No primeiro grande teste parlamentar do governo Dilma Rousseff, o PMDB entregou ao Planalto a totalidade de seus 77 votos. Algo que jamais ocorrera sob Lula.
A legenda governista que registrou a menor taxa de fidelidade a Dilma (59,26% dos votos) foi o PDT do ministro Carlos Lupi (Trabalho).
Depois do PDT, o PT de Dilma foi, entre os sócios do consórcio governista com mais de dez deputados, o que exibiu o menor índice de fidelidade (88,24%).
Além do PMDB, revelaram-se mais leais do que o PT: PP, PR, PSB, PTB, PSC, PCdoB e PRB.
Foram a voto na noite desta quarta (16) duas emendas propondo como valor do salário mínimo cifras maiores que os R$ 245 ofertados pelo governo.
Uma, do PSDB, sugeria R$ 600 reais. Foi derrotada por 376 votos contra 106. Houve sete abstenções.
Na outra, o DEM propôs R$ 560. A proposta obteve mais votos. Mas foi igualmente derrotada: 361 a 120. Onze abstenções.
Com base no quadro de votação desta segunda emenda, a dos R$ 560, o blog calculou o índice de fidelidade de cada partido governista ao Planalto.
Foram considerados os votos contra e a favor do governo e as ausências. Vai abaixo o resultado da contabilidade:
Taxa de fildelidade dos partidos governistas:
- PT: 88,24%
Maior agremiação da Câmara, a legenda de Dilma Rousseff possui 85 deputados. Desse total, 75 votaram contra a elevação do salário mínimo para R$ 560.
Presidente da sessão, Marco Maia não votou. Sete petistas (8,24% da bancada) não deram as caras no plenário.
Dois (2,35%) votaram a favor da emenda do DEM: Eudes Xavier (CE) e Francisco Praciano (AM).
- PMDB: 100%
Dono da segunda maior bancada –77 deputados—, o partido do vice-presidente Michel Temer compareceu em peso ao plenário.
Não levou ao painel eletrônico um mísero voto contra o governo. Até os cerca de 25 pemedebês que apoiaram José Serra na eleição votaram com o Planalto.
- PP: 93,02%
Terceira maior legenda governista, o PP soma 43 deputados. Sonegou ao governo apenas três votos.
Um (2,33%) se ausentou do plenário. Dois (4,65%) votaram a favor da emenda que elevaria o mínimo para R$ 260: Jair Bolsonaro (RJ) e Paulo Maluf (SP).
- PR: 92,5%
Quarta maior bancada do consórcio partidário que dá suporte congressual a Dilma, o partido soma 40 deputados. Entregou ao governo 37 votos.
Dois deputados do PR (5% da bancada) não compareceram à sessão. Um (2,5%) votou a favor do mínimo de R$ 260: Zoinho (RJ).
O estreante Tiririca deu um susto no partido. Votou a favor dos R$ 600 propostos pelo PSDB. Erro, alegou. Corrigiu-se depois, votando contra os R$ 560 do DEM.
- PSB: 96,77%
Quinto maior aliado do governo na Câmara, o partido presidido pelo governador pernambucano Eduardo Campos possui 31 deputados federais.
Apenas um deputado (3,23%), ausente à sessão, deixou de votar com o governo. Os outros 30, liderados por Ana Arraes, mãe de Campos, prestigiaram Dilma.
O ex-jogador Romário, mais nova aquisição do PSB, não faltou ao Planalto. Aferrado ao mínimo de R$ 545, votou contra as emendas que elevariam a cifra.
- PDT: 59,26%
Dono de 27 cadeiras, o partido do ministro Carlos Lupi (Trabalho) é o sexto maior “aliado” do governo na Câmara.
Apenas 16 deputados foram fieis a Dilma, votando contra o salário mínimo de R$ 560, defendido por Paulinho, da Força Sindical.
Nove deputados do PDT (33,33% da bancada) disseram “sim” aos R$ 560. Entre eles o líder Giovanni Queiroz (PA), Paulinho (SP) e Miro Teixeira (RJ).
Um deputado pedetê (3,7%) faltou à sessão. Outro (3,7%) preferiu se abster.
Entre todos os sócios do consórcio governista, a legenda que tem Lupi como presidente licenciado foi a que registrou o menor índice de fidelidade ao Planalto.
- PTB: 95,45%
Com 22 deputados, a legenda presidida pelo deputado cassado Roberto Jefferson, é a sétima bancada governista. Entregou 21 votos ao Planalto.
Apenas um deputado da tribo dos petebês (4,55%) votou a favor do mínimo de R$ 560: Arnaldo Faria de Sá (SP).
- PSC: 100%
É a oitava bancada do governo na Câmara. Embora seja tratada com menosprezo na distribuição de cargos e verbas, entregou todos os seus 17 votos a Dilma
- PCdoB: 100%
Nona bancada mais numerosa do bloco governista, o PCdoB, aliado de primeira hora de Lula e do petismo, votou integralmente com o Planalto: 15 votos.
- PRB: 100%
Partido do ex-vice presidente José Alencar, o PRB é, em termos numéricos, a décima agremiação governista. De seus 12 deputados, nenhum foi infiel.
Entre os sócios minoritários do governo, com menos de dez deputados, as taxas de fidelidade ao Planalto oscilaram entre 50% e 100%.
O PMN, com cinco deputados, deu quatro votos (80%) a Dilma. Um parlamentar (20% da bancada) faltou à sessão.
O PTdoB, dono de quatro cadeiras na Câmara, foi 100% fiel a Dilma. No PHS, dono de dois votos, um votou com o governo. Outro contra. Índice de fidelidade de 50%.
O PRP e o PRTB, cada um com dois deputados, votaram fechados com o Planalto. Nenhuma defecção.
O PSL e o PTC, partidos que têm um mísero deputado cada, também se alinharam ao governo. Ambos rejeitaram cifras superiores aos oficiais R$ 545.
Na oposição, DEM e PSDB não conseguiram nem sequer ser fieis a si mesmos.
Os ‘demos’ somam 46 deputados. Cinco (10,87%) faltaram. Dois (4,35%) votaram contra a emenda do próprio partido: Jairo Ataíde (MG) e Vitor Penido (MG).
Os outros 39 (84,78% da bancada) votaram a favor da emenda subscrita pelo líder ACM Neto, que elevaria o mínimo para R$ 560.
Entre os tucanos, 52 deputados no total, um faltou (1,92%), dois votaram contra o mínimo maior (3,85%): Carlos Alberto Lereia (GO) e Manoel Salviano (CE).
Os outros 49 tucanos (94,23% da bancada) aturaram como oposicionistas genuínos.
O PPS de Roberto Freire, com 11 deputados, votou fechado com a oposição. Nenhuma ausência. Nenhum ‘silvério’ neogovernista.
A oposição foi engrossada pelo PSOL, cujos três deputados também votaram a favor do salário mínimo mais generoso.
De resto, o PV de Marina Silva, que na Câmara atua em bloco com o PPS, deu mostras de que já não pode ser computado como governista.
Seus filiados tornaram-se espécies de oposicionistas envergonhados. Com 14 deputados, o PV anotou no painel eletrônico 10 abstenções (71,43%).
Dois verdes (14,29%) votaram a favor do mínimo de R$ 560. Outros dois (14,29%) votaram contra.