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Raquel aponta prejuízo e cobra correção monetária da multa a delatores

Raquel aponta prejuízo e cobra correção monetária da multa a delatores

ESTADÃO CONTEÚDO

26/08/2019 - 14h15
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Os valores depositados em contas judiciais em decorrência de multas extrapenais acertadas em acordos de delação premiada devem ser corrigidos pelo banco até que ocorra a destinação final do dinheiro. A tese foi defendida pela procuradora-geral, Raquel Dodge, em petição enviada ao ministro Edson Fachin, do Supremo, relator dos acordos envolvendo os executivos da construtora Odebrecht e, por isso, apontado como prevento para apreciar o pedido. A estimativa é que a falta de atualização tenha gerado - apenas nestes casos - um prejuízo que pode ultrapassar R$ 21 milhões.

As informações foram divulgadas pela Secretaria de Comunicação Social da Procuradoria.

A solicitação da procuradora é para que seja determinada a incidência da taxa Selic como forma de correção monetária dos valores depositados, cujos acordos foram homologados pelo Supremo ou, de forma subsidiária, a aplicação do índice aplicado à poupança.

Segundo a Procuradoria, o objetivo é "proteger o poder de compra dos valores estipulados nas delações".

Na petição, Raquel informa a Fachin ter solicitado informações à Caixa sobre o assunto e que, em resposta, a empresa afirmou aplicar a Selic apenas nos casos de depósitos judiciais referentes a tributos, contribuições federais e acessórios, administrados pela Secretaria da Receita Federal.

Em relação aos valores pagos por delatores, a procuradora justificou que a correção seria feita pela Taxa Referencial (TR) que, conforme o próprio banco relatou, há dois anos, tem permanecido em zero.

Ou seja: os valores não têm tido nenhuma correção do valor nominal.

De acordo com os esclarecimentos da Caixa, a remuneração dos depósitos decorrentes de delações premiadas se enquadra no conceito de "remuneração básica" disciplinada pela Lei 9..289/96 (artigo12), "não sendo possível a incidência de juros remuneratórios".

A alegação da Caixa é rechaçada pela procuradora-geral, que enfatiza a necessidade de manutenção do valor de compra do recurso.

"Em que pese o dinheiro ficar contabilmente bloqueado na conta judicial, o banco permanece utilizando-se dos recursos por ele representados em seus negócios, como o faz com as demais importâncias que lhe são confiadas, pois nisso consiste sua atividade", afirma Raquel em um trecho do documento.

Ela anotou que a instituição financeira "tem, sim, o dever de fazer as correções".

A PGR assinala que boa parte dos acordos - como os que envolvem a Odebrecht -, "há a previsão da correção pela Sselic".

O documento cita parecer técnico da Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise, segundo o qual a ausência de correção monetária dos depósitos já destinados representou uma defasagem nominal de R$ 14.043.386,18, considerando índices aplicáveis à poupança ou de R$ 20.145.340,44, caso a correção tivesse sido feita considerando a taxa Selic.

Em valores atualizados, a cifra devida a título de correção dos depósitos efetuados à disposição do Supremo atingia, até o dia 8 de agosto, o montante de R$ 14.625.138,98 e R$ 21.362.215,90, respectivamente.

Para deixar ainda mais clara a defasagem, a petição traz o exemplo de um delator que, em outubro de 2018, pagou R$ 78,6 milhões.

Em março de 2019, cinco meses após o depósito, a referida quantia foi destinada à União. Se tivesse sido corrigida pela Selic, conforme previsto no acordo, o total destinado pela Caixa seria de R$ 81,4 milhões.

A diferença verificada foi de quase R$ 3 milhões.

Em outro caso - também descrito na peça e cuja destinação final ainda não foi definida por decisão judicial - já se verifica uma correção devida superior a R$ 750 mil.

"Ressalto que atualizar monetariamente um valor supõe a manutenção do poder de compra da moeda no tempo, o que não será alcançado caso admita-se que a correção monetária seja feita apenas pela remuneração básica da poupança, manifestamente incapaz de preservar o valor real do crédito", reitera Raquel na fundamentação que será apreciada por Fachin.

A diferença é proporcional à duração do intervalo entre a data do depósito e a da destinação.

Na petição, são mencionadas outras solicitações em que este prazo foi de alguns meses e outras em que ainda não há definição da destinação, embora o dinheiro tenha ingressado na conta judicial em 2016.

"Além de não render, desvalorizar e não acompanhar sequer os índices inflacionários, cobra-se taxa de Transferência Eletrônica Disponível - TED. Portanto, o montante destinado à vítima é, muitas vezes, menor do que o depositado", pontua Raquel.

Simco

A manifestação da PGR se baseou em informações levantadas pelo Sistema de Monitoramento de Colaborações, lançado em 2019 pela Procuradoria-Geral da República.

Desenvolvido a partir de uma determinação de Raquel Dodge, o sistema tem permitido o acompanhamento em tempo real do cumprimento de todos os acordos homologados pelo STF.

