Homeopatia é um tema que gera controvérsias. A própria ciência ainda não chegou a um consenso sobre a prática. Há artigos científicos que a endossam, mas também há os que negam sua eficácia. A população também se divide e muita gente desconfia dos benefícios prometidos. Para os profissionais que optaram por se especializar nessa técnica, não há dúvidas dos benefícios trazidos pela terapêutica que se baseia no princípio de que “semelhante pelo semelhante se cura”.
Independentemente das crenças e descrenças, um fato é que a homeopatia vem sendo utilizada em áreas diversas. Não é apenas a medicina que faz uso das descobertas do médico alemão Samuel Hahnemann. Atualmente, a odontologia e a medicina veterinária também passaram a utilizar as técnicas. No 33o Congresso Brasileiro de Homeopatia, que aconteceu em Campo Grande até terça-feira, profissionais que fazem uso da terapia se encontraram para discutir seus benefícios e aplicações.
Segundo Ariovaldo Ribeiro Filho, presidente da Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB), a homeopatia se baseia no uso de medicamentos que trazem em seus componentes doses mínimas das substâncias que produzem sintomas nos indivíduos. Isso é feito por meio de diluição e dinamização. Uma das vantagens em relação ao método seria o fato de que os medicamentos não são tóxicos. “Diferentemente da alopatia, estamos fortalecendo o organismo do indivíduo”, explica.
O especialista cita como exemplo o tratamento de um paciente que tem dificuldades para dormir. O tratamento alopático sugere o uso de medicamentos que causam torpor. Na homeopatia, seguindo o princípio da semelhança, seria utilizado um estimulante diluído em dose mínima. Acredita-se que isso faria o organismo reagir de maneira contrária, uma vez que “seria estimulado e tentaria se adaptar a situação, agindo inversamente”, explica.
VETERINÁRIA
Esse princípio vem sendo aplicado em outras áreas. Uma das mais promissoras tem sido a medicina veterinária, tanto em animais de pequeno porte quanto em rebanhos. “Passei a utilizar a homeopatia em meu consultório porque vi resultado. Doenças que não podiam ser tratadas de nenhum outro jeito eram curadas com homeopáticos”, explica Mônica Filomena, médica-veterinária e responsável técnica em empresa que produz medicamentos homeopáticos para animais.
Uma das queixas comuns em relação aos tratamentos homeopáticos, feita por quem não acredita na prática, é de que se trataria de placebo, ou seja, o efeito é sugestivo. No entanto, Mônica questiona esse posicionamento. “Os animais não estão sujeitos a isso, eles não sabem que estão sendo medicados com homeopatia e, mesmo assim, vemos ótimos resultados”, comenta.
Assim como as consultas com humanos, o trabalho com a homeopatia veterinária também depende de uma longa consulta, em que se levantam as possíveis causas para determinados sintomas. “A anamnese é feita com o dono, tentamos descobrir o máximo e, assim, produzir um medicamento que atue em um ponto específico”, explica.
Segundo ela, a veterinária é uma área em que medicamentos alopáticos são usados frequentemente, mas há casos em que eles perdem a eficácia – como no uso de antibióticos, por exemplo. “Ainda há outras vantagens. A homeopatia não causa efeitos colaterais, por exemplo, e também pode ser usada para o tratamento de grandes populações, como rebanhos de gado”.
ODONTOLOGIA
“Como profissional, uma hora se chega a um momento da carreira em que buscamos outras maneiras de tornar uma consulta mais agradável ao paciente”, afirma Robson Lins, que junto à esposa são os únicos dentistas homeopatas de Campo Grande. Segundo ele, as técnicas aprendidas em um curso de especialização servem para tornar o paciente mais receptivo ao tratamento.
Embora a homeopatia não esteja tão difundida em meio à odontologia, Robson acredita que isso é uma questão em mudança. “O Conselho Federal de Odontologia reconheceu o uso de homeopáticos a pouco tempo, com isso, conseguimos a regulamentação jurídica que nos faltava”, explica. Ele afirma que costuma atender, principalmente, pacientes indicados por médicos homeopatas. “Acabamos falando a mesma linguagem”, afirma.