Manoela Reis, TV Press
O submundo do crime está deixando Aninha Lima ansiosa. Afinal, a atriz vai encarnar a cozinheira Solange, envolvida com criminosos em “Força-tarefa”. “Quero ver a reação do público com uma personagem que é cúmplice de um crime. Vou ter de lidar com o julgamento do telespectador e isso me deixa apreensiva”, justifica. Sua personagem aparece no quinto episódio do seriado policial como a mulher do líder de uma gangue. “Ela é muito amargurada, que acha que o tempo dela passou”, define.
Depois de viver a moderna Ciça em “Caminho das Índias”, exibida pela Globo em 2009, Aninha interpreta sua segunda personagem bandida. Mas, diferente da criminosa Eva, de “Carga pesada”, seu primeiro trabalho na tevê, Solange não será uma bandida. “Não está explícito que a Solange é uma fora da lei. Seria uma cúmplice, mas que não se envolve ou atua diretamente em roubos”, esclarece. Ela vai encobrir as atividades de uma quadrilha que abre um túnel para resgatar três policiais milicianos da prisão. Apesar desse ser o real motivo, Paulo, vivido por Licurgo, chefe do grupo, dirá aos outros criminosos que o caminho dará no cofre de um banco. “Ela vai cozinhar para eles e cuidará da casa onde estão cavando”, adianta.
Para encarnar Solange, Aninha recorreu ao mesmo método que utilizou tanto para interpretar a recatada Eulália, de “Desejo proibido”, como a descolada Ciça, de “Caminho das Índias”: criou uma história para Solange. A atriz prefere imaginar o passado da personagem, porque, segundo ela, facilita a interpretação. “Penso na vida dela para que se torne crível para mim. Só assim consigo passar a verdade necessária na interpretação”, justifica.
Mas nem sempre esse método é suficiente para Aninha compor seus personagens. A atriz lembra que, quando viveu Ciça de “Caminho das Índias”, precisou fazer laboratório. Seu papel era de uma assistente social que trabalhava na clínica de dr. Castanho, psiquiatra vivido por Stênio Garcia. “Assistia todas as quartas a palestras com psiquiatras, esquizofrênicos e seus parentes. Nós frequentávamos também o Instituto Municipal Nise da Silveira”, lembra, referindo-se ao antigo Centro Psiquiátrico Nacional, que fica no Rio de Janeiro.
Com 37 anos, Aninha se dedica à carreira de atriz há apenas quatro. Antes disso, ela trabalhava como “backing vocal” e já cantou com Fernanda Abreu e Gabriel, O Pensador, com quem foi casada e teve dois filhos. “A vida me levou para a música, mas nunca quis fazer carreira solo”, assegura ela, que foi cantora durante dez anos. E, embora tenha dedicado tanto tempo a música, Aninha já sabia que queria seguir a carreira de atriz. A certeza veio quando ela tinha 17 anos e estreou sua primeira peça no colégio. “Sempre soube que gostava e precisava voltar a atuar. Hoje a música serve para minha carreira de atriz”, garante.
Preocupada em consolidar sua carreira de atriz, Aninha sequer cogita a hipótese de voltar a trabalhar com música. E nem mesmo as incertezas da profissão, já que está com contrato por obra, são suficientes para tirar o ânimo da artista. “Ainda não tenho nenhum trabalho, mas quero muito voltar a fazer novela e teatro”, deseja. Embora só tenha atuado em produções na Globo, a atriz frisa que está aberta a novas propostas. “Tudo vai depender da conversa”, ressalta.