Por Flávia Viana
O início. A troca. A experiência.
Eu costumo dizer que quando viajamos, nos transportamos para um universo paralelo, e ele vai transformando quem a gente é durante todo o percurso.
Não voltamos de uma viagem os mesmos, voltamos sempre modificados.
Em momentos diferentes da minha vida, fiz viagens emocionantes e conheci lugares inesquecíveis que ficarão pra sempre em minha memória.
Não tem como esquecer ou não revisitar quando dá vontade.
Em cada viagem descobrimos novas culturas, novos hábitos e somamos novas experiências as nossas vidas.
Bom, por aqui o objetivo é esse, viver e trocar experiências.
Na estreia do Destinos B+, compartilho com vocês algo que vivi nas cidades de Jardim e Bonito (referência para o ecoturismo no mundo), ambas no Mato Grosso do Sul.
Eu acredito que o mundo já tenha ouvido falar desses lugares, mas nem todos tiveram ainda a oportunidade de vivenciar pessoalmente a emocionante experiência de sentir algo tão especial que tais locais podem nos proporcionar e nos fazer sentir.
Minha aventura de estreia foi ao lado da maquiadora Karen Basso apaixonada por viagens e do fotógrafo e videomaker Silas Ismael que costuma fazer registros únicos e exclusivos pelo MS. Saímos da capital Campo Grande (MS) com destino a Bonito.
Até chegarmos ao hotel Águas de Bonito, cerca de 3h30 viajando de carro.
Nossa primeira vivência foi no Recanto Ecológico Rio da Prata localizado na cidade de Jardim.
Na chegada, conseguimos sentir uma atmosfera diferente desde a receptividade dos guias.
Na fazenda uma infinidade de animais silvestres, entre eles as araras vermelhas que apesar de pertencerem a natureza se tornam suas amigas intimas logo que nos aproximamos.
Elas estão por toda a parte. O Recanto é pioneiro no ecoturismo da região, desde 1995.
Além disso, eles possuem diretrizes de sustentabilidade, além de possuírem conservação ambiental.
Para conhecimento de vocês, em 1999 foi criada a Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN Fazenda Cabeceira do Prata, onde acontece o passeio de flutuação no Recanto Ecológico Rio da Prata, ocupando 64% da área total da fazenda, uma unidade de conservação criada por iniciativa do proprietário do local.
Sem dúvida isso é algo que nos motiva muito estarmos ali...
Confesso que com a pandemia tivemos receio de fazermos essa experiência, mas ao chegarmos lá, vimos todos os cuidados e precauções que são tomadas contra a covid-19 para que todos tenham total segurança. Ficamos tranquilos.
As medidas de segurança são de 100%. Depois das explicações e orientações, vestimos roupas de neopreme, recebemos equipamentos e seguimos em um transporte (caminhões com distanciamento entre as pessoas, ventilados e com cintos de segurança) até as primeiras trilhas.
Em todos os lugares chegamos através desses transportes para depois seguirmos.
São apenas alguns minutos (uns 15), mas o trajeto é desenhado com uma natureza perfeita e impecável.
O Recanto é visivelmente sinônimo de um cuidado especial com ela.
Segurança, sustentabilidade e águas cristalinas.
Em todos os caminhos que passamos, rastros de segurança e preservação.
Ao chegar no Rio da Prata, águas azuis e cristalinas. A gente consegue se ver refletida, é como um espelho, uma beleza perfeita.
No primeiro mergulho o impacto da água gelada, mas que lava a alma e também nos emociona.
No primeiro mergulho eu literalmente chorei de emoção. Estando ali acreditamos em algo maior, é memorável!
Os peixes se tornam seus companheiros de mergulho, acompanham você durante as três horas de trajeto pelo Rio da Prata e depois o Olho D’agua.
No caminho surpresas que costumamos ver em filmes da National Geographic.
Em flutuação avistamos bem de perto macacos, uma anta enorme, cardumes de peixes infinitos, pássaros, nascentes de água e até mesmo uma cobra sucuri seguindo seu percurso pelo rio. Os guias nos orientam a observar, mas jamais interferir na natureza.
Gostaria de ressaltar algo muito importante. O passeio também pode ser feito por cadeirantes, eles oferecem toda a segurança e suporte.
Ainda em êxtase, saímos do rio e seguimos por outra trilha para pegarmos um barco. Assim que embarcamos descobrimos que ele é movido a luz solar.
“Temos um sistema de energia solar fotovoltaico, utilizamos barco de motor movido à energia solar, gerenciamos nossos resíduos seguindo os 4 Rs: reduzir, reciclar, reutilizar e reintegrar. Sustentabilidade é o reflexo do amor que temos pela natureza”, explica o guia.
É importante ressaltar que em todo o Recanto/Fazenda, eles possuem pontos estratégicos de comunicação entre os guias.
Além disso, kits de primeiros socorros e macas no caso de acidentes para facilitar a remoção da pessoa acidentada. Importante registrar também, que na sede seus dados completos ficam registrados com telefones de emergência e plano de saúde caso tenha. Isso nos traz muita tranquilidade e segurança para estarmos ali.
Não possuímos sinal de celular fora da sede da fazenda, mas confesso que a gente nem se lembra disso.
