

“Eu não fui eleito pelo mês que eu fiquei interino por decisão do ministro. Eu não fui eleito presidente, o ministro determinou que eu assumisse a presidência. Fui eleito uma vez só”, assegurou, comparando seu caso com o da prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), que assumiu o cargo atual quando Marquinhos Trad (PDT) renunciou.

“Ou seja, ela foi candidata à reeleição agora, nessa última eleição, e na minha opinião é a mesma coisa. Eu não fui eleito presidente, fui ordenado pelo ministro para que assumisse a presidência”, assegurou.

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