Política

DELCÍDIO DO AMARAL

Sozinho, PT não consegue construir projeto

Sozinho, PT não consegue construir projeto

ICO VICTÓRIO

03/07/2011 - 00h00
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Dono da maior votação individual da história de Mato Grosso do Sul, com 826.848 votos na reeleição, o senador petista Delcídio do Amaral, tem uma certeza em mente: o Partido dos Trabalhadores sozinho não vai chegar a lugar algum, em 2012, em especial no embate para tomar o comando da Prefeitura Municipal de Campo Grande, principal reduto eleitoral do PMDB, se quiser levar adiante projeto para voltar a administrar Mato Grosso do Sul, a partir de 2014. "Nós vamos enfrentar máquinas importantes, não só do governo do estado mas, no caso especifico de Campo Grande, a máquina da prefeitura. A participação dos aliados vai ser fundamental", analisa o senador, que não esconde o sonho de administrar Mato Groso do Sul. Antes, porém, pretende retribuir à população do Estado, a confiança depositada nas urnas, em outubro de 2010. "Vou continuar trabalhando muito para honrar o compromisso com o meu povo". Delcídio aposta na Educação para alçar o Estado ao patamar sonhado pelo Movimento Divisionsta, responsável pela separação do então Mato Grosso uno.

Como o senhor avalia o quadro sucessório municipal para 2012? O senhor não acha que, para vencer as duas principais máquinas administrativas (Governo e prefeitura da Capital), o PT deve abrir janelas para formar ampla coalizão?
O quadro sucessório de 2012 é muito favorável ao PT e seus aliados em Campo Grande e também em Dourados, Corumbá, Três Lagoas, Ponta Porã, Coxim, e nas cidades pequenas e médias. Eu não tenho dúvida de que nós temos reais condições de eleger não só prefeitos, prefeituras, vice-prefeitos e vice-prefeitas, como também vereadores e vereadoras. Mas é claro que o PT sozinho não consegue construir um projeto para 2012, que vai ser fundamental, inclusive, para 2014. Nós vamos enfrentar máquinas importantes, não só do governo do estado mas, no caso especifico de Campo Grande, a máquina da prefeitura. A participação dos aliados vai ser fundamental. E temos que nos preparar para fazer não só uma campanha de opinião, com projetos e propostas, mas uma campanha inovadora, criativa, tratando de investimentos em obras e a geração de empregos, mas focando também a cultura, o esporte, as políticas sociais e de inclusão, a qualificação de mão-de-obra, além do apoio para as minorias". Vamos para uma disputa limpa, como o povo sul-mato-grossense espera de todos nós. As perspectivas são as melhores possíveis , inclusive no sentido de vencer as eleições em Campo Grande.
Como estão as negociações?
Nós temos conversado muito, não só internamente com as várias correntes do PT, mas com os partidos aliados. O objetivo é a construção de um leque de alianças que vai se refletir não só nos municípios, mas possivelmente na eleição para governador do estado, em 2014. É um trabalho paciente que, mais do que nunca, exige muito diálogo, humildade e serenidade, para criar as condições de se fazer uma grande disputa, com o PT entendendo onde será e onde não será cabeça de chapa. Também temos que ter claro as cidades onde é importante elegermos uma bancada de vereadores e vereadoras, fortalecendo os aliados, que não podem ser tratados como acessórios mas, acima de tudo, como parceiros de um grande projeto para o nosso estado.
Antes de pensar em candidaturas, o PT precisa decretar paz interna, se quiser voltar a dominar parte das prefeituras de Mato Grosso do Sul. O que o comando petista está fazendo nesse sentido?
O comando do partido tem trabalhado intensamente. Há um diálogo franco entre todas as correntes e o PT, por ser o partido mais bem aceito pela população, inclusive em Campo Grande, tem responsabilidade com a sua militância e, acima de tudo, com o povo de Mato Grosso do Sul. Portanto, o PT caminha para uma harmonia interna compatível com a importância e com o projeto do partido. Estamos promovendo reuniões não só para compatibilizar projetos e discutir as nossas divergências, mas encontros regionais em vários municípios do estado, com lideranças dessas cidades e das cidades do entorno, com a militância, a direção partidária e os parlamentares, exatamente para construir um projeto onde o partido, sem dúvida nenhuma, marchará unido.
