O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) estima cerca de 520 mil novos casos de câncer no Brasil em 2012. A informação faz parte da publicação Estimativa 2012 - Incidência de Câncer no Brasil, que o Instituto lançou na última quinta-feira (24). Por ser tão importante conscientizar e ampliar o conhecimento da população sobre a prevenção e o tratamento do câncer, o Ministério da Saúde instituiu em 1998 o Dia Nacional de Combate ao Câncer, celebrado neste domingo (27).
O aumento de pacientes acometidos pela doença está ligado ao prolongamento da longevidade, de acordo com o gastroenterologista especialista em cirurgia oncológica Dino Altmann.
"As pessoas ficam mais expostas aos riscos de doenças", disse ele. A tendência, segundo a Union for International Center Control (UICC), é do aumento de 50% no número de novos casos de câncer até 2020, com o dobro de casos fatais. No Brasil, a situação pode ser considerada mais grave, pois enquanto nos outros países um paciente tem sobrevida de 12 a 16 anos, aqui este tempo é reduzido para entre 2 a 4 anos.
Para Altmann, a maior incidência de câncer no Brasil e no mundo se deve às mudanças de hábitos da sociedade. Um dos cânceres mais comuns é o de mama, com estimativa de 52.680 casos para 2012 no Brasil, segundo o INCA. "A grande influência é o menor número de filhos, ter filhos mais tarde e amamentar em uma idade avançada", disse. De acordo com o médico, ter filhos entre 20 e 35 anos é uma forma de se prevenir do câncer de mama.
Os tumores de pele, segundo especialista, são os mais comuns. "A situação da camada de ozônio e a exposição por mais tempo ao sol porque se vive mais são fatores de risco", exemplificou Altmann. Ele explicou que a radiação é acumulativa e o sujeito quanto mais velho for, mais chances de desenvolver tumores.
"Não se expor ao sol, usar protetor solar e consultar médicos sobre surgimento de pintas e manchas" são métodos de prevenção.
São esperados 60.180 novos casos de câncer de próstata no Brasil em 2012, segundo o INCA.
A taxa de incidência cresceu cerca de 25 vezes desde 2008 e até 2015, a expectativa é que a taxa aumente cerca de 60%. Em média, 62% dos casos ocorrem em homens com 65 anos ou mais. A ingestão de frutas vermelhas, uva e outros alimentos com licopeno é uma forma de evitar a doença.
Previna-se
Segundo dados divulgados pelo Hospital São José, cerca de 30% das mortes por câncer são causadas por cinco fatores de risco no comportamento e na dieta: alto índice de massa corporal, baixo nível de ingestão de frutas e legumes, falta de atividade física, tabagismo e consumo excessivo de álcool. Mais de 30% dos casos da doença poderiam ser evitados modificando ou evitando esses fatores de risco.
O nutrólogo Durval Ribas Filho explica que o câncer tem uma ligação direta com os alimentos. "Uma dieta rica em lipídios está relacionada ao câncer de mama, uma dieta rica em álcool está ligada ao câncer no sistema digestório, rica em alimentos com corates e flavorizantes pode atingir diversos órgãos", disse ele. O médico alertou que quem come bacon cinco vezes ou mais por semana, tem mais chances de desenvolver câncer de bexiga. "O problema é o consumo em excesso de certas substâncias".
A ideia de que um prato saudável precisa ser colorido tem fundamentos. Segundo Ribas Filho, cada pigmento em frutas, legumes e verduras tem um tipo de antioxidante. Uma refeição composta por cinco cores, sem dúvida ajudará a pessoa a não só se prevenir contra o câncer, mas como de outras doenças também.
Os alimentos vermelhos em geral, como tomate, goiaba vermelha, melancia, cerejas, pimentão vermelho, açafrão, páprica, entre outros, contêm antioxidantes como os flavonoides e o licopeno. "Esses alimentos, juntamente com os ácidos graxos monoinsaturados (como o azeite de oliva), isoflavonas (soja) também atuam na prevenção de tumores, particularmente os de mama, próstata e intestino", disse o médico Dino Altmann.
Segundo o gastroenterologista, uma alimentação errada e desregrada e o consumo de bebidas alcoólicas estão entre os causadores de câncer. Fumantes também possuem mais chances de desenvolver a doença do que os não fumantes. Pessoas com histórico familiar de câncer, que sofrem de pancreatite crônica ou de diabetes melitus, que foram submetidos a cirurgias de úlcera no estômago ou duodeno são mais predispostas à doença.