O dado mais recente aponta que até aqui os delatores pagaram cerca de R$ 1,3 bilhão em multas extrapenais e perdimento ( R$ 1 236.639.043,14).

Dados atualizados mostram que, neste momento, quase R$ 735 milhões (734.949.861,97) estão depositados em contas judiciais aguardando destinação final, que é determinada pelo relator do caso.

Fugitiva

CCJ da Câmara abre prazo para Carla Zambelli apresentar defesa no processo de cassação

A parlamentar tem o limite de cinco sessões para expor sua defesa escrita e indicar provas

23/06/2025 23h00

CCJ da Câmara abre prazo para Carla Zambelli apresentar defesa no processo de cassação

CCJ da Câmara abre prazo para Carla Zambelli apresentar defesa no processo de cassação Divulgação

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A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados instaurou nesta segunda-feira, 23, um prazo para que a deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP) se defenda no processo de cassação do seu mandato.

A parlamentar tem o limite de cinco sessões para expor sua defesa escrita e indicar provas, contando a partir de 24 de junho.

O Estadão procurou a defesa da deputada para obter uma manifestação e não havia obtido resposta até o momento da publicação. O espaço continua disponível para atualização.

O processo de cassação de Zambelli tem como relator o deputado federal Diego Garcia (Republicanos-PR), escolhido pela CCJ na última terça-feira, 17. Ele é opositor do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, durante seus três mandatos, já teve embates com parlamentares petistas.

A CCJ deve analisar a cassação de Zambelli e dar parecer positivo ou negativo. Em seguida, o processo será submetido à votação no plenário da Câmara. Para que Zambelli efetivamente seja destituída de seu cargo, 257 parlamentares precisam votar a favor.

Zambelli enfrenta o processo de perda de mandato devido à sua condenação, em 14 de maio, pela invasão do sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça. A sentença do Supremo Tribunal Federal (STF) também determinou que a congressista fosse presa por dez anos.

Zambelli deixou o País dias após a decisão e se refugiou na Itália, país em que possui nacionalidade. O juiz Alexandre de Moraes, do STF, decretou prisão preventiva da deputada por motivo de fuga, a captura ainda não se cumpriu.

Atualmente, um processo de extradição corre contra Zambelli e seu nome foi incluído na lista de difusão vermelha da Interpol. As redes sociais da deputada e de seus familiares também foram retiradas do ar por determinação do Supremo.

Guerra

Irã cogita suspender cooperação com agência fiscalizadora da ONU para energia nuclear

A ideia da suspensão partiu do Parlamento iraniano e foi divulgada pelo seu presidente

23/06/2025 22h00

Irã cogita suspender cooperação com agência fiscalizadora da ONU para energia nuclear

Irã cogita suspender cooperação com agência fiscalizadora da ONU para energia nuclear Divulgação

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O Irã planeja suspender a cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a agência de energia nuclear da ONU, depois de sofrer os ataques dos Estados Unidos. A ideia da suspensão partiu do Parlamento iraniano e foi divulgada pelo seu presidente, o deputado Mohammad Bagher Ghalibaf.

Na rede social X, Ghalibaf disse que a AIEA, agência da ONU responsável por monitorar os níveis de enriquecimento de urânio, não tem objetividade e profissionalismo. Segundo Ghalibaf, os deputados trabalham para aprovar um projeto que suspenderia a cooperação das autoridades com a agência.

No início deste mês, a AIEA censurou Teerã pela primeira vez em 20 anos pela falta de cooperação com a agência em torno das atividades nucleares. A agência também avaliou que o Irã tinha estoques oficiais para fabricar várias bombas atômicas.

A iniciativa de suspender é mais uma ação do Parlamento iraniano, que também ameaçou neste domingo fechar o Estreito de Ormuz, por onde passa 20% do petróleo mundial, em retaliação aos ataques dos EUA no sábado.

Essa proposta foi aprovada pelos deputados e encaminhada ao Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, que tem a palavra fim. O fechamento também passa pelo crivo do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei

Teerã retaliou os ataques nesta segunda-feira com uma ofensiva contra a Base Aérea de Al-Udaid, que abriga o Comando Central dos EUA no Oriente Médio. A base fica localizada no Catar e é a maior e mais estratégica dos EUA na região.

O Irã coordenou os ataques à base aérea americana no Catar com autoridades catarianas e avisou com antecedência que os ataques estavam por vir, a fim de minimizar as baixas, de acordo com três autoridades iranianas familiarizadas com os planos. A base estava em alerta para ataques há dias, desde o início do confronto entre Israel e Irã.

O Catar disse que suas defesas aéreas interceptaram com sucesso os mísseis iranianos. Ainda de acordo com o governo do Catar, a situação no país é estável e não houve maiores danos.

O Catar anunciou que está suspendendo temporariamente o tráfego em seu espaço aéreo "para garantir a segurança dos cidadãos, residentes e visitantes". Os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein tomaram uma medida similar. Os dois países servem como hub de aviação para rotas entre a Europa e a Ásia. 

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