Passada a eleição, como está a sua relação com o ex-governador Zeca do PT?
O PT é o partido de maior densidade eleitoral em Mato Grosso do Sul. Qualquer pesquisa atesta o que eu estou dizendo. E tanto o Zeca quanto eu entendemos muito bem isso, assim como a nossa responsabilidade no processo político dentro do PT e junto aos nossos aliados. Portanto, agora, nós precisamos mostrar nossa união através de gestos. Política se faz com gestos. Isso é o que nós vamos fazer ao longo dos próximos meses, mostrando a nossa força. A vida anda e todos nós compreendemos esse momento que o PT vive.
Dono da maior votação da história de MS, o senhor se considera candidato natural ao Governo em 2014?
Em primeiro lugar, eu tenho responsabilidade com o meu mandato de senador. Tenho que corresponder às expectativas da nossa gente, a tudo aquilo que a população espera do meu trabalho. Hoje, estou focado em fazer um bom mandato de senador. Continuo a ajudar os municípios e o estado, fazendo uma política que deixa de lado as disputas partidárias e, acima de tudo, privilegia o interesse do cidadão, da cidadã sul-mato-grossense. Agora, é claro, com a votação que eu tive, a maior que um político já conseguiu na história de Mato Grosso do Sul, trabalho também para, um dia, me tornar governador. Qual político não quer ter a honra de governar o estado em que nasceu? Um corumbaense, um pantaneiro que já andou pelo Brasil inteiro, que andou pelo mundo, e que acaba comandando sua terra natal. É claro que isso está no meu projeto e vou trabalhar nesse sentido. Se for em 2014, melhor ainda.
O que o senhor pretende fazer para tirar, definitivamente, o Estado do isolamento econômico-social que vive desde a Divisão, em 1977?
Mato Grosso do Sul já evoluiu bastante. Hoje, é um estado com uma economia mais diversificada, não só focada basicamente na soja e no boi, que são segmentos importantes e continuarão sendo, mas nós vamos expandir. Estão aí o etanol, o açúcar, a floresta plantada, as fábricas de papel e celulose, os projetos turísticos, de mineração e siderurgia, o gás natural, a indústria de fertilizantes da Petrobras em Três Lagoas. É uma nova realidade e nós precisamos, efetivamente, investir em infraestrutura para fazer frente a esses grandes projetos e tornar Mato Grosso do Sul um estado moderno, com ferrovia em bom estado, com rodovia, hidrovia, boa oferta de energia, usinas hidrelétricas e a gás natural, como as já existentes, com produção de energia a partir de biomassa que é uma geração limpa. Um projeto que crie novas oportunidades de negócios e empregos mas que também respeite o meio ambiente, promovendo o desenvolvimento sustentável. Queremos um estado que venha a se integrar não só com os países mnvizinhos, pela posição geopolítica excelente que MS ocupa na America do Sul, como também com os principais estados da federação. Costumo dizer que Mato grosso do Sul tem que ter uma mentalidade de atravessar o Rio Paraná. uma visão pluralista, ecumênica, uma visão de mundo, para compreender o seu papel e preparar a sua gente para o grande futuro que nos espera.
Na primeira década do Século XXI Mato Grosso do Sul ficou anos-luz atrás do irmão, o Mato Grosso. O que fazer para recuperar o tempo perdido e, ao menos, tentar chegar perto do sucesso econômico de MT?
Sem dúvida nenhuma, além dos aspectos abordados anteriormente, é preciso investir muito em educação. Estão chegando aqui as escolas técnicas. É preciso ampliar também as universidades e adotar políticas que olhem a questão da inclusão social , fator fundamental para garantir cidadania no nosso estado. Vamos desenvolver políticas de gênero, políticas de minorias, promover uma reforma agrária que contemple o verdadeiro trabalhador rural, buscar a solução definitiva das questões indígenas que afligem o dia-a-dia não só das etnias, mas também dos produtores rurais; e promover a cultura, o folclore. Nosso estado é muito rico em cultura e, infelizmente, isso está meio engavetado como pauta importante no nosso dia-a-dia, na nossa vida. Quem não respeita a sua história não garante o seu presente e muito menos o seu futuro. E eu não tenho dúvida, até por tudo o que Mato Grosso do Sul representa, que nós vamos mostrar que o nosso estado vai ocupar a posição que nós esperávamos quando da divisão do antigo Mato Grosso.
