Dr. Luiz Ovando (PP), que já defendeu voto impresso e projeto de anistia para Bolsonaro, mira o Senado em 2026 e diz que ainda duvida do resultado das urnas, mas "não tem como provar o contrário"
Após fala do novo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (REP-PB), que ponderou análise de anistia aos atos de vandalismo contra as sedes do Três Poderes, em 08 de janeiro de 2023, o parlamentar sul-mato-grossense que já defendeu voto impresso, Dr. Luiz Ovando (PP) disse concordar com a versão do substituto de Arthur Lira.
A fala de Ovando foi feita durante quebra-queixo, na Câmara Municipal de Campo Grande na manhã de ontem (11), quando a bancada federal sul-mato-grossense se reuniu para anúncio de R$ 110 milhões para obras de dois viadutos, como acompanhou o Correio do Estado.
Durante entrevista à rádio paraibana Arapuan, cerca de uma semana após ser eleito presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta foi questionado do projeto que já foi pautado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara em 2024, que prevê anistia aos vândalos já condenado pelos ataques marcados em oito de janeiro.
Após condenar as agressões aos prédios dos Três Poderes, o atual presidente da Câmara dos Deputados foi meticuloso em sua resposta ao rechaçar a proposta de golpe.
"Golpe tem que ter um líder, uma pessoa estimulando, tem que ter apoio de outras instituições interessadas, e não teve isso. Ali foram vândalos, baderneiros, que queriam, com inconformidade com o resultado das eleições, demonstrar sua revolta", respondeu.
Apoio de Ovando
Apesar de ser criticado por aliados de Lula, Hugo Motta encontrou apoio do deputado Dr. Luiz Ovando, eleito em 2019, quando obteve 50.376 votos para chegar a uma cadeira política depois de mais de duas décadas de tentativas frustradas.
Questionado sobre as declarações feitas pelo presidente, a respeito dos atos de oito de janeiro, Ovando foi categórico e disse concordar com a versão de Motta, considerando "um absurdo".
"Ali foi simplesmente uma perseguição à direita, que eles não querem... e agora eles vão ter que engolir o Trump porque está repercutindo no mundo inteiro, essa volta da direita", expõe o deputado.
Em complemento, a fala de Ovando que apoio Motta ainda traça um paralelo, entre o que seria o objetivo do projeto (a anistia) e quem estaria impedindo de alcançar tal meta, o Supremo Tribunal Federal (STF) no que ele chama de "consórcio".
"Aquilo é consequência de um consórcio entre a parte executiva e o STF. A gente precisa entender, ser frio e observar que o país está sendo governado por um consórcio e quem está mandando é o STF, não é o Lula, não", afirma.
Personagem curioso
Há cerca de dois anos, em julho de 2023, Luiz Ovando se destacou sendo o único dos "bolsonaristas" de Mato Grosso do Sul que assinou pela anistia do ex-presidente, Jair Messias Bolsonaro.
Dr. Luiz Ovando, que já chegou a criticar as urnas eletrônicas e pedir voto impresso, cerca de três anos após ser eleito, chegou a manifestar apoio à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 135, da então deputada federal Bia Kicis, que previa tal instituição no Brasil.
Apesar de questionar o processo desempenhado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e apontar também contra o STF em seu discurso, Ovando se considera um "indivíduo obediente e disciplinado", querendo que o atual presidente, Lula, conclua seus anos de mandato.
"Eu tinha minhas dúvidas, e ainda continuo, sobre o resultado das urnas, mas eu não tenho jeito de provar o contrário... agora, ele [Lula] não pode passar por cima da Constituição, torço que ele conserte os erros, porque é o governo da concessão, é o governo do vassalismo, infelizmente", declara o deputado.
Além das posições fora do parlamento, seu trabalho como parlamentar também já ganhou o noticiário, já que foi o co-autor Projeto de Lei 1904/2024, apontado como uma criminalização da vítima de estupro, já que endurece penas para os casos de aborto.
Diante da enxurrada de críticas que recebeu através das redes sociais, Ovando então culpou a esquerda pela "argumentação falaciosa", defendeu que as crianças frutos de estupros fossem encaminhadas para lares adotivos.
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