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MEMÓRIA

Após duas décadas de seu falecimento, Poeta Lino Vilachá será homenageado

Escritor tem poesias musicadas para show especial

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A musicista Lenilde Ramos aprendeu desde cedo a reconhecer o talento de Lino Villachá, escritor, poeta e cronista que dedicou sua vida a compreender a história e melhorar a qualidade de vida de quem morava no Hospital São Julião, em razão da hanseníase. 

“Faz mais de 20 anos que Lino faleceu. Ele foi um grande escritor, cronista e poeta, e as pessoas que o conheceram e conviveram com a sua obra decidiram homenageá-lo”, explica Lenilde.

A celebração da obra de Lino será no sábado, dia 17 de agosto, às 16h, no Hospital São Julião, com entrada gratuita. “Eu convivi com o Lino 25 anos consecutivos e musiquei apenas um dos poemas, porém, também vou apresentar músicas que o Lino gostava de ouvir”, ressalta Lenilde. 

O Grupo Acaba foi o responsável por musicar o restante dos poemas que integram o show especial. 

“Decidimos fazer essa homenagem para que a memória de Lino não se perca. Em conversa com o Grupo Acaba, eles disseram que tem uma história com os poemas do Lino, o que casou com a ocasião”, explica Bruno Maddalena, encarregado da manutenção e do meio ambiente do Hospital São Julião.

A ideia é que ocorra outras homenagens para o poeta. “Vamos ver junto à Academia Sul-Mato-Grossense de Letras como podemos manter a memória de Lino para que as próximas gerações conheçam o seu trabalho de grande elevação espiritual”, acredita Bruno. 

HANSENÍASE

Amiga e colega de trabalho, Lenilde relembra que Lino era generoso e adorava ouvir Milton Nascimento. “A música favorita dele era ‘Caçador de Mim’; até pediu que ela fosse tocada no velório dele”, explica.

Filho de um espanhol da Galícia, da pequena Villa Chá – que inspira o sobrenome – e de uma jovem russa, Lino chegou ao Brasil por causa dos pais, que eram imigrantes colonos em Terenos. 

Aos 12 anos, descobriu ao lado da família a hanseníase, enfermidade que, na época, não tinha cura. Tanto Lino quanto os pais e três dos cinco irmãos tiveram que ir para a antiga Colônia São Julião, que recebia as pessoas diagnosticadas com a doença. 

A convivência de Lino – ainda criança – no espaço fez com que ele conhecesse pessoas interessantes e isoladas da sociedade, como o “Seu Botto”, o professor, Maria, o velho Estanislão e Feliciana, que fizeram de Lino um cronista de seu tempo.

Em 1970, a antiga colônia passou às mãos de um grupo que fundou a Associação de Auxílio e Recuperação dos Hansenianos, transformando o local em um dos mais renomados hospitais para o tratamento de hanseníase no País. 

Lino embarcou junto nesse processo de evolução desde a primeira hora. Fundou a liga esportiva, organizou campeonatos de futebol e comemorações. 

O tratamento precário nas décadas de 1950 e 1960 não dispunha de remédios suficientes, sendo o confinamento obrigatório ainda por lei. 

Por causa da dificuldade, o poeta precisou amputar uma perna; depois a outra. As mãos se atrofiaram, os movimentos ficaram cada vez mais limitados, os rins já não conseguiam filtrar quarenta anos de remédios e cirurgias.

EDUCAÇÃO

Lino também foi diretor da Escola que funcionava no São Julião. Amarrava um lápis nas mãos em garra e datilografava poemas, entrevistas, crônicas, saudações aos amigos e autoridades. 

Logo depois, passou para o computador. Trabalhava na secretaria do hospital com dados, estatísticas, relatórios. Editou seis livros, publicados no Brasil e na Itália. 

Casou-se com Zena Maria em 1987 e dela teve amor e dedicação até o seu último momento. 

Lino Villachá também é o nome da escola do Bairro Nova Lima e também da rua de acesso ao hospital. Foi enterrado no hospital em 11 de julho de 1995, às 11h, ao lado de muitas árvores, como ele pediu em um dos textos. 

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Bienal do Livro B+: Mulheres são homenageadas na Bienal do Livro

"Nós valorizamos a essência da mulher para que elas não deixem de publicar, para que possam acreditar umas nas outras, sem se autossabotar diante de tantos obstáculos e julgamentos do dia a dia".