Como executivo o senhor desempenhou cargos no alto escalão de grandes estatais brasileiras. Essa experiência pode ser aplicada em um virtual governo seu no nosso estado?
Com certeza, porque um governo é composto de um segmento político – importante em qualquer projeto - e também da meritocracia. Ou seja, temos que ter quadros executivos competentes. E é dentro desse aspecto que pretendo trabalhar , com planejamento de longo prazo, um plano diretor competente, com a questão ambiental, de sustentabilidade sendo priorizada, com a preservação do Pantanal e a recuperação do Rio Taquari. Vamos trabalhar, acima de tudo, com metas, exatamente para aferir o desempenho de cada área e, importante, fazendo mais com menos. Esse é o grande desafio. Nós não podemos, de forma nenhuma, considerar que governo é uma coisa e gestão empresarial é outra. O governo traz no seu conjunto essas duas vertentes fundamentais: a política e a gestão. E até pela minha vivência, pela minha experiência, o assunto gestão será absolutamente prioritário se um dia eu tiver a honra, se Deus me ajudar e o povo quiser, de governar o meu estado. Vamos investir na meritocracia, incentivar aquelas pessoas que se prepararam, que estudaram, para prestar um bom serviço a quem vive aqui.
O senhor não acha que o PT de MS está desgastado com o Governo Dilma por não conseguir emplacar indicações em cargos do segundo escalão?*
Absolutamente não. Não há nenhum tipo de desgaste, até porque não foi feita nenhuma indicação para segundo escalão também nos demais estados brasileiros. Através de uma decisão da própria presidente Dilma, ela vai começar a fazer esses movimentos a partir de agora. Nas audiências que tive com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleise Hoffmann, e com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvati, isso ficou muito claro. Portanto, não há nenhum desgaste do PT e isso precisa ficar muito claro.
Como vão as negociações com a Petrobrás para a liberação do ICMS (R$ 107 milhões) referentes ao gás boliviano?
As negociações vão muito bem. Estive com o governador André (Puccinelli) e o secretário Carlos Alberto Menezes (Meio Ambiente) há algum tempo no Rio de Janeiro. Tivemos uma boa reunião com a diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster, não só para discutir os critérios de cobrança do ICMS do gás, que o Estado começou a recolher na minha época, quando fui diretor da Petrobras, e que nós trabalhamos muito para que Mato Grosso do Sul fosse privilegiado com a cobrança do ICMS, ao entrar o gasoduto em Corumbá. Discutimos também o que faltava para completar toda essa arquitetura que garante mais de R$ 50 milhões/mês em arrecadação ao nosso estado e que, portanto, gera uma grande riqueza, além das usinas a gás, da fábrica de fertilizantes e outros consumos em que o gás natural será aplicado , como a siderurgia e projetos industriais. Depois de meses de discussão, a empresa compreendeu que a nossa proposta é justa. Ela vai garantir de R$ 5 a R$ 7 milhões adicionais/mês, somando-se aos R$ 50 milhões que já recebemos mensalmente. Além do mais, ainda no mês de julho, receberemos R$ 107 milhões relativos ao passivo da Petrobras para com o estado.
Com as commodities em alta, qual será o papel de Mato Grosso do Sul nos próximos anos?
Mato Grosso do Sul é um estado que vai continuar produzindo commodities, mas hoje já existe a preocupação de se agregar valor a muitos produtos primários. Então, seremos um mix de commodities e também de manufaturados, de produtos nos quais vamos agregar valor através dos insumos que produzimos. Vamos ter uma logística compatível pela posição privilegiada de MS e, acima de tudo, reunindo as condições para aproveitar a nossa mão-de-obra, que será qualificada para tornar o nosso Estado uma das unidades da Federaçãode ponta no Brasil, ocupando o espaço que todos nós sempre sonhamos.
 

