Em reunião com a senadora Soraya Thronicke (PSL), no início da semana passada, a deputada federal Rose Modesto (PSDB) deu grande passo para candidatar-se ao governo de Mato Grosso do Sul pelo União Brasil, partido que resultará da fusão do PSL com o DEM.
O martelo só não foi batido definitivamente porque a confirmação da decisão tomada na terça-feira (4) depende de algumas variáveis, atreladas ao calendário eleitoral e também ao arranjo partidário que restará após o mês de março, período de troca de partidos.
O principal fator que condiciona a ida de Rose Modesto ao União Brasil para candidatar-se a governadora é a homologação do partido.
Apesar de confirmada em convenções do DEM e do PSL realizadas no ano passado, a junção dos dois partidos de direita ainda precisa da homologação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Quando confirmado, o União Brasil terá o maior quinhão do bilionário Fundão Eleitoral, que deverá distribuir aproximadamente R$ 5 bilhões já nas eleições deste ano.
Um outro fator que contribui para o lançamento da candidatura de Rose são as alternativas que ela tem.
Além de filiar-se ao União Brasil, Rose também terá a opção de filiar-se ao Podemos, partido que negocia uma aliança nacional em que o candidato a presidente seria o ex-juiz Sergio Moro, filiado recentemente à sigla.
Em Mato Grosso do Sul, o partido já vem há alguns anos sendo uma espécie de “linha auxiliar” da família Modesto – além da deputada federal, seu irmão Rinaldo é deputado estadual.
Conforme apurado pelo Correio do Estado, o polpudo dinheiro do novo partido seria usado prioritariamente para bancar a campanha de Rose, conforme plano das lideranças políticas envolvidas nas conversas entre as partes.
RELAÇÃO TENSA
A deputada federal não tem vivido bons momentos no ninho tucano desde que tomou posse para seu mandato na Câmara, em 2019, e, por isso, deve desligar-se do partido no mês de março, período de janela partidária (quando os deputados federais e estaduais podem trocar de partido sem perder o mandato).
Em 2019, Rose Modesto protagonizou uma disputa fratricida com o colega de Câmara Federal Beto Pereira pelo diretório estadual da legenda.
Para aparar as arestas, o secretário-chefe da Casa Civil, Sérgio de Paula, acabou conduzido à presidência da executiva de Mato Grosso do Sul.
Mas não foi só isso. Em 2020, Rose chegou a lançar sua candidatura à Prefeitura de Campo Grande para enfrentar, mais uma vez, Marquinhos Trad (PSD), seu algoz em 2016.
O compromisso do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) com Marquinhos, porém, inviabilizou a candidatura da deputada. O PSDB acabou apoiando o atual prefeito da Capital naquele ano.
FATOR TEREZA
Existe um terceiro fator no arranjo da candidatura de Rose Modesto ao governo de Mato Grosso do Sul por uma aliança entre União e Podemos: a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
Fechada com o presidente da República, Jair Bolsonaro, e com uma candidatura ao Senado bastante viabilizada, Tereza Cristina tem flertado com outros partidos, mas está longe de confirmar sua saída do União Brasil.
O Correio do Estado apurou que ela ainda negocia sua permanência com caciques do DEM no plano nacional, e até mesmo com Luciano Bivar, presidente nacional do PSL e futuro presidente do novo União Brasil.
O problema para Tereza é o quase certo apoio do União a Sergio Moro – ela só ficaria no partido se o mesmo marchasse com Bolsonaro, o que, pelo menos neste momento, não é a tendência.
A senadora Soraya Thronicke, que deve ser a presidente do União Brasil em Mato Grosso do Sul, por sua vez, espera a definição de Tereza Cristina para decidir quais os candidatos do partido à Assembleia Legislativa, à Câmara dos Deputados e até mesmo ao Senado.
Se Tereza deixar o partido, já é tido como certo que ela levará vários filiados do DEM com ela. Recentemente, o vereador Professor Riverton, então no DEM, foi um dos que reclamou dos rumos do União Brasil local.
Em outubro, durante suas falas nas sessões da Câmara Municipal de Campo Grande, ele expôs a situação e demonstrou publicamente, além da insatisfação, apoio ao que decidir Tereza Cristina.
“Aqui, o União Brasil vai se chamar Separa MS”, disse em tom de brincadeira.