07/09/2024 14h30

Bienal do Livro B+: Mulheres são homenageadas na Bienal do Livro

Bienal do Livro B+: Mulheres são homenageadas na Bienal do Livro Foto: Divulgação

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São mais de vinte e três anos de experiência na área comportamental, em vendas, e marketing no mercado editorial. Andreia Roma é pesquisadora nata, com mais de 300 obras desenvolvidas e publicadas pela Editora Leader. A menina que nasceu em comunidade e é filha de pais analfabetos fez a magia de contar histórias seu propósito de vida.

“Não tínhamos dinheiro para comprar livros ou os brinquedos dos sonhos, então eu recortava as cartilhas da escola e fazia montagens usando a velha cola de água e farinha. Ali, minha imaginação mandava, e eu mesma confeccionava meus livros que chamava de brinquedos e então começou minha paixão pela leitura”, relembra a executiva.

Para provar que seu legado é transformar pessoas através de publicações, Andreia comemora o sucesso de seu negócio na 27ª edição da Bienal Internacional de São Paulo, levando uma experiência imersiva inédita ao evento e muitas outras atrações. “Elaboramos um livro interativo de mais de 12 metros que só pode ser acessado através de senhas, pois a ação é individual e toda a vivência acontece em 3 a 4 minutos.
Queremos proporcionar às pessoas uma vivência lúdica resgatando a magia da leitura através de uma experiência exclusiva, sem uso de celular, que vai fazer com que as pessoas reflitam sobre os verdadeiros valores da vida e a importância de nos conectarmos às nossas raízes”, explica.

Embora a Editora Leader trabalhe com publicações para homens e mulheres, este ano a homenagem será dedicada a elas, com a reunião de mais de 1000 mulheres coautoras em uma única data: 8 de setembro. “Nós valorizamos a essência da mulher para que elas não deixem de publicar, para que possam acreditar umas nas outras, sem se autossabotar diante de tantos obstáculos e julgamentos do dia a dia. Aqui, mais do que nunca, ninguém larga a mão de ninguém, e já provamos isso em diversas obras que produzimos com mulheres como estrelas de áreas distintas e tão permeadas por homens”, comenta a executiva, precursora do Selo Editorial Série Mulheres, registrado em mais de 182 países há dez anos.

Especialista em Projetos Educacionais e Organizacionais, estudante e curiosa há 19 anos da psicanálise, Andreia Roma ainda é autora de obras de destaque, como "Sou Coach e Agora" e "Como Transformar suas Ideias em um Livro", best-sellers no mercado editorial, além de ser idealizadora de várias coleções de livros no Mundo Corporativo, valorizando profissionais exemplares e inspiradores.

“É preciso sempre valorizar a interação com o livro, para que qualquer homem, criança, mulher, adolescente, ser humano novo ou maduro, possa vivenciar e resgatar a magia de ler e contar sua história. Se eu conseguir fazer com que as pessoas possam refletir com isso, estou satisfeita. Esse é meu propósito de vida e meu objetivo nesta Bienal”.

Dentre os lançamentos da empresa estão títulos com temas atuais e pertinentes como o “Mãe de Autista – Meu filho é autista, e agora?”, de Cintia Castro, psicanalista, terapeuta e especialista em linguagem corporal; “Eneagrama Burnout: um caminho para uma vida mais leve no trabalho” de Marco Meda (especialista em Eneagrama) e Marcela Rezende (Executiva que superou o Burnout); “Inteligência emocional na prática para crianças e adultos”: de Michelle Sampaio e Sabrina Mello ensinam como pais podem trabalhar a inteligência emocional na criança aplicada ao dia a dia; “Medicina: está tudo errado: descubra antes de adoecer” do médico cardiologista Dr. Manoel Fernandes e “Ela Salvou minha Vida”: história de superação após tentativa de suicídio de Eduardo Sacchiero, ex-maquiador de Hebe Camargo contando bastidores da televisão e porque a apresentadora salvou sua vida em segredo; dentre muitos outros títulos que vão desde publicações convencionais até planner e cards (livros em formato de jogos).

 

 

 

 

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Cinema B+: Jackpot! Uma Sátira Irreverente ao Capitalismo e à Indiferença Social

Awkwafina e John Cena estrelam a comédia que brinca com metáforas para (tentar) nos fazer rir de nós mesmos

07/09/2024 12h00

Cinema B+: Jackpot!  Uma Sátira Irreverente ao Capitalismo e à Indiferença Social

Cinema B+: Jackpot! Uma Sátira Irreverente ao Capitalismo e à Indiferença Social Foto: Divulgação

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Há uma piada meio próxima da realidade de que em Hollywood todo mundo tem um roteiro que quer emplacar (ou é ator). Durante as filmagens, astros são abordados por técnicos ou os mais insuspeitos colegas pedindo para ler algo e por ajuda.

