A Sony entrou com uma ação judicial nos Estados Unidos (EUA) contra cinco hackers que criaram um conjunto de ferramentas (toolkit) para permitir a execução de cópias ilegais de games no PlayStation 3 (PS3).
Recentemente, os hackers, que fazem do grupo fail0verflow, se apresentaram durante uma conferência em Berlim, na Alemanha, quando confirmaram que tinham encontrado um método para burlar as “medidas de proteção tecnológicas” (TPMs) do PS3, permitindo que códigos não-autorizados sejam executados no sistema, incluindo jogos piratas.
Ontem (11/1), a Sony solicitou uma liminar para bloquear a distribuição dos programas utilizados no processo de "jailbreak". A ação foi arquivada na Corte Distrital dos EUA para o Distrito Norte da Califórnia, contra os réus George Hotz, Hector Martin Cantero, da Espanha; Sven Pedro, da Hungria; e outros dois, um identificado como "Segher", que reside na Holanda; e "Bushing", de São Francisco, EUA.
O grupo escreveu em seu perfil no Twitter que o objetivo era "rodar o Linux com dual-boot no GameOS, sem restrições, em todos os PS3s” e não incentivar a pirataria. No entanto, a Sony disse que as ferramentas violam as diretrizes de direitos autorais dos EUA.
Por e-mail, Hotz declarou que acredita na eficácia da lei de direitos digitais e que não acredita que será considerado culpado pela justiça. "Eu falei com o advogado e estou certo de que a ação da Sony não tem qualquer fundamento", completou.
Os programas utilizados pelo Fail0ver comprometem o controle de acesso, a criptografia e as proteções de assinatura digital que são habilitadas no PS3, disse a Sony.
Segundo a empresa, os arquivos autorizados tem uma única assinatura digital, que é gerada a partir de um par de chaves eletrônicas. O PS3 verifica a assinatura – que não está presente em jogos piratas – usando umas das chaves, que é criptografada e incorporada ao sistema. A outra chave é mantida pela Sony.
Os que os hackers fizeram foi comprometer as chaves da raiz, também chamadas de Metldr Keys, que são usadas para autenticar o código. "Com o acesso neste nível pode-se controlar as funções essenciais e as operações do PS3, como também executar um código que permita rodar jogos piratas”, escreveu a Sony.
Usando as ferramentas, um hacker poderia simplesmente gravar um jogo em um disco Blu-Ray e depois executá-lo no PS3 com êxito.
Os integrantes do Fail0ver hackearam os PS3 em represália a Sony. A empresa removeu um recurso muito utilizado em versões anteriores do PS3 que permitia instalar um sistema operacional diferente, incluindo distribuições Linux, como Debian, Fedora, OpenSUSE e Ubuntu.
Em abril, a Sony emitiu uma atualização de firmware que removeu essa capacidade, dizendo que a mudança era necessária para reforçar a segurança do console. Desde então, muitos usuários reclamaram, alegando esta ter sido uma das razões pela qual adquiriram o aparelho.
Lançado em novembro de 2006, o PS3 já vendeu mais de 41 milhões de unidades.