Economia

Mercado rural

Bom momento da agricultura regional inflaciona em 30% o valor da terra

Bom momento da agricultura regional inflaciona em 30% o valor da terra

VINÍCIUS SQUINELO

23/07/2012 - 00h02
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A grande procura de terras para plantio inflacionou o mercado de imóveis rurais em Mato Grosso do Sul em aproximadamente 30%, segundo corretores. O índice reflete o bom momento da agricultura regional, empolgada com os preços “exorbitantes” das commodities no mercado internacional, principalmente da soja, carro-chefe da agricultura estadual.

“Claro que os preços dependem muito da localização, do solo e uma série de fatores. Mas, se comparado ao primeiro semestre do ano passado, os preços hoje estão em média 30% maiores”, afirmou o corretor de imóveis, que atua no mercado de fazendas, Edson Fernandes.

Segundo outro corretor, Roberto Dias, o aumento é resultado direto da valorização da soja. “É um produto que está em um patamar alto de preços no mercado internacional, valorizou muito neste ano. Então tem muita gente querendo plantar para vender a soja, e isso aumentou o preço das terras”, explicou. Segundo Dias, a inflação dos imóveis rurais ficou entre 25% e 30%.

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Economia

Multinacional investe R$ 50 milhões para produzir sêmen suíno em Campo Grande

Unidade será a primeira de genética suína no Centro-Oeste, e contará com 800 animais para coleta permanente

07/11/2024 09h55

Divulgação/Semadesc

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A empresa Agroceres PIC inaugura no fim de novembro, em Campo Grande, a primeira unidade de genética suína do Centro-Oeste. Foram investidos R$ 50 milhões na instalação, que está localizada na rodovia MS-040.

A unidade terá 800 suínos machos para coleta permanente de sêmen, e deve gerar 40 empregos diretos.

“É a primeira unidade deste modelo no Centro-Oeste. Será a mais moderna do Brasil. A unidade de Campo Grande terá o objetivo de fazer disseminação desta genética, voltado para produção de carne suína”, explicou Sérgio Luiz, Dall’Igna Filho, representante da empresa, durante encontro com o governador do Estado, Eduardo Riedel.

Foto: Divulgação/Semadesc

Sérgio destacou que a unidade de coleta de sêmen irá abastecer tanto os produtores do Estado, quanto os de outras localidades do Centro-Oeste.

O titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, considera que a nova unidade complementa o que faltava na cadeia produtiva da suinocultura em Mato Grosso do Sul.

“A primeira coisa que trouxemos ao Estado foram as empresas que produzem matrizes de mães dos leitões, mas a compra de sêmen suíno era feita fora do Estado, e muitas vezes até importada. Agora teremos esta produção em Campo Grande, que será vendida para as granjas locais”, afirmou o secretário.

Verruck explicou que Campo Grande foi a cidade escolhida por não possuir uma densidade alta da suinocultura, o que favorece a questão da segurança sanitária.

Mato Grosso do Sul passa a contar agora com uma cadeia (suína) com produção de sêmen, produção de matrizes e leitões, assim como industrialização e venda.

“Isto garante ao Estado a manutenção da produtividade, já temos a melhor do país, pois nossas matrizes produzem o maior número de leitões do Brasil”, concluiu Verruck.

Números

Somente no ano passado, foram abatidos 2.719.346 suínos em Mato Grosso do Sul. No primeiro semestre de 2024, já foram abatidos 1.329.602 suínos no Estado.

Os dados são do relatório divulgado trimestralmente pela Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc).

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CONJECTURA

Eleição de Trump vai impactar a economia de Mato Grosso do Sul

Adoção de medidas protecionistas afetarão as exportações; os EUA são o segundo maior comprador da produção de MS

07/11/2024 08h30

Donald Trump, ex-presidente reeleito nos Estados Unidos

Donald Trump, ex-presidente reeleito nos Estados Unidos Foto: Divulgação

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A eleição de Donald Trump nos Estados Unidos definida ontem vai impactar a economia de Mato Grosso do Sul. Conforme especialistas consultados pelo Correio do Estado, a nova oportunidade conferida ao mandatário para comandar a potência econômica mundial deve refletir em todo o mundo e impactar tanto positiva quanto negativamente o Estado. 

O principal ponto destacado pelos analistas econômicos é o plano de Trump para adotar medidas protecionistas no país norte-americano, que deve afetar de formas distintas os preços e as negociações das commodities. Entre os analistas, existe uma leitura de que as políticas propostas pelo republicano devem deixar o dólar e os juros mais altos.

Donald Trump, ex-presidente reeleito nos Estados Unidos

Para o doutor em Administração Leandro Tortosa, é preciso atenção às estratégias que serão implementadas, porque Trump tem inclinação por fazer a América “great again” (grande de novo) como fez em sua primeira passagem. 