De alguma forma, por proximidade e gratidão, vários dub;ês têm parecido conseguir emplacar seus projetos com isso. Não é necessariamente o caso de Jackpot!- A Loteria Mortal, o filme mais visto da Amazon Prime Video de agosto de 2024.

A proposta de tudo no filme gira em torno da simplicidade e um único compromisso: rir do absurdo. Não alcança o objetivo justamente por ser “simples demais”, o que complica mais a trama. Primeiro, esclarecem a distopia como comédia.

Distopia é justamente um “estado imaginário em que se vive em condições de extrema opressão, desespero ou privação” e no filme de Paul Feig isso será realidade em 6 anos. Vemos um Estados Unidos de condições extremas: pessoas passando fome e necessidade e 5 novos bilionários em Wall Street. A única conexão entre pessoas, seja socialmente ou emocionalmente, é a transação financeira e Feig nos convida a rir dessa realidade (como se fosse ficção).

Neste cenário, a Grande Loteria foi estabelecida na Califórnia assim: o vencedor tem que sobreviver até o pôr-do-sol para coletar o prêmio e durante essa curta janela, vale (quase) tudo para matar o vencedor e ficar com o dinheiro, só não pode usar arma de fogo. Ou seja, o pior das pessoas vem à tona e ninguém é confiável.

No meio disso tudo, uma desavisada Katie (Awkwafina), uma ex-estrela infantil que estava vivendo no Michigan e não acompanhou as novidades em Los Angeles, desembarca na cidade para tentar recuperar sua carreira, levando uma série de golpes e humilhações de um mar de pessoas horríveis.

Obvio que ela acidentalmente tem o bilhete vencedor da semana e justamente quando é o prêmio mais alto da história: mais de três bilhões de dólares.

Ela que não queria jogar ou ser rica se vê num jogo de gato e rato onde acaba unindo forças com o protetor amador Noel (John Cena), que negocia receber 10% do total para ajudá-la a viver e reivindicar o prêmio multibilionário. O problema para Katie é: ela pode confiar em Noel ou alguém além dela mesma?

A premissa de Jackpot! teria profundidade quando todas as piadas que seriam absurdas: a indiferença social, o capitalismo selvagem, a vigilância eletrônica saída do universo de Big Brother, a celebridade das redes sociais, a ganância, etc se fosse um mínimo original.

Na realidade é praticamente uma refilmagem de Par Perfeito (Killers), o filme de 2010 com Katherine Heigl e Ashton Kutcher onde ele, um espião procurado, têm que escapar de caçadores de recompensa numa sequência sem fim de ataques e correria. A partir do momento no qual Katie é revelada como a vencedora, ela vira a caça e não há respiro até que termine o dia.

Awkwafina e John Cena são divertidos em tudo que fazem, mesmo sendo a mesma nota também em tudo que aparecem, portanto ou você gosta dos dois ou sai correndo. Isso porque a trama é unicamente uma sequência de cenas de luta atrás da outra, precisando nos lembrar toda hora que é apenas a regra do jogo.

Cinema B+: Jackpot!  Uma Sátira Irreverente ao Capitalismo e à Indiferença Social Jackpot! – Uma Sátira Irreverente ao Capitalismo e à Indiferença Social - Divulgação

Sim, tentam dar um mínimo de profundidade aos dois principais ao ter como motivação o fato dela estar lidando com o trauma de ter sido enganada pelo próprio pai e dele por ter sido a razão de seu pelotão ter sido morto em combate, mas soa uma brincadeira sem graça. Não porque os temas seriam sérios, mas porque realmente não colou como piada.

E aqui está a ironia e inteligência de Feig: como avisa nos créditos de abertura, sua intenção é apenas divertir, mesmo que esteja jogando na nossa cara uma das verdades mais cruas e precisas da nossa realidade. E acerta, aparentemente. Eu diria que o filme é simplesmente ruim, não há química entre a dupla principal, as piadas são repetidas e/ou cópias, as lutas não são exatamente bem coreografadas e não há nenhuma surpresa.

Sabemos o que cada um fará e faz, até os supostos erros de gravação nos créditos finais, que parecem tão calculados como o que foi usado no filme. Aliás, para ser justa, a melhor piada de todo filme está nos créditos, quando vemos como Katie e Noel passam a viver como bilionários. Sim, até eles são corrompidos no final das contas. A distopia não poupa nem as melhores almas. Poderia poupar suas horas, mas, se tiver com sobra: seja bem vindo ao mundo do nada.

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