ENTREVISTA

"Não demonizo a classe política, exceções e malfeitos estão em todas as áreas"

O ex-deputado federal também revelou que, caso seja confirmada a sua candidatura, a ex-primeira-dama do Estado Dona Gilda será a sua vice

20/12/2025 09h00

Fábio Ricardo Trad - Advogado, professor universitário e ex-deputado federal

Fábio Ricardo Trad - Advogado, professor universitário e ex-deputado federal Marcelo Victor/Correio do Estado

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Após ser lançado como pré-candidato a governador de Mato Grosso do Sul pelo PT, o ex-deputado federal Fábio Trad concedeu entrevista exclusiva ao Correio do Estado para comentar sobre esse novo desafio político na sua carreira pública.

“Posso dizer que cheguei a este momento com certa maturidade política, experiência no trato com a coisa pública e conhecimento do funcionamento do Estado brasileiro”, declarou.

Ele também destacou que suas prioridades serão as áreas essenciais que mais afetam a vida cotidiana das pessoas: saúde, educação e segurança pública.

Já na área ambiental, Fábio Trad disse que o Pantanal é patrimônio ambiental e ativo econômico. “Preservá-lo não é obstáculo ao desenvolvimento, mas condição para que ele seja sustentável e permanente”, ressaltou.

Para a segurança pública, o ex-deputado federal disse que agirá com inteligência, rigor, integração entre forças, cooperação federativa e investimento em tecnologia.

“Segurança pública não se faz apenas com discurso, mas com estratégia, coordenação, legalidade e profissionalismo. Polícia valorizada é garantia de segurança para a sociedade”, afirmou o pré-candidato a governador.

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O que levou o senhor a disputar o governo de Mato Grosso do Sul neste momento da sua trajetória política?

Por enquanto, sou pré-candidato. Pré! Portanto, não falo como candidato, mas respondendo à sua pergunta, posso dizer que cheguei a este momento com certa maturidade política, experiência no trato com a coisa pública e conhecimento do funcionamento do estado brasileiro.

Entendo que Mato Grosso do Sul precisa dar um salto de qualidade na gestão pública, com mais sensibilidade social, planejamento e compromisso democrático.

Penso que, confirmada a candidatura, posso contribuir para um debate público com equilíbrio, diálogo e responsabilidade, até porque Mato Grosso do Sul precisa ter uma campanha eleitoral de verdade, honesta, leal, franca.

Caso contrário, os quatro anos do atual governador não serão submetidos a qualquer escrutínio público e isso não é bom para a população e para o Estado.

Qual é a principal diferença entre o seu projeto de governo e o da atual administração estadual?

Sendo confirmada a candidatura, proporei um modelo totalmente diferente da atual gestão. Isto porque a diferença central está na concepção de Estado.

Defendo um governo que enxergue desenvolvimento e justiça social como dimensões inseparáveis, com políticas públicas avaliáveis, transparência real e foco em resultados concretos para a população, especialmente nas áreas essenciais.

Quais serão as três prioridades do seu governo nos primeiros cem dias, se eleito?

Se confirmar minha candidatura, porque sou pré-candidato, as prioridades serão as áreas essenciais que mais afetam a vida cotidiana das pessoas: saúde, educação e segurança pública.

Na saúde, organizar a rede para reduzir filas e melhorar o acesso. Na educação, garantir condições adequadas de funcionamento das escolas e valorização dos profissionais. Na segurança, fortalecer ações integradas e inteligentes para ampliar a proteção da população.

Enfim, estabelecer um pacto institucional com os municípios para revisar prioridades orçamentárias e garantir que recursos públicos cheguem onde a população mais precisa.

Como o senhor pretende gerar emprego e renda em um estado fortemente dependente do agronegócio?

Se confirmar a candidatura, valorizando o agronegócio, mas diversificando a economia. Isso passa por incentivar cadeias produtivas locais, agregar valor à produção, fortalecer a indústria, a bioeconomia, a ciência, a inovação e apoiar pequenas e médias empresas.

De que forma seu governo pretende conciliar produção agrícola e preservação do Pantanal?

Se for confirmada a candidatura, com base na ciência, no cumprimento da lei e no diálogo. O Pantanal é patrimônio ambiental e ativo econômico. Preservá-lo não é obstáculo ao desenvolvimento, mas condição para que ele seja sustentável e permanente.

Mato Grosso do Sul vive conflitos históricos envolvendo terras indígenas. Qual será a sua postura como governador diante desse cenário?

Se for candidato, proporei uma atuação com firmeza institucional, respeito à Constituição e diálogo permanente.

Conflitos não se resolvem com omissão nem com radicalismo, mas com mediação qualificada, segurança jurídica e presença efetiva do Estado. Os direitos serão conciliados com muita escuta, diálogo paritário, respeito e estrito cumprimento da lei.

A saúde pública é uma das maiores queixas da população. O que o senhor fará para reduzir filas e melhorar o atendimento?

