“Baleia”, “Gorda”, “Miss GG” foram só alguns xingamentos disparados pelo Twitter contra Débora Lyra, 21 anos, quando a modelo ainda ocupava o posto de Miss Brasil.
Simultaneamente, ela passava por um momento difícil na vida pessoal, que acredita ter repercutido no manequim e feito a balança mostrar seis quilos a mais após a estudante ter ganho o título de mais bela do País.
Os 71 quilos registrados até junho deste ano, distribuídos em 1,80 metro de altura, estavam longe de configurar sobrepeso. Na época, Débora chegou ao Índice de Massa Corporal (IMC) de 21,5, três pontos e meio abaixo dos 25 que indicam peso em desacordo com o saudável. Ainda assim, magra para os padrões da medicina e da saúde, ficou pesado carregar a faixa e a coroa de miss brasileira em meio a tantas cobranças por uma forma mais enxuta e menos curvilínea.
“Foi um período muito difícil. Estava frustrada por não ter ganhado o Miss Universo, meus pais tinham deixado o Espírito Santo para tentar a vida em São Paulo, e ficaram desempregados. Estava tudo muito turbulento (Débora ainda teve um rápido romance com o jogador de futebol Pato, com início, meio e fim foi amplamente divulgado) e eu descontei na comida”, lembra a ex-miss.
“Recebia mensagens agressivas no Twitter e até parei de ler para não me machucar mais. Ninguém sabia o que estava acontecendo direito e tinha essa cobrança exagerada”, conta.
A influência do estresse no ganho de peso já é foco de estudo dos especialistas e há consenso de que esta alteração no organismo, com a liberação de hormônios e toxinas, repercute no processo de engorda. A tristeza está entre os seis fatores por trás do aumento dos ponteiros da balança, além da alimentação e do sedentarismo.
Da mesma forma, os estudiosos concordam que a pressão por um padrão de corpo muito magro está na origem dos transtornos alimentares graves e letais, como anorexia e bulimia. Entre as vítimas estão meninas e jovens adultas, além de mulheres que já passaram dos 40 de idade.
Débora Lyra diz que não sucumbiu à nenhuma doença mais grave. Está mais equilibrada, feliz, trabalhando e com um namorado novo. Participou de eventos e passou a faixa de miss para uma colega que, assim como ela na época em que recebeu o título, é alta e bem magra. Apesar de saber que não estava gorda, Débora fez uma dieta e um plano de reeducação alimentar restritivo. Perdeu seis quilos em dois meses, mas ainda quer eliminar mais quatro na balança.
Para chegar à meta, eliminou arroz e feijão do cardápio. Fez promessa de não comer mais chocolate, sua paixão confessa, e tenta se alimentar de frutas e verduras. Come massa uma vez por mês no restaurante preferido e malha diariamente. Se alcançar aos 60 quilos impostos como meta, chegará ao IMC 18,5, este sim no limite entre o saudável e o perigoso.
Pelas avaliações dos endocrinologistas, abaixo desta média de IMC a pessoa está muito magra e as funções vitais ficam comprometidas, trazendo problemas como anemia, desnutrição e até câncer. A ex-miss Brasil, entretanto, garante que prioriza a saúde hoje. Mas ainda quer emagrecer. Talvez assim, seus seguidores no Twitter fiquem satisfeitos.
“Nunca nenhum patrocinador ou empresário me pediu para emagrecer. A cobrança era mesmo dos admiradores. Eles que falavam muito. Quem me encontrava, me achava bonita. Mas mulher é assim, né? Sempre ta insatisfeita”, finaliza a modelo.