Ao chegarmos do Rio da Prata seguimos para a Lagoa Misteriosa, uma das cavernas inundadas mais profundas do Brasil. Confesso que foi um dos lugares que mais me impressionou nessa viagem.
A Lagoa é um mundo à parte. Nela você de fato se teletransporta.
A real profundidade ainda é desconhecida, e o máximo que desceram foram 220m. Isso aconteceu no ano de 1998, e o feito foi do mergulhador Gilberto Menezes de Oliveira.
Uma água com um tom de azul perfeito bem no meio de uma colina. “É um abismo na água. Ouçam o vento”, orienta o guia. É indescritível e uma atmosfera misteriosa de fato.
Na flutuação a sensação de estarmos voando. Inclusive, dizem por aí que tais sensações são parecidas não!?
No mergulho sentimentos diversos, na verdade um privilégio.
Você só se dá conta que precisa sair da água quando o guia (eles são todos credenciados e estão sempre ao seu lado) te chama para retornar a sede da fazenda.
No caminho a mesma natureza que encanta. Ninhos de araras, buracos de tatus, e tantas outras espécies.
Experiência gastronômica e pôr do sol acompanhada
De volta a sede, fogão a lenha, comida da fazenda mas com um toque de chef.
O internacional Paulo Machado assina o cardápio que faz você revisitar a casa da sua avó, só que é ainda melhor (minha avó que me perdoe rs).
As sobremesas ganham um destaque especial no menu, mas a grande estrela do espetáculo é o melhor doce de leite do mundo, feito com leite da fazenda, totalmente artesanal e com um detalhe, a gente pode raspar o tacho literalmente.
É uma experiência única!
Após esse experimento gastronômica, deitamos em redes ao ar livre. Logo depois um passeio a cavalo junto com o pôr do sol. Somos conduzidos por ambos.
Os campos da fazenda nos mostram surpresas durante o trajeto.
Nos sentimos muito próximos de toda aquela natureza.
O ritmo do passeio a cavalo é tranquilo para que você escute as histórias de quem mais entende da região: nosso peão campeiro, no caso o Sr. José. “Nossos cavalos são mansos e treinados, vocês estão em segurança”, explica.
Os passeios são para crianças e adultos.
Mais um dia mágico
Quando o segundo dia começa, nosso destino aponta para a Estância Mimosa Ecoturimo.
Um lugar que se destaca pela responsabilidade socioambiental contemplada com importantes prêmios mundiais.
A casa sede é visivelmente e externamente decorada por inúmeros pássaros, araras Canindé, mutuns, jacarés e gansos. Eles estão bem ali, pertinho de você, mas pertencentes a natureza.
O guia já está a nossa espera e nos orienta.
No caminho passamos pela horta orgânica da fazenda e seguimos para as trilhas em um transporte como do dia anterior.
Em nossa caminhada, foram 10 cachoeiras de águas cristalinas, de tamanhos e formas variadas, 9 paradas para um mergulho, cada uma delas com detalhes únicos que encantam e conectam você à natureza.
As piscinas são naturais, esculpidas pelo processo do tempo e uma vista privilegiada da morraria da Serra da Bodoquena.
A duração dessa aventura é de aproximadamente 04 horas.
As trilhas são seguras, equipadas e orientadas.
Em cada cachoeira uma história, uma energia e um contato diferente, nada é igual.
Tudo é 100% preservado. No meio do caminho pegamos o barco para conhecermos mais ao redor.
Como eu havia mencionado, eles são movidos a luz solar.
As trilhas nos mostram caminhos diferentes, assim como espécies de plantas e frutas.
O guia vai nos explicando tudo.
“A natureza é nosso maior patrimônio! Em fevereiro de 2013, a Estância Mimosa transformou-se oficialmente em Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), ocupando 66% da área total da fazenda, uma unidade de conservação criada por iniciativa do proprietário que tem caráter perpétuo, que associa uma grande biodiversidade à presença de cachoeiras refrescantes, permitindo uma atividade de contemplação e interação com a natureza”.
Quando voltamos para a sede, o sentimento é de gratidão.
Mais uma vez o cardápio assinado pelo chef Paulo Machado nos espera.
Na verdade, ele assina inúmeros Foods Safari no MS, um trabalho incrível! Depois do almoço, mais um dia em contato com a nossa memória afetiva através do doce de leite do dia anterior feito na fazenda. Pausa para uma confissão.
O carro voltou lotado de doce de leite (risos).
O dia vai chegando ao fim... Junto com o pôr do sol privilegiado, interagimos dessa vez com as araras Canindé, que apesar de viverem na natureza estão sempre por ali convivendo com os moradores e visitantes da Estância.
Ao final dessa aventura entendemos que tudo que vivemos não foi apenas uma viagem, mas uma experiência única, exclusiva, privilegiada e cheia de conexões. O sentimento é de saudade e gratidão, e a vontade é saber qual será o próximo Destinos B+... Até a próxima!
Agradecimentos:
- Raviera Nissan
- Correio Veículos
- Hotel Águas de Bonito
- Recanto Ecológico Rio da Prata
- Lagoa Misteriosa
- Estância Mimosa Ecoturismo
- Restaurante Casa do João
- Van Life Estúdio