Sendo confirmada a candidatura, o tripé será: gestão, planejamento e integração. É preciso melhorar a regulação, fortalecer a atenção primária, otimizar o uso da rede existente e apoiar com muita força os municípios, que são a porta de entrada do sistema de saúde pública.

Como enfrentar o crime organizado e o tráfico nas regiões de fronteira do Estado?

Sendo confirmada a candidatura, com inteligência, rigor, integração entre forças de segurança, cooperação federativa e investimento em tecnologia. Segurança pública não se faz apenas com discurso, mas com estratégia, coordenação, legalidade e profissionalismo. Polícia valorizada é garantia de segurança para a sociedade.

Caso não tenha maioria na Assembleia Legislativa, como pretende governar e aprovar projetos?

Se se confirmar a minha candidatura, asseguro que haverá permanente diálogo institucional, respeito às diferenças e construção de consensos em torno do interesse público. Governar não é impor, mas construir o que é possível visando o bem comum. O Legislativo será respeitado e valorizado.

Não demonizo a classe política, exceções e malfeitos estão em todas as áreas humanas.

Só se avança em gestão se conjugarmos as ações na primeira pessoa do plural, nunca no personalismo. Será um governo de parcerias institucionais sólidas, transparentes e republicanas focadas nos interesses da população.

Por que o eleitor sul-mato-grossense deve confiar no senhor para governar o Estado?

Essa pergunta deve ser feita ao eleitor. De minha parte, só posso dizer que não proporei nada que não possa ser cumprido.

Como o senhor pretende contornar o fato de o seu irmão senador Nelsinho Trad disputar a reeleição apoiando a direita?

Com serenidade e respeito. Somos pessoas públicas com trajetórias, posições e responsabilidades próprias. O eleitor sabe distinguir relações familiares de projetos políticos. Não nascemos irmãos para sermos aliados na política, mas no afeto e no amor. Isso é inquebrantável!

Quem está cotado para ser seu pré-candidato a vice-governador?

Será a ex-primeira-dama do Estado Dona Gilda, esposa do deputado estadual Zeca do PT. A Dona Gilda é muito querida, respeitada, eticamente conceituada e trabalhadora, com experiência bem-sucedida em programas sociais de redistribuição de renda.

Ela dialoga bem com povos originários, quilombolas e indígenas, focando nos mais vulneráveis e na grande quantidade de pessoas pobres no Estado.

Como o senhor avalia a gestão do presidente da República?

O governo federal teve um bom desempenho, apesar de ser atrapalhado e sabotado por um congresso inimigo do povo. A conquista da isenção do Imposto de Renda para 58% da classe trabalhadora [até R$ 5.000, com benefício adicional até R$ 7.500] equivale a um 14º salário para muitos.

Essa medida é crucial para aumentar a renda da classe média trabalhadora e dos mais vulneráveis, embora possa não fazer diferença para salários mais altos”.

O senhor se sente à vontade no PT defendendo seus projetos de Estado?

Fui recebido com carinho e respeito pelos militantes do PT e do campo da esquerda, em virtude de minhas posições críticas ao ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) desde 2019.

Com relação ao preconceito que as pessoas têm em relação ao PT, posso desmistificar essa ideia dizendo que é um partido muito aguerrido e combativo.

O PT é uma legenda programática, propositiva, muito preocupada com a questão social e a maior da América Latina.

O Brasil, sob o governo do presidente Lula, experimentou profundas transformações econômicas. O País saiu do mapa da fome, retirou 2 milhões de famílias do Bolsa Família, reduziu a taxa de desemprego e controlou a inflação, que hoje está compatível com a meta.

Houve uma diminuição significativa da desigualdade social, um problema histórico no Brasil. Os indicadores econômicos apontam para uma era de prosperidade, aumentando a renda e a dignidade das pessoas mais vulneráveis no nosso Estado.

*PERFIL

Fábio Ricardo Trad - Advogado, professor universitário e ex-deputado federalFábio Ricardo Trad - Advogado, professor universitário e ex-deputado federal - Foto: Marcelo Victor/Correio do Estado
 

Fábio Trad

É advogado e professor universitário, com atuação reconhecida nas áreas de Direito Penal e Constitucional. Foi deputado federal por três mandatos consecutivos, período em que se destacou nacionalmente pela qualidade técnica de sua atuação parlamentar, sendo reiteradamente apontado como um dos melhores legisladores do País.

