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Bullying não pode ser julgado com exagero

Bullying não pode ser julgado com exagero

IG

19/04/2011 - 23h00
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Embora o bullying escolar exista há tanto tempo quanto as instituições de ensino, o assunto só ganhou manchetes e “virou moda” há pouco tempo. A disseminação mais ampla das informações deveria colaborar para melhorar a identificação e o combate ao problema, mas também pode tomar outro rumo. Para Maria Irene Maluf, especialista em psicopedagogia e em educação especial, hoje corre-se o risco do bullying ser entendido de forma generalizada. Como consequência, pode surgir uma insensibilidade ao que ele realmente é.

Mas o que é o bullying, afinal? Segundo o psiquiatra Gustavo Teixeira, autor do “Manual Antibullying” (Editora BestSeller), o bullying é definido por atos de agressão física, verbal ou moral que ocorrem de maneira repetitiva dentro de uma relação desigual de poder, física ou emocional. Ou seja: o grandalhão da escola que procura encrenca com o menorzinho diariamente por ele usar óculos, por exemplo. Mas mesmo a definição teórica não esclarece a linha tênue que separa a violência gratuita da brincadeira inocente, quando colegas lidam com suas diferenças observando-as com humor, sem agressividade. Esta linha é determinada pela existência do sofrimento.

Para o psiquiatra e psicoterapeuta Içami Tiba, autor de “Adolescentes: Quem Ama Educa” (Integrare Editora), se não existe sofrimento, não é bullying. O especialista concorda que o problema tomou proporções exageradas: “Antigamente não era bullying colocar um apelido numa pessoa por causa de uma característica física”. Embora Tiba afirme que o problema atingiu uma intensidade maior, o exagero do diagnóstico costuma ocorrer por constatação dos pais. “Mas é preciso delimitar o bullying muito claramente, para não perdermos a cabeça”, diz.

O estopim da informação

Na opinião de Maria Irene, o problema do bullying se agravou de forma gritante com a chegada da internet e dos celulares. As possibilidades abertas por estes meios criaram o cyberbullying, com novas formas de agressão mais difíceis de serem constatadas e controladas pela escola ou pelos pais. Por outro lado, hoje em dia é possível se falar mais abertamente sobre o problema. “As crianças ficaram mais seguras para reclamar, e as questões que envolvem o bullying acabam ultrapassando o muro da escola”. As plataformas digitais também aumentaram a visibilidade dos problemas: o caso do menino australiano Casey Heynes, por exemplo, foi parar no Youtube e se tornou discussão no mundo inteiro. Tornou-se mais fácil, portanto, a criança mostrar o que sente e o que acontece aos pais ou à escola.

Assim como ficou mais fácil, também, usar o bullying como justificativa. É o caso da tragédia em Realengo. O atirador Wellington Menezes de Oliveira afirmou, em vídeos divulgados pela polícia, que planejava se vingar das pessoas que o desrespeitavam, referindo-se às escolas como o principal local deste tipo de acontecimento. “Sofrer bullying foi um fator de estresse importante neste caso”, observa Gustavo Teixeira. “Mas não justifica a atrocidade”.

Frequência, intensidade e sofrimento

De acordo com o terapeuta e psicólogo familiar João David Cavallazzi Mendonça, a intensidade da violência é o fator mais importante a ser levado em conta para diagnosticar o bullying. “Não existe uma regra: uma criança pode se incomodar muito por ser chamada de ‘quatro olhos’, enquanto outra pode nem ligar”, diz. Mas subestimar o problema e dizer ao filho para não dar importância àquilo não é a melhor saída: algumas crianças podem fingir que não se incomodam, mas guardam o problema e desenvolvem traumas sérios.

E como diferenciar o bullying de uma brincadeira natural? Uma gozação entre iguais, em que um zomba do outro, é bem diferente de uma ofensa. Para Maria Irene, o bullying ultrapassa esse estágio e leva ao ponto em que as crianças não são mais amigas. “A vítima não se sente em condições de revidar”, diz. Mudanças de comportamento ou alteração no rendimento escolar são pistas comuns de que algo mais grave pode estar acontecendo.

As habilidades sociais da criança e sua capacidade de se cuidar sozinha também contam muito. “Hoje existe uma superproteção sem limites por parte dos pais, e as crianças ficam sempre precisando de alguém que tome conta delas”, completa a psicopedagoga.

Os pais devem oferecer suporte e oportunidades para os filhos se desenvolverem, tornando-se cada vez mais independentes. Mas precisam estar atentos para sair em defesa da criança caso ela esteja passando por algum tipo de sofrimento capaz de afetar sua dignidade e integridade.

Simplificação e exagero

Os pais devem ter um olhar mais cuidadoso sobre seus filhos e, principalmente, contínuo. “Senão, qualquer pisada que a criança leva no pé sem querer vira bullying. É preciso colocar as coisas nas devidas proporções”, diz Maria Irene. Para Gustavo, o que define o bullying é a ocorrência sistemática de violência, não acidentes ou inocentes manifestações de identificação das diferenças entre as crianças.