“Aumentar medidas protecionistas e sobretudo daqueles produtos que ele entende que ameaçam a economia dos Estados Unidos. Ele já sinalizou isso para os carros elétricos, principalmente os carros chineses, mas nada impede que ele faça a mesma coisa com produtos que incomodam por serem mais competitivos, como a laranja brasileira, a soja, a carne e o aço brasileiros, por exemplo, commodities que nós [Mato Grosso do Sul] somos grandes produtores e podem sofrer uma barreira de entrada nos Estados Unidos”, diz. 

O mestre em Economia Lucas Mikael corrobora com a análise e complementa que ao aumentar as tarifas de importação, com sobretaxas de até 20%, o Brasil pode perder a competitividade das exportações.

“Incluindo as de MS, que dependem de produtos como soja, carne bovina e milho. O aumento das tarifas pode reduzir a demanda dos Estados Unidos por esses produtos, impactando diretamente os produtores do Estado, além de gerar um efeito inflacionário que fortalece o dólar, tornando os produtos brasileiros mais caros e diminuindo a competitividade”, ressalta.

A possível desaceleração econômica nos EUA, como resultado das tarifas e da política de deportação de imigrantes, pode reduzir a demanda global por commodities, afetando os preços no mercado. 

“Para MS, que é um grande exportador de soja e carne, essa redução de preços pode prejudicar os ganhos dos produtores locais. A queda na demanda por commodities pode ser ainda mais acentuada se a guerra comercial entre os EUA e a China diminuir a procura por produtos como a soja, o que reduziria a receita de exportação do Estado”, completa Mikael.

Atualmente, os Estados Unidos são o segundo maior comprador da produção de Mato Grosso do Sul, atrás apenas da China. Conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), de janeiro a outubro, os envios de MS aos EUA resultaram em US$ 524,930 milhões negociados, alta de 26,30% ante os US$ 415,605 milhões negociados no mesmo período do ano passado.

Por outro lado, o mestre em Economia Eugênio Pavão ressalta que na primeira passagem do republicano, a relação econômica com MS não sofreu descontinuidade. 

“Porém, como esse mandato não tem um padrão definido, a expectativa seja de manutenção dos negócios, mas caso ocorra algo fora do padrão, estaremos dependente da geopolítica para equilibrar. Por exemplo, alta exagerada do dólar, provocada por altas dos juros, dificultando as importações, fuga de dólares e aumento da inflação. Em suma, Trump 2 poderá ser um governo voltado para dentro, muito mais do que foi o Trump 1, essa é a incógnita”, analisa.

POSITIVA

Ainda no caso do protecionismo de Trump, é possível que tanto Mato Grosso do Sul quanto o Brasil como um todo sejam beneficiados. A guerra comercial com a China, por exemplo, pode abrir espaço para o Brasil aumentar suas exportações de soja para o mercado chinês. 

“A China pode reduzir as compras de soja dos EUA, por conta das tarifas. Esse deslocamento de demanda pode beneficiar produtores de MS, 
mas é importante ressaltar que a redução dos preços das commodities em nível global pode atenuar os ganhos”, enfatiza Mikael.
O doutor em Economia Michel Constantino avalia que há uma boa expectativa com a eleição americana. 

“Com isso, a tendência é melhorar o mercado para o agronegócio brasileiro, na venda de commodities, energia e aço, pois ele deve taxar cada vez mais os chineses, fazendo que nossos produtos tenham maior valorização para a Ásia. Mas é preciso esperar a forma e o como ele vai agir nos negócios internacionais”.

Tortosa ainda corrobora que a alta do dólar impacta de forma contraditória a economia de Mato Grosso do Sul. Em um primeiro momento, fica mais interessante para o exportador. 

“Com o dólar mais caro, ele recebe mais reais para cada dólar exportado. Por outro lado, com o dólar mais caro, a gente precisa importar maquinário e vai importar mais caro. O Brasil tem um problema na produção de maquinário, a gente não é muito intensivo em tecnologia. Mas não somente máquinas, todos os outros insumos que a gente vai importar. Então, combustível, por exemplo, e outros produtos que têm cotação no mercado internacional, como a soja, o milho, a carne bovina, todos eles podem sofrer um impacto, por conta de um dólar futuramente mais caro”, detalha. 

Os economistas ainda frisam que é importante ressaltar que as análises são feitas baseadas naquilo que já foi visto, na primeira passagem de Trump pela Casa Branca e nas propostas de governo atuais dele. 

“Então, a gente não sabe, tem que esperar pra ver o que pode acontecer. Mas eu não consigo ver um benefício a longo prazo se ele implementar plenamente o governo dele ou a proposta de governo dele”, conclui Tortosa. 

Ao Estadão, o pesquisador do FGV/Ibre Armando Castelar reforçou que o cenário externo pressiona ainda mais o governo federal a colocar de pé a agenda de corte de gastos para melhorar a saúde das contas públicas.

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