No Congresso Nacional, teve participação relevante em comissões estratégicas e nos principais debates sobre democracia, direitos fundamentais, justiça social, saúde, educação e segurança pública, sempre com postura independente, republicana e fiel à Constituição.

Na advocacia, atua no foro e nos tribunais, inclusive em instâncias superiores. Na docência, dedica-se à formação jurídica com foco na técnica e na função social do Direito. É palestrante e articulista, participando ativamente do debate público sobre temas jurídicos e institucionais.

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INVESTIGAÇÃO

Beto assina o pedido para prorrogação da CPMI do INSS por mais quatro meses

A comissão termina seus trabalhos em 28 de março de 2026, mas poderá chegar até julho com a possibilidade de alongamento

20/12/2025 08h20

O deputado federal sul-mato-grossense Beto Pereira (PSDB) é membro titular da CPMI do INSS

O deputado federal sul-mato-grossense Beto Pereira (PSDB) é membro titular da CPMI do INSS Waldemir Barreto/Agência Senado

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Em razão da nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na quinta-feira e que resultou nas prisões de Romeu Antunes – filho de Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS – e de Éric Fidelis – filho do ex-diretor de Benefícios do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) André Fidelis –, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS deve ser prorrogada por mais 120 dias.

A informação é do deputado federal sul-mato-grossense Beto Pereira (PSDB), membro titular da CPMI do INSS, que assinou, na quinta-feira, o pedido de alongamento dos trabalhos, em função dos desdobramentos dos últimos dias.

“Assinei o pedido proposto pelo deputado federal Marcel van Hattem [Novo-RS] e acredito que a CPMI do INSS será prorrogada por mais 120 dias”, declarou.

O parlamentar explicou ao Correio do Estado que os novos fatos têm de ser fiscalizados pela Câmara dos Deputados e o Senado.

“Essa ação é necessária para que possamos desvendar e entregar à população o fim dos descontos aos aposentados e pensionistas de uma vez por todas”, pontuou.

Beto Pereira ainda apresentou o paradoxo de que o cidadão comum para aposentar enfrenta uma burocracia sem tamanho e para as empresas poderem aplicar descontos há uma facilidade sem precedentes. 

“Para aposentar é tão difícil, pois o trabalhador tem de apresentar tantos documentos, entretanto, para descontar é tão fácil, não precisa nem enfrentar nenhuma fila”, ironizou.

ASSINATURAS

A oposição ao governo do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já conseguiu obter o número mínimo de assinaturas para prorrogar os trabalhos da CPMI do INSS. Foram obtidas, até esta sexta-feira, as assinaturas de 175 deputados federais e 29 senadores.

Segundo o deputado Marcel van Hattem, não houve assinatura de petistas dessa vez. “Em menos de 24 horas conseguimos obter todas as assinaturas”, disse o parlamentar pelas redes sociais.

“Protocolamos esse requerimento ainda nesta sexta-feira, para que nós possamos submeter à leitura do presidente do Congresso Nacional para que os trabalhos não parem”, declarou.

A CPMI do INSS termina seus trabalhos em 28 de março de 2026, mas, com a possibilidade de prorrogação, ela poderia se estender até julho do próximo ano.

A operação da PF mirando o senador Weverton Rocha (PDT-MA) e as revelações ligando Fábio Lula da Silva, o Lulinha, filho do presidente Lula, ao esquema de roubo de aposentadorias deram um novo fôlego ao colegiado. Tanto que o relator da CPMI do INSS, deputado federal Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), pediu a convocação de Lulinha.

Durante a operação de quinta-feira, foram presos o secretário-executivo do Ministério da Previdência Social, Adroaldo da Cunha Portal, o ex-chefe de gabinete de Weverton Rocha Romeu Carvalho Antunes, o filho de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, e Éric Fidelis, filho do ex-diretor de Benefícios do INSS André Fidelis.

Como mostramos, a CPMI do INSS apontava o senador Weverton Rocha como um dos chamados “peixes grandes” no esquema.

O outro nome na mira da comissão é o do ex-ministro da Previdência Carlos Lupi (PDT). Sobre Weverton, a esperança da CPMI era de que a PF pudesse desdobrar eventuais relações dele com o empresário Gustavo Marques Gaspar, ex-assessor do senador.

Ele é apontado não somente como homem de confiança de Rocha, mas como quem teria assinado um documento que dava amplos poderes ao consultor Rubens Oliveira Costa, apontado pela PF como o “carregador de mala” do Careca do INSS.

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