A popularização e o debate sobre o bullying, ainda que compreendido de forma simplificada, podem levar a um melhor entendimento do problema: “O fato de estar ‘na moda’ contribui para crianças, adolescentes, pais e educadores passarem a estranhar esse tipo de atitude, e não naturalizá-la”, acredita João David. Por outro lado, tomar atitudes a respeito sem a reflexão necessária pode levar a um desgaste do conceito. “Se exagerarem muito por muito tempo, vai acabar virando um 'feijão com arroz'”, diz Maria Irene. E virar a página do problema achando que é só uma bobagem é, de longe, a pior solução.

Cidades

MS tem o segundo maior índice de mortos pela polícia da história

O presente ano está atrás apenas do ano passado, que havia sido recorde

20/11/2024 18h28

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Imagem ilustrativa Arquivo/Correio do Estado

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Dois homens, de dois municípios diferentes de Mato Grosso do Sul, foram mortos pela polícia na última terça-feira (19). Agora, o número de vítimas de agentes do Estado chegou a 70 no ano, o segundo maior índice registrado na série histórica divulgada no portal de dados da Secretaria Estadual de Justiça de Segurança Pública (Sejusp).

O presente ano está atrás apenas do ano passado, que foi o recorde em mortes causadas por agentes de Estado em Mato Grosso do Sul, com 131 mortos de janeiro a dezembro, quantidade 156,8% superior ao registrado em 2022, quando 51 foram mortos.

Os 70 mortos de 1º de janeiro a 20 de novembro deste ano se igualam às 70 vítimas registradas em todo o ano de 2019. Confira o levantamento:

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Perfil das vítimas

Assim como nos anos anteriores, em 2024 os homens representam a maior parte dos mortos pela polícia: foram 62 vítimas, número que representa 88,5% do total registrado. Apenas uma mulher foi vítima, e outros sete casos não tiveram o sexo especificado.

Quanto à idade, mais de metada das vítimas (52,8%) eram jovens de 18 a 29 anos. Na sequência, figuram adultos de 30 a 59 anos, que representam 31,4% do índice. Os adolescentes representam 5,7% do índice. Sete casos não especificaram idade, e representam 10%.

A maioria dos óbitos aconteceram em Campo Grande (36). No interior do Estado, foram registrados 34, sendo 19 na faixa de fronteira.

Casos mais recentes

Em menos de 12 horas, dois homens, um de 32 anos e outro de 33, morreram em confronto com a Polícia. O primeiro caso aconteceu durante a tarde, e o segundo à noite, nesta terça-feira (19).

Em Bataguassu, um homem de 32 anos foi baleado e morto por policiais civis após reagir ao cumprimento de um mandado de busca e apreensão. A Polícia Civil não divulgou muitos detalhes a respeito da ocorrência.

Em Dourados, um homem de 33 anos morreu após reagir a abordagem de policiais civis do Setor de Investigações Gerais (SIG). Conforme apurado pela mídia local, ele estava sendo monitorado pela polícia suspeito de ameaçar uma família devido a uma dívida.

Na noite de segunda-feira (18), Gabriel Nogueira da Silva, de 27 anos, responsável pelo assassinato do médico Edivandro Gil Braz, de 54 anos, foi baleado e morto por policiais, após resistir à prisão e tentar fugir da delegacia onde estava detido, localizada em Dourados.

Colaborou: Naiara Camargo.

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Fauna

Lojista é multado em R$ 24 mil por expor cabeça de animais em Campo Grande

A ação do Ibama encontrou exposição de cabeças de onça pintada, queixadas e até a arcada dentária de tubarão no estabelecimento

20/11/2024 18h15

Crédito: Ibama MS

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Uma loja que expunha cabeças de animais silvestres foi alvo de fiscalização pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em Campo Grande.

Os agentes encontraram várias cabeças de espécies da fauna sul-mato-grossense, como:

  • onças-pintadas (Panthera onca);
  • onças-pardas (Puma concolor);
  • queixadas (Tayassu pecari);
  • jacarés (Alligatoridae);
  • cervos-do-pantanal (Blastocerus dichotomus);
  • peixes pintados (Pseudoplatystoma corruscans);
  • dourados (Salminus brasiliensis).


Além disso, foram apreendidos "troféus", como a arcada dentária de um tubarão. As peças foram recolhidas, e o estabelecimento foi autuado conforme estabelece a Lei Federal de Crimes Ambientais (nº 9.605/98) e o Decreto nº 6.514/08.

O proprietário recebeu uma multa que totalizou R$ 24 mil, e os suspeitos de organizar a “exposição” irão responder pelo crime na Justiça.

É importante ressaltar que a legislação brasileira proíbe a exposição de partes de animais para comercialização, situação enquadrada na Lei de Crimes Ambientais como venda ilegal de artesanato feito com partes de animais silvestres.

Crédito: Ibama MS

Tráfico de animais


Com a ação, o Ibama tenta inibir tanto a oferta quanto a procura, bem como o tráfico de animais silvestres.

"Quanto mais raro é um animal, maiores são o interesse e o preço que pagam por ele", afirmou a superintendente do Ibama em Mato Grosso do Sul, Joanice Lube Battilani, que completou:

"Essa prática está aliada ao fato de que algumas pessoas, de forma equivocada, acreditam que esses tipos de objetos feitos com partes de animais silvestres servem como amuletos, trazendo proteção e